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O simplesmente genial Rui Miguel Tovar, no Record de hoje (juro, está na página 42). Ignoremos os autogolos gramaticais e concentremo-nos no essencial: aquele prodigioso golpe de casting revisionista.
I am for all the good things, against all the bad ones. - Saul Bellow
Sonic Youth - «I'm Not There»
(p.s. 1: O Lifelogger é realmente muito prático e amistoso. Agradecimentos a todos os que o recomendaram, em especial ao Irmão Lúcia, a quem só faltou explicar-me todo o processo com bonifrates e lápis de cera.)
(p.s. 2: E vocês aí, não me metam em sarilhos, por favor. Já deixei queimar um arroz de pato por me ter distraído a pensar nessa brincadeira. A minha primeira reacção foi a óbvia: numa quinella irlandesa seria indiferente a ordem dos dois cavalos na aposta, que é uma each-way efectiva sem o mesmo investimento. Mas a maneira como a pergunta é formulada torna esta resposta um bocadinho ridícula. O que se pretende é um benefício objectivo de apostar num cavalo que se sabe não ter hipóteses - independentemente de a aposta ser win-win, de lugar ou each-way. E no sistema parimutuel, isto só faz sentido se envolver um esquema daqueles praticados por mafiosos das Midlands, cujo nome é quase sempre Robbie ou Dave, e cujas unhas são quase sempre da mesma cor dos sapatos. Por exemplo, apostando maquias avulsas a intervalos irregulares nas cabines da pista para inflacionar artificialmente o preço de um cavalo manco e vesgo - aproveitando depois as ofertas daltónicas das grandes agências off-track, que monitorizam o galope das cotações de pista de uma forma surpreendentemente superficial, e cuja preocupação com oscilações súbitas é subordinada à preocupação de poder continuar a prometer aos seus clientes percentagens idênticas sem o peso da breakage. Quer-me parecer que este hipotético esquema teria maiores probabilidades de sucesso antes do advento das betting exchanges online, mas neste ponto, como em tantos outros, é perfeitamente plausível que esteja a dizer um grande disparate, até porque a questão original pode partir de uma idiossincrasia do sistema de apostas americano que desconheça por completo. Parece-me igualmente pertinente salientar que eu agora me dedico mais à fruta.)
(A melhor inoculação que conheço contra este vício específico - choques em cadeia entre globos oculares vagabundos - é um conto chamado "'Tis the Season to be Jelly", de Richard Matheson. Está incluído no livro Shock III, que podem adquirir em segunda mão na Amazon, ou em alternativa, pedi-lo emprestado à minha pessoa, com os vossos olhos aparafusados ao solo em súplica dextrivolúvel.)
Nothing odd will do long - Dr. Johnson