domingo, outubro 28, 2007

De modo a abalar as raízes

O Filipe Guerra teve a amabilidade de me passar, de sua livre e espontânea vontade, um desses sempre úteis memes blogosféricos. Isto é bom: escolher o livro mais próximo, abri-lo na página 161, e transcrever a quinta frase completa. O jogo toca-me particularmente pois, como se lembrarão os leitores mais atentos, foi assim que escolhi o nome do blogue: abrindo aleatoriamente o livro que tinha em cima da secretária e lendo a primeira palavra que me apareceu (o livro, felizmente, era um dicionário da Porto Editora e não Os 120 Dias de Sodoma).
Dada a conjuntura kármica da Margem Sul, era quase inevitável que o livro mais próximo neste preciso momento não chegasse às cento e sessenta e uma páginas. Caso chegasse, a página em questão teria certamente apenas quatro frases. A paginação de Truques do Jardineiro, das edições Girassol (não percebo nada de jardinagem e horticultura) termina ao número 93.
Por sorte, o livro imediatamente abaixo na pilha (sim, há uma pilha, eu não percebo mesmo nada de jardinagem e horticultura), o seminal Culturas Hortículas 1, de Alberto e Nydia Gardé, permite-me cumprir as instruções específicas da corrente. A quinta frase da página 161 é a seguinte: «Outra prática aconselhada para os repolhos e couves de Milão consiste no corte parcial do sistema radicular com a enxada ou na incisão anelar do caule, com um canivete, ou de forma mais atenuada, em tombar forçadamente as plantas de modo a abalar as raízes».
Creio não ser o único a achar esta "prática aconselhada" de uma brutalidade algo excessiva. Eu sou um rapazinho metropolitano: quando senti que os meus repolhos de Milão precisavam de ter as suas raízes questionadas, o meu primeiro impulso foi convidá-los para um café e um brandy no aeroporto da Portela (enfim, comigo funciona).
Fica, de qualquer forma, a informação, para os muitos leitores que decerto se defrontam com problemas semelhantes. Passo a corrente ao Julinho, ao major, ao Daniel do b-site (sempre foste às corridas em Kempton?), e a qualquer pessoa que ande a ler o Horticultura Prática, de A. Fersini.

1 comentário:

Lourenço Bray disse...

Rogério, não faz astronomia amadora, não? Tinha aqui um telescópio dobsoniano, um skyquest XT10" e respectivo equipamento que talvez tivesse melhor uso numa zona com repolhos e couves de Milão, e não aqui na margem norte, a civilização cheia de luzes que poluem o céu...