terça-feira, agosto 01, 2006
Pensamentos proibidos
David Cameron, o líder do Partido Conservador britânico, será muito provavelmente Primeiro-Ministro lá para 2009, mas o percurso não será livre de tropeções. Apesar de ter conseguido impôr, com aparente facilidade e à boleia de uma imprensa fartinha de Tony Blair, uma dinâmica progressista e renovadora a um partido que, por definição, é avesso a solavancos ideológicos, Cameron dá por vezes a ideia de se estar a esforçar demasiado - um pouco como aqueles apresentadores do Clube Disney que incluíam as palavras "fixe" e "malta" em cada frase.
Um exemplo recente foi a sua presença no programa de Jonathan Ross, o chat-show das sextas-feiras na BBC1. Não sei quem o terá convencido de que isto seria boa ideia, mas bastaram-lhe poucos minutos para perceber porque é que nenhum líder partidário antes deles (e suspeito que depois) tinha aceite aquele convite. Jonathan Ross, para quem não conhece, combina o melhor do Letterman com o pior do Herman José, e não me surpreendeu nadinha que o seu gâmbito de abertura tenha sido perguntar a Cameron se, nos seus dias de adolescente borbulhoso, alguma vez tinha esganado o perú a pensar na Lady Thatcher. Não faço ideia como é que se responde a uma pergunta destas, mas o caloiro deu um bom exemplo de como não responder: bloqueou, gaguejou e acabou por sussurrar um "não" pouco convincente. Na semana seguinte o desgraçado bem tentou mudar de assunto, calcorreando o país para falar de maior ajuda que o seu Governo vai dar às mães solteiras (mais uma ideia que caíu que nem ginjas no Partido). Obviamente ninguém quis saber.
Há aqui uma lição para os jovens. Caros amigos de instinto renovador das Juventudes Popular e Comunista: não aceitem convites para ir ao Herman sem estarem preparados para responder a perguntas semelhantes sobre a Maria José Nogueira Pinto e a Odete Santos.
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