quarta-feira, novembro 04, 2009

Pierre Menard, nabo

É uma revelação cotejar o post "Ode ao nabo" no blogue Corta-Fitas com o post "Ode ao nabo" no blogue Cinco Dias. No primeiro, por exemplo, lê-se:
«O amor do nabo é pois um privilégio da idade, a nossa vingança sobre o triunfalismo vital das criancinhas ignaras».
Escrito no blogue Corta-Fitas, esta frase é um mero exercício de estilo: um elogio retórico de um tubérculo que, como o CDS/PP, é rico em cálcio e pobre em reputação. No blogue Cinco Dias, por outro lado, escreve-se o seguinte:
«O amor do nabo é pois um privilégio da idade, a nossa vingança sobre o triunfalismo vital das criancinhas ignaras».
O amor do nabo... um privilégio da idade: a ideia é assombrosa. Ao contrário do António Figueira do blogue Corta-Fitas (um leigo talentoso, mas pedante), o António Figueira do blogue Cinco Dias entalou entre um post sobre "excluídos" e outro sobre o "pensamento ideológico neoliberal" uma metonímia perfeita sobre o que implica crescer politicamente, sobre aprender a respeitar os inevitáveis compromissos que balizam esse percurso, sobre, inclusivamente, aprender a respeitar um quinze no blackjack contra um dez do dealer quando a true count vai em +6. Está ali a civilização ocidental, no post "Ode ao Nabo" do blogue Cinco Dias. (No outro não, está só outra coisa mais pequenina).

10 comentários:

nome disse...

Queria poder discordar. Mas por onde?

Anónimo disse...

Mais uma referência críptica ao blackjack e perderás metade dos teus leitores.

Anónimo disse...

Pelo menos se não a explicares bem explicadinha..

gaf disse...

Nunca cotejar António Figueira com António Figueira porque, para louvar um, teria de agredir o outro. É este um dos meus princípios de vida, e tenho-me dado bem. Já quanto ao outro António Figueira, que se foda.

Karoglan disse...

Sim, mas... em ambos os casos lê-se 'nabo' no sentido fálico, certo?

Anónimo disse...

Já deixas instruções de leitura nos títulos e o caralho... De cada vez que leio um texto teu (acontece raramente) surpreendo-me. Muito bem, pá.

Um abraço,
V.

Anónimo disse...

Casanova,
Só há lugar para um borgesiano em Campo de Ourique, e não és tu: beware.

Ass.: O Filho de Campo de Ourique

R. Casanova disse...

Não há qualquer problema com a situação de Campo de Ourique. Posso assegurar que nunca estive em Campo de Ourique na minha vida inteira, nem sei como lá chegar. Aliás, tirando a Graça e o Príncipe Real, não sei chegar a nenhum sítio em Lisboa que não esteja a um máximo de cinco minutos de uma estação de metro. Durante anos achei que a Praça das Flores era um mito urbano, mas recentemente consegui descobrir a sua localização em menos de três horas (algo que nunca vai acontecer com o Campo Mártires da Pátria, por exemplo). Bom, agora tenho de ir jogar blackjack.

mauthner disse...

só uma pessoa com uma vida muito triste pode associar as iniciais bj a black jack. parece ser o caso.

Anónimo disse...

O Casanova é o mais borgesiano dos praticantes de orientação terrestre por Lisboa. O Campo mártires da pátria não é aquele onde está o busto do doutor sousa martins? É só seguir o mulherio que sai das caminetes de carreira.

Pedro