Registei esta frase: "E que tal se fosses mas é pró caralho?" Não sei se fará sentido o "mas é" aqui, até porque - o "até" aqui não faz sentido nenhum, por exemplo - já está lá o "e que tal se". Portanto, seria correcto dizer "Vai mas é pró caralho" como quem diz "não vás aí, vai antes ali", ou então "E que tal se fosses para o caralho?". Vou reflectir.
E que tal se em vez de ires reflectir fosses pró caralho. Mas olha, presta bem atenção, é mesmo pró caralho que eu quero que tu vás. Não é por aí, nem por ali, nem por acoli, é mesmo pró caralho. Compreendeste? Gostaste mais assim, na forma palavrosa?
Sim, assim faz muito mais sentido. Mas não consigo compreender o que é "ir pró caralho". É algum sítio? Qual é o fundamento do conselho? Se fosse, por exemplo, "põe-te no caralho" eu já lhe via alguma finalidade. Agora, "vai para" não faz grande sentido.
A tua conversa dá a entender que pensas “o caralho” como uma coisa. Ora bem, “o caralho”, como toda gente sabe, não é uma coisa mas um sítio. (Aqui poderá ficar implícita a ideia discutível de que um sítio não é uma coisa, mas deixemos a filosofia para mais tarde e centremo-nos na semiótica). Exactamente como “a merda”, “a puta que te pariu”, “a cona da tia”, etc., também são sítios. Sendo sítios, podemos mandar pessoas para lá. Mas também podemos dizer-lhes que se ponham nesse sítio, exactamente da mesma forma como dizemos “põe-te na rua”, por exemplo. Sendo que, como é óbvio, mandamos as pessoas para um sítio e dizemos-lhes que se lá ponham pretendendo significados que ainda que não sejam totalmente distintos, são ainda assim distintos. E a diferença aqui está no tempo. Se eu digo “põe-te no caralho”, quero dizer que para lá vás imediatamente. Se disser “vai pró caralho”, não me importa o tempo que lá demores a chegar, desde que lá chegues e por lá fiques. Seja como for, o importante no meio de tudo isto, é escolher o sítio apropriado a cada caso concreto. E “o caralho” (isto já para não dizer “o caralho mais velho”, mas enfim…) parece-me um sítio apropriadíssimo para onde mandar gajos que têm a mania que são engraçadinhos como o autor deste blog, por exemplo. Estamos esclarecidos?
Compreendi. Mesmo assim... é muito indefinido. Se ao menos se quisesse saber do "ir para o caralho" no seu todo faria mais sentido. O tempo que demora a ir, por exemplo. Se não se está interessado no tempo que se demora a lá chegar qual é o interesse? Existe algum desprezo, portanto. Se existe esse desprezo por que é que se manda pró caralho? Não faz sentido porque a beleza do desprezo é não ligar à contraparte, deixá-la na sua triste figura. Ao contrário, se afirmamos algo que desejamos ver concretizado preocupamo-nos com todos os pormenores.
Como? Peço auxílio hermenêutico! Não percebi a ponta de um caralho!
Nota bem: Se por acaso não compreenderes o sentido da frase “Não percebi a ponta de um caralho”, disfarça e não manifestes a tua incompreensão. Se o fizeres, se te queixares que não entendes e não faz sentido e etc. e o desprezo e mais não sei quê, posso eventualmente perder a paciência…
Julguei que a perda de paciência era um facto. Aliás, essa agressividade toda acaba por não ajudar à compreensão do assunto, que me parece bastante interessante. De qualquer forma eu respeito essa canalização do ódio e do desconforto.
Lá está... há sempre a hipótese de o caralho lhe dizer: -"Eh pá, aparece aí!". Ao que o Anónimo poderia responder: -"Não apareço não! Eu vou! Isso de aparecer faz uma porcaria e desarruma tudo!"
A coisa está a engonhar e portanto saio de cena. Despeço-me sem te mandar pró caralho porque me pareces muito simpático. Um tanto ou quanto chato, é certo, mas simpático e educado (ao contrário de mim, que sou uma besta). Fica bem. Só mais uma coisa: Não me move qualquer espécie de ódio. Alguma irritabilidade, admito. Ódio, não. Absolutamente não.
Isto levanta uma questão: a turba, no seu êxtase usurpador, pegou na expressão «não vale a ponta de um corno» e aplicou-a em «não vale a ponta de um caralho». Confesso que tenho reflectido nesta merda desde que a minha irmão foi para Lisboa. Ora bem, sendo "a ponta de um corno" algo explicitamente negativo, por que razão se trouxe "a ponta de um caralho" até um nível tão baixo? De certeza que há aqui mão feminista. Agradeço qualquer tipo de luz, sobre o assunto.
