«But abide Zeit's sumonserving, rise afterfall. Blueblitzbolted from there, knowing the hingeworms of the hallmirks of habitationlesness, buried burrowing in Gehinnon, to proliferate through all his Unterwealth, seam by seam, sheol om sheol, and revisit our Uppercrust Sideria of Utilitarios, the divine one, the hoarder hidden propaguting the plutorpopular progeniem of pots and pans and pokers and puns from biddenland to boughtenland, the spearway fore the spoorway.»
(Finnegans Wake)
* * *
Repórter: James Joyce, boa noite. Antes de mais, parabéns. Foi um parágrafo importante?
Joyce: Sem dúvida. Todos os parágrafos são importantes, mas era crucial para nós completarmos este parágrafo. Sabíamos de antemão que iríamos encontrar um ambiente complicado, mas trabalhámos a semana inteira neste parágrafo, e acho que vimos hoje aqui os frutos desse trabalho.
R.: Está satisfeito com a atitude das suas palavras?
J.: Não tenho rigorosamente nada a apontar às minhas palavras. Hoje, como sempre, estiveram irrepreensíveis em termos de atitude, deram o seu melhor em prol do parágrafo, e agora há que continuar a trabalhar da mesma maneira até ao final do livro.
R.: Chegou a passar por algumas dificuldades. . .
J.: Hoje em dia, no Modernismo, já não há parágrafos fáceis. Temos de encarar todos com a mesma humildade. Mas julgo que, com muito trabalho, é possível criar as condições necessárias para sermos felizes.
* * *
Repórter: James Joyce, boa noite. Antes de mais, parabéns. Foi um parágrafo importante?
Joyce: Sem dúvida. Todos os parágrafos são importantes, mas era crucial para nós completarmos este parágrafo. Sabíamos de antemão que iríamos encontrar um ambiente complicado, mas trabalhámos a semana inteira neste parágrafo, e acho que vimos hoje aqui os frutos desse trabalho.
R.: Está satisfeito com a atitude das suas palavras?
J.: Não tenho rigorosamente nada a apontar às minhas palavras. Hoje, como sempre, estiveram irrepreensíveis em termos de atitude, deram o seu melhor em prol do parágrafo, e agora há que continuar a trabalhar da mesma maneira até ao final do livro.
R.: Chegou a passar por algumas dificuldades. . .
J.: Hoje em dia, no Modernismo, já não há parágrafos fáceis. Temos de encarar todos com a mesma humildade. Mas julgo que, com muito trabalho, é possível criar as condições necessárias para sermos felizes.
E não queria deixar passar a oportunidade para dar mérito aos adversários. A gramática e a semântica estão em grande forma e causaram-nos alguns problemas, mas no final acabou por ganhar o mais forte.
R.: Surpreendeu muita gente ao não colocar a palavra “plutorpopular” logo de início, mas acabaria por trazê-la já na segunda metade do parágrafo. Porquê essa decisão?
J.: Ouça, eu trabalho com estas palavras há muito tempo, conheço-as melhor que ninguém. e as pessoas têm de entender que as minhas decisões, em termos de meter palavras no início, no meio ou no fim, são sempre tomadas em função das necessidades do parágrafo. A palavra “plutorpopular” correspondeu, trabalhou bem, mas comigo não há palavras indiscutíveis.
R.: Que comentários lhe merecem aqueles incidentes no final do parágrafo?
J.: Não sei a que “incidentes” se refere.
R.: Aquele “the spearway fore the spoorway” deixou algumas dúvidas a muita gente. . .
J.: Eu não quero entrar em polémicas, acho que vocês é que têm de comentar esse tipo de questões. O que eu acho é que a gramática terá talvez acusado algum nervosismo, o que é perfeitamente natural, e terá reagido a quente.
R.: Está a responsabilizar a gramática pelo incidente?
J.: Não vamos por aí, eu não estou a responsabilizar ninguém. A gramática é uma grande profissional, tem uma longa carreira, mas se calhar não está habituada a ser dominada desta maneira ao longo de um parágrafo inteiro. Como disse, acho natural que se tenha esse tipo de reacções a quente.
R.: Não sente que tem sido beneficiado pela crítica literária, especialmente a de pendor mais académico?
J.: Acho que só alguém com grande má-fé poderá fazer insinuações desse calibre. Já tive parágrafos muito prejudicados pela crítica literária, e qualquer análise isenta e imparcial vai mostrar que, se há alguém com razões de queixa da crítica literária, esse alguém sou eu.
R.: Vem aí já o próximo parágrafo. . .
J.: É um facto, mas vamos pensar parágrafo a parágrafo. É um livro longo, hoje ultrapassámos aqui um parágrafo difícil, agora há que descansar e, a partir de amanhã, começar então a trabalhar no próximo parágrafo, que também será muito dificil.
R.: James Joyce, obrigado, e boa noite.
J.: Obrigado eu. Boa noite.
R.: Surpreendeu muita gente ao não colocar a palavra “plutorpopular” logo de início, mas acabaria por trazê-la já na segunda metade do parágrafo. Porquê essa decisão?
J.: Ouça, eu trabalho com estas palavras há muito tempo, conheço-as melhor que ninguém. e as pessoas têm de entender que as minhas decisões, em termos de meter palavras no início, no meio ou no fim, são sempre tomadas em função das necessidades do parágrafo. A palavra “plutorpopular” correspondeu, trabalhou bem, mas comigo não há palavras indiscutíveis.
R.: Que comentários lhe merecem aqueles incidentes no final do parágrafo?
J.: Não sei a que “incidentes” se refere.
R.: Aquele “the spearway fore the spoorway” deixou algumas dúvidas a muita gente. . .
J.: Eu não quero entrar em polémicas, acho que vocês é que têm de comentar esse tipo de questões. O que eu acho é que a gramática terá talvez acusado algum nervosismo, o que é perfeitamente natural, e terá reagido a quente.
R.: Está a responsabilizar a gramática pelo incidente?
J.: Não vamos por aí, eu não estou a responsabilizar ninguém. A gramática é uma grande profissional, tem uma longa carreira, mas se calhar não está habituada a ser dominada desta maneira ao longo de um parágrafo inteiro. Como disse, acho natural que se tenha esse tipo de reacções a quente.
R.: Não sente que tem sido beneficiado pela crítica literária, especialmente a de pendor mais académico?
J.: Acho que só alguém com grande má-fé poderá fazer insinuações desse calibre. Já tive parágrafos muito prejudicados pela crítica literária, e qualquer análise isenta e imparcial vai mostrar que, se há alguém com razões de queixa da crítica literária, esse alguém sou eu.
R.: Vem aí já o próximo parágrafo. . .
J.: É um facto, mas vamos pensar parágrafo a parágrafo. É um livro longo, hoje ultrapassámos aqui um parágrafo difícil, agora há que descansar e, a partir de amanhã, começar então a trabalhar no próximo parágrafo, que também será muito dificil.
R.: James Joyce, obrigado, e boa noite.
J.: Obrigado eu. Boa noite.
9 comentários:
Lindo. Mesmo.
Excelente.
Um abraço,
Tiago.
Isto é outro campeonato, sim senhor.
Eu mostrei lenços brancos a esse livro já por duas vezes. Demasiado táctico.
Faltam-me os adjectivos. Talvez «esplendoroso».
Bandeira
Tiveram sorte neste parágrafo porque a gramática estava desgastada pelo parágrafo difícil com o Nabokov a meio da semana...
a qualidade do gesto técnico é invejável
não conhecia, é muito bom.
Ponham esse parágrafo a jogar contra o monólogo final do "Ulisses" e vão ver...
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