quinta-feira, junho 18, 2009

Algumas considerações sócio-políticas sobre a entrevista de José Sócrates à SIC

Estou a brincar, por amor de Deus. Mas não devo ter sido o único a reparar na nova voz estreada hoje em primeira mão na presença da Ana Lourenço. Como é sabido, o primeiro-ministro era, até hoje, talvez o único líder mundial que falava em jazz. Cada palavrinha era cuidadosamente sincopada, com a acentuação a ser sempre deslocada para a sílaba mais inesperada - os "tambéns" e os "portantos" de Sócrates pareciam os "powers" e os "peoples" de Stevie Wonder em «Higher Ground»:



Pelo pouco que ouvi, a noite de hoje marcou o momento em que passámos a ter um primeiro-ministro em compasso normal, o que provavelmente explica as dificuldades sentidas por Ana Lourenço em disfarçar aquele ar de quem se enganou a contar os sedativos. Tudo isto me deixou um bocadinho triste, mas rogo-vos que não se preocupem comigo que isto já passa. O importante é Portugal.

6 comentários:

  1. Anónimo10:12

    Gostava eu de ser o Humbert Humbert da Ana Lourenço, álacre, inundando-a de sedativos. Se gostaria.

    Assim mesmo como se lamentou o Mexia da própria, o Sócrates tem uma voz de Pato Donald, disparando sílabas em falsete, qual Robert Smith, mais frequentemente quando se exalta.

    Reconheço-lhe o esforço na dicção, mas daí até ao jazz vai uma suave amaragem do AF 447. Acho.

    Luck

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  2. sociopolíticas, s.f.f..

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  3. R. Casanova03:31

    Muito boa noite a todos. De acordo com a minha nova política de responder a todos os comentários etc etc

    Luck: Devo salientar que eu não sei o que é jazz e muito menos o que é um ritmo sincopado, apesar dos melhores esforços pedagógicos de um amigo meu (com papel e lápis), mas pareceu-me que a essência dos "tambéns" (por exemplo) de José Sócrates não está na alteração de timbre, mas sim na deslocação da acentuação para a sílaba errada. Não sei sequer se, para alguém que saiba o que é jazz, isto quer dizer a mesma coisa. Conto com a vossa colaboração em deixar morrer aqui o assunto. Está tanto calor.

    Plúvio: não acha que está calor? Mas olhe que vou deixar o sócio-políticas. Na grafia de certos compostos, comecei a seguir os preceitos de Rebelo Gonçalves e nem o Plúvio nem a minha mãe me farão mudar de ideias.

    «Em suma, o uso impôs o elemento de composição socio-, e daí escrever-se socioeconómico, sociopolítico. Seria certamente mais coerente escrever sócio-, com hífen e acento agudo, justamente para mostrar que a forma era originalmente um elemento de natureza adjectiva, uma redução de social. Mas quando sócio- surge associado a outros elementos de natureza adjectival, é legítimo regressar aos preceitos de Rebelo Gonçalves e escrever como D´Silvas Filho sugere: sócio-político-económico.»

    (http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=23255)

    Voltem sempre.

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  4. Anónimo10:22

    De acordo, aqui jaz o assunto.

    (Para o nosso Golden Retriever: Salomão, aqui, jaz!)

    Luck

    (Bebop faz-me bom calor, o resto do jazz é muito mecanicamente erudito, em fast forward é um aborrecimento; lembro-me do Leopoldo - o rei lá da coisa, espero que o nome seja mesmo este - no filme do Milos Forman, replicando ao Mozart que a música tinha... demasiadas notas, que ele deveria tirar algumas. O preguiçoso foi buscar as citações, nos próximos parêntesis.)

    (Emperor Joseph II: Your work is ingenious. It's quality work. And there are simply too many notes, that's all. Just cut a few and it will be perfect.
    Mozart: Which few did you have in mind, Majesty?)

    (Umas ideias a despropósito das outras, hope you guys forgive me.)

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  5. Gostei da comparação.

    Já agora convido a visitar o meu blog que também fala de Stevie Wonder no último post e não fala de Sócrates.

    Abraço!

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