sábado, fevereiro 10, 2007

Calúnias

Vamos lá pôr ordem nisto:

O Jimmy Page (que, não posso frisar isto o suficiente, é meu amigo, no sentido em que um dia lhe fui apresentado num pub em Barnt Green pelo meu instrutor de condução, e se é verdade que não o voltei a ver, sou da opinião que a verdadeira amizade não encalha em pormenores) o Jimmy Page, dizia, tem mais fama que proveito na procissão negra dos plagiadores. Houve, de facto, no princípio, um ou outro acorde, mais espiritual que outra coisa, telepatizado directamente da guitarra do Jeff Beck para o primeiro álbum dos Zep. E o arranjo do «Black Mountain Side» foi palmado ao Jansch, não há volta a dar-lhe.
Mas a história do «Dazed and Confused» - e de outros supostos roubos a bluesmen americanos - sempre me complicou o sistema. Em rigor, é quase impossível "roubar" uma malha de blues; os próprios músicos admitiam que aquilo funcionava quase num regime de kibbutz: trabalho comum, mais cortesia aqui, mais trafulhice ali, mas não andava ninguém a registar patentes, nem a mostrar interesse em fazê-lo. Até o Dylan se fartou de reciclar ideias da folk americana , às vezes melodias, versos e tudo (o "Don't think twice, it's alright", por exemplo, é de um tipo chamado Paul Clayton), e ninguém lhe chama os nomes feios que chamam ao, volto a frisá-lo, meu amigo Page. Tudo bem - o Page meteu o nome nos créditos e, que se saiba, nunca devolveu um cheque. Mas fazer dele um Alves dos Rocks, e trazer à conversa os seus papos godzillicos, acho que é um bocadinho abusivo.
Além disso, há um Mal muito maior, e muito mais perto da nossa aldeia. Se querem ficar mesmo escandalizados, ouçam o «Chuva, chuvinha» da Linda de Suza, e depois o «Oh My God» dos Kaizer Chiefs.
Isso sim, é sério: a mala de cartão ter ido parar a Leeds.

9 comentários:

Anónimo disse...

E a "Baby One More Time" da Britney tocada em guitarra acústica (cfr. a versão dos Travis) é a prova de que há um qualquer fundo de decência na "Hotel California" dos... enfim, prefiro nem dizer o nome dessa trupe hedionda.

Julinho disse...

Há duas formas de gerir os nossos afectos autorísticos na face das (estranhamente...) incongruentes sobreposições dos factos biográficos de quem erigimos NOSSOS autores, e a hagiografia que por essa operação de apropriação tendemos a arquitectar: ou se ignoram/negam os factos incongruentes com a nossa depuração subjectiva of what they are/should be all about; ou se clama essa depuração maior transcender os factos que são estranhos à sua constituição. Os problemas da autoria, é certo, são os que mais lixam quem se sinta na segunda posição, como é o meu caso (e a minha voluntariosa fuga a juízos e narrativas biográficas), como seja em relação ao meu caro (não amigo, malefícios da semi-periferia...) Page. Pretender arrumar a casa conjecturando calúnias (dissipando-se a constatação da sátira como género de possível púdica afeição) com factos arrevesados é que me parece improdutivo sob qualquer perspectiva.
Introdutoriamente, trazer o Dylan à liça para comparações ilibatórias (retirando substância às "acusações") já é um cliché para que já nem o santo Dylan tem auréola que chegue. E nunca vi o Page apanhar assim tanto no toutiço, nem o Dylan assim tão pouco (quanto mais não seja à conta das comparações). Seguidamente, chamar "arranjo" à malha do Black Mountain Side/Blackwater Side não é sequer eufemismo, é fumaça terminológica. Que aliás, me parece ser empregue no caso mais irrelevante (para quem lhe queira discutir a relevância): a própria nomenclatura das canções (a bifada e a bifadora) sugere mais uma muito razoável dedicação à obra do mestre que uma tentativa de refundir capciosamente uma malha jeitosa e ver se ninguém dá conta, em tempos em que copyrights ainda não seriam musts litigiosos e os mundos da música muito mais small-town geríveis.
Já quanto ao Dazed and Confused, acho que, pelo contrário, a coisa pia mais fino: chamar a uma canção, uma "malha", é mais que reducionismo atroz (pelo menos para o caso), é fumaça terminológica (onde é que já ouvi isto?...). Chamar ao original uma malha de blues (de um autor que não é um bluesman), é mais que um arranjinho classificatório... uh, não, é só isso. Dizer que o modo de produção musical à época passava por lógicas de transferência informal de elementos criativos (mas não TODO o tipo de elementos), faz todo o sentido (como no caso da malha do Jansch) onde espacialmente