Numa das suas cartas (às quais infligi abomináveis erros de tradução nas aulas de Latim), Cícero menciona uma curiosa superstição popular romana: ler pedras tumulares causa perda de memória.
Eu, que perdi muitas horas em Bunhill Fields e Highgate, no Montparnasse e no Père Lachaise, no Szcecin e no Nieuw Kerk, na Kapuzinergruft dos Habsburgos e no cemitério judeu de Praga, sou a prova viva de que o povo tem sempre razão, mesmo quando não sabe o que diz.
Parece-me também da mais elementar justiça poética que a passagem em questão seja a única lembrança de Cícero a sobreviver ao final da minha carreira académica. As outras descansam em paz, na companhia de inúmeras datas de aniversário, nomes de antigos professores, passagens não-sublinhadas de certos livrinhos da colecção Argonauta, e até - confesso-o - do propósito original deste post, já irrevogavelmente perdido.
Sem comentários:
Enviar um comentário