Esta questão tem a ver com o tamanho. Não com o tamanho do caralho propriamente dito, mas com o desenvolvimento da sua terminação, ponta ou glande. Daí que a expressão, “ponta de um corno”, se bem que esteticamente paupérrima, tenha o seu préstimo. Como teria dizer, por exemplo, “não percebi a ponta de uma agulha”, quando se quer dizer que se percebeu tão pouco que, para todos os efeitos não se percebeu nada. Mas o mais interessante aqui é que a expressão “não percebi a ponta de um caralho” pressupõe uma caralho, digamos, pontiagudo. Ora, como toda a gente, sabe as pontas dos caralhos dividem-se em dois grandes tipos. O caralho “ogival”, “lancetado” ou em “cabeça de gato” e o caralho em “ferradura” ou “cabeça de grilo”. Ora o primeiro tipo quadra bem com a expressão em causa, já o segundo deixa dúvidas. E isto levanta um problema seríssimo, uma vez que se trata de um problema linguisticó-antropológico. Quando digo antropológico, digo do ramo da antropologia física, bem entendido.
Estas quebras de posts costumam acontecer quando há histórias de saias pelo meio, mas a julgar pelos interesses e traços de personalidade manifestados neste blogue, esse cenário não é plausível. Talvez o aquecedor do escritório onde está o computador tenha avariado e ele prefira o conforto da mantinha escocesa e da lareira da sala, onde lê Thomas Pynchon e vê televisão, envolto em fumo de cachimbo, enquadrado entre raposas empalhadas, esboços a carvão de cavalos de corridas e uma fotografia do Iordanóv, autografada, numa letra infelizmente imperceptível e extremamente tremida. No meio disto, a revista Ler. Estranhamente, o Roberto Casanova deve pensar que os textos para a revista Ler acarretam mais responsabilidade que o blogue, quando é precisamente o contrário. É para a revista Ler que ele devia reservar o mapa da maionaise ou uma citação sem comentários em inglês. Os leitores da revista Ler, habituados que estão ao que estão habituados, decerto verão rasgos de génio minimalista nos mesmos.
Eu gostava é que o Lourenço Bray fosse apanhar no cu. E se de caminho levasse com ele a “lareira da sala”, o “Thomas Pynchon”, o ”fumo de cachimbo”,as ”raposas empalhadas”, os “esboços a carvão”, os “cavalos de corridas”, a “ fotografia do Iordanóv”, seria perfeito! Oh como seria perfeito se toda esta literatura lhe entrasse pelo cu acima!
17 comentários:
E que tal se fosses mas é pró caralho?
Registei esta frase: "E que tal se fosses mas é pró caralho?"
Não sei se fará sentido o "mas é" aqui, até porque - o "até" aqui não faz sentido nenhum, por exemplo - já está lá o "e que tal se".
Portanto, seria correcto dizer "Vai mas é pró caralho" como quem diz "não vás aí, vai antes ali", ou então "E que tal se fosses para o caralho?".
Vou reflectir.
E que tal se em vez de ires reflectir fosses pró caralho. Mas olha, presta bem atenção, é mesmo pró caralho que eu quero que tu vás. Não é por aí, nem por ali, nem por acoli, é mesmo pró caralho. Compreendeste? Gostaste mais assim, na forma palavrosa?
Sim, assim faz muito mais sentido. Mas não consigo compreender o que é "ir pró caralho". É algum sítio? Qual é o fundamento do conselho?
Se fosse, por exemplo, "põe-te no caralho" eu já lhe via alguma finalidade. Agora, "vai para" não faz grande sentido.
A tua conversa dá a entender que pensas “o caralho” como uma coisa. Ora bem, “o caralho”, como toda gente sabe, não é uma coisa mas um sítio. (Aqui poderá ficar implícita a ideia discutível de que um sítio não é uma coisa, mas deixemos a filosofia para mais tarde e centremo-nos na semiótica). Exactamente como “a merda”, “a puta que te pariu”, “a cona da tia”, etc., também são sítios. Sendo sítios, podemos mandar pessoas para lá. Mas também podemos dizer-lhes que se ponham nesse sítio, exactamente da mesma forma como dizemos “põe-te na rua”, por exemplo. Sendo que, como é óbvio, mandamos as pessoas para um sítio e dizemos-lhes que se lá ponham pretendendo significados que ainda que não sejam totalmente distintos, são ainda assim distintos. E a diferença aqui está no tempo. Se eu digo “põe-te no caralho”, quero dizer que para lá vás imediatamente. Se disser “vai pró caralho”, não me importa o tempo que lá demores a chegar, desde que lá chegues e por lá fiques.
Seja como for, o importante no meio de tudo isto, é escolher o sítio apropriado a cada caso concreto. E “o caralho” (isto já para não dizer “o caralho mais velho”, mas enfim…) parece-me um sítio apropriadíssimo para onde mandar gajos que têm a mania que são engraçadinhos como o autor deste blog, por exemplo. Estamos esclarecidos?
Compreendi. Mesmo assim... é muito indefinido. Se ao menos se quisesse saber do "ir para o caralho" no seu todo faria mais sentido. O tempo que demora a ir, por exemplo. Se não se está interessado no tempo que se demora a lá chegar qual é o interesse? Existe algum desprezo, portanto. Se existe esse desprezo por que é que se manda pró caralho?
Não faz sentido porque a beleza do desprezo é não ligar à contraparte, deixá-la na sua triste figura. Ao contrário, se afirmamos algo que desejamos ver concretizado preocupamo-nos com todos os pormenores.
Como? Peço auxílio hermenêutico! Não percebi a ponta de um caralho!
Nota bem: Se por acaso não compreenderes o sentido da frase “Não percebi a ponta de um caralho”, disfarça e não manifestes a tua incompreensão. Se o fizeres, se te queixares que não entendes e não faz sentido e etc. e o desprezo e mais não sei quê, posso eventualmente perder a paciência…
Julguei que a perda de paciência era um facto. Aliás, essa agressividade toda acaba por não ajudar à compreensão do assunto, que me parece bastante interessante.
De qualquer forma eu respeito essa canalização do ódio e do desconforto.
Lá está... há sempre a hipótese de o caralho lhe dizer: -"Eh pá, aparece aí!". Ao que o Anónimo poderia responder: -"Não apareço não! Eu vou! Isso de aparecer faz uma porcaria e desarruma tudo!"
A coisa está a engonhar e portanto saio de cena. Despeço-me sem te mandar pró caralho porque me pareces muito simpático. Um tanto ou quanto chato, é certo, mas simpático e educado (ao contrário de mim, que sou uma besta). Fica bem.
Só mais uma coisa: Não me move qualquer espécie de ódio. Alguma irritabilidade, admito. Ódio, não. Absolutamente não.
Já estão todos no caralho?
Isto levanta uma questão: a turba, no seu êxtase usurpador, pegou na expressão «não vale a ponta de um corno» e aplicou-a em «não vale a ponta de um caralho». Confesso que tenho reflectido nesta merda desde que a minha irmão foi para Lisboa. Ora bem, sendo "a ponta de um corno" algo explicitamente negativo, por que razão se trouxe "a ponta de um caralho" até um nível tão baixo? De certeza que há aqui mão feminista. Agradeço qualquer tipo de luz, sobre o assunto.
Cumprimentos,
V.
P.S.: ide todos para o caralho!
Esta questão tem a ver com o tamanho. Não com o tamanho do caralho propriamente dito, mas com o desenvolvimento da sua terminação, ponta ou glande. Daí que a expressão, “ponta de um corno”, se bem que esteticamente paupérrima, tenha o seu préstimo. Como teria dizer, por exemplo, “não percebi a ponta de uma agulha”, quando se quer dizer que se percebeu tão pouco que, para todos os efeitos não se percebeu nada.
Mas o mais interessante aqui é que a expressão “não percebi a ponta de um caralho” pressupõe uma caralho, digamos, pontiagudo. Ora, como toda a gente, sabe as pontas dos caralhos dividem-se em dois grandes tipos. O caralho “ogival”, “lancetado” ou em “cabeça de gato” e o caralho em “ferradura” ou “cabeça de grilo”. Ora o primeiro tipo quadra bem com a expressão em causa, já o segundo deixa dúvidas. E isto levanta um problema seríssimo, uma vez que se trata de um problema linguisticó-antropológico. Quando digo antropológico, digo do ramo da antropologia física, bem entendido.
Giro giro, era quando o casanova escrevia por aqui, ao invés de ejacular uma destas uma vez ao mês.
E bonito bonito, são os colhões a bater no pito!
Estas quebras de posts costumam acontecer quando há histórias de saias pelo meio, mas a julgar pelos interesses e traços de personalidade manifestados neste blogue, esse cenário não é plausível. Talvez o aquecedor do escritório onde está o computador tenha avariado e ele prefira o conforto da mantinha escocesa e da lareira da sala, onde lê Thomas Pynchon e vê televisão, envolto em fumo de cachimbo, enquadrado entre raposas empalhadas, esboços a carvão de cavalos de corridas e uma fotografia do Iordanóv, autografada, numa letra infelizmente imperceptível e extremamente tremida. No meio disto, a revista Ler. Estranhamente, o Roberto Casanova deve pensar que os textos para a revista Ler acarretam mais responsabilidade que o blogue, quando é precisamente o contrário. É para a revista Ler que ele devia reservar o mapa da maionaise ou uma citação sem comentários em inglês. Os leitores da revista Ler, habituados que estão ao que estão habituados, decerto verão rasgos de génio minimalista nos mesmos.
Eu gostava é que o Lourenço Bray fosse apanhar no cu. E se de caminho levasse com ele a “lareira da sala”, o “Thomas Pynchon”, o ”fumo de cachimbo”,as ”raposas empalhadas”, os “esboços a carvão”, os “cavalos de corridas”, a “ fotografia do Iordanóv”, seria perfeito! Oh como seria perfeito se toda esta literatura lhe entrasse pelo cu acima!
Enviar um comentário