terça-feira, abril 15, 2008

São Pedro Ramos

Ávido coleccionador que sou de motivos sólidos (por oposição a motivos puramente instintivos) para detestar o eminentemente espancável Rufus Wainwright, não posso deixar de chamar a vossa atenção para este admirável chibanço, pelo qual, de resto, me sinto parcialmente responsável (fui, não fui?)
A atitude do Pedro Ramos, contudo, não me merece os mesmos aplausos. Qualquer troca verbal semelhante àquela que não termine com um silêncio de trinta segundos seguido de um «you.... lying.... fraudulent.... little..... shit» não pode ser encarada como outra coisa que não uma oportunidade perdida.
Entretanto, enfim/o Rufus acena, e diz que sim:

10 comentários:

Lourenço Bray disse...

O pet sounds é o meu disco preferido de todos os tempos e o rufus devia ser espancado sim. Ontem comprei, finalmente, o Sgt Peppers dos Beatles. É genial mas numa perspectiva conceptual acho eu, há que dizê-lo com frontalidade. O pet sounds é genial numa perspectiva puramente técnica e melódica, e será ouvido como hoje ouvimos Bach e Mozart e Yani na Acrópole e Vangelis.

Anónimo disse...

eu fui a primeira pessoa a falar mal do rufus wainwright, não percebo porque é que ninguém me dá valor por isso.

maradona

Sérgio Lavos disse...

eu preferia ver o Antony espancado, mas enfim, são gostos. e o Pet Sounds, apesar de ser genialmente pop, não é tão genial quanto o Sgt. Peppers, o White Album ou o Revolver, mas estas coisas nem deviam ser discutidas. mas uma petição para banir o Antony e o Rufus a cantar músicas da moça do feiticeiro de Os das rádios, isso é que era. e sim, o maradona, para variar, acertou primeiro. o seu a seu dono

Sérgio Lavos disse...

Ozzzz... claro, é Oz.

Anónimo disse...

Só consegui dormir hora e meia, mas quer-me parecer que o Lourenço tem toda a razão no que diz sobre o Pet Sounds vs. Sgt. Pepper's, que o Sérgio não tem razão nenhuma no que diz sobre Pet Sounds vs. outras coisas, e que estamos perigosamente perto do território "eu falo mal do Rufus Wainwright praticamente desde que nasci".

Anónimo disse...

Queria só vir aqui dizer uma coisa. Duas. Primeiro sim, és em parte responsável. Aliás quase dizia que praticamente escreveste aquele post sozinho. Mas se eu vejo alguém, como isto parece caminhar perigosamente para, dizer que os Beatles são sobrevalorizados temos aqui uma grande chatice, que todos gostaríamos de evitar. Ninguém vê que insultamos o pet sounds quando se começa conversas com 'para começar ainda é melhor que o outro'? Tem que se explicar tudo! Caramba, uma pessoa está a deixar de fumar e vocês vêm com isto.

Anónimo disse...

Eles é que começaram, Sérgio.
Os Beatles depois do Rubber Soul e do Revolver são como o Don DeLillo depois do White Noise e do Libra. Eu um dia explico-te isto com calma e vais ver como tenho toda a razão. Não há nada no cosmos que não possa ser explicado com recurso a um insulto ao Don DeLillo.

Sérgio Lavos disse...

em relação à perspectiva técnica e melódica, vamos lá ver as coisas como elas são: o que é melhor: o Justin Timberlake produzido pelo Timbaland ou o Tom Waits em noite de cacofonia? queremos uns meninos a cantar músicas para engatar miúdas na praia, por acaso comandados por um tipo que queria ser internado num manicómio (teve sucesso) ou uns gajos a descobrir os efeitos da droga e a quererem fazer cada música diferente da anterior? estas são as verdadeiras questões a ser respondidas. em nenhum universo o Pet Sounds é melhor do que 3 ou 4 álbuns dos Beatles, apesar de concordar com a comparação com o Don DeLillo pós-Libra. lembrem-se que o Brian Wilson sentiu-se fodido com o Rubber Soul e decidiu fazer o Pet Sounds. a inveja e o ressentimento costumam ser bons conselheiros, mas não exageremos.

cj disse...

a discussão (?) nem devia existir quando se fala no revolver ou no white album.
enfim, mas eu já os comprei há mais de um mês.
quanto à entrevista do Pedro Ramos, o gajo devia tê-lo deixado suar, numa atitude parecida à que aparece mais acima, na questão da táctica para o Jamor.

Anónimo disse...

O Pet Sounds é uma obra-prima da música popular que ainda não foi ultrapassada. Quem não percebe isto não percebe nada e deve, na minha opinião, desistir de tudo. Como dizia já não me lembro quem, falar sobre música é como dançar sobre arquitectura e nunca isto foi tão verdade como no caso do Pet Sounds. É impossível explicar razoavelmente, ie, sem recorrer a intervenções de anjos e quejandos, o que se passou na cabeça do Brian Wilson quando compôs e produziu este disco mas a música que lá está dentro, é um facto, não é definitivamente deste mundo. Qualquer disco dos Beatles é evidentemente muitíssimo bom, mas é ainda assim uma outra coisa. O Pet Sounds é, pelo menos até data, absolutamente singular e não comparável seja com o que for. Mesmo com o melhor que o Phil Spector fez.

PS: Idealmente, o Pet Sounds deveria ser escutado radiofonicamente e através de um aparelho a válvulas. Não sendo isto possível, dever-se-á procurar o vinil original em mono. Cd’s em stereo e coisas do género deverão ser usados apenas e somente numa fase introdutória à obra e nunca depois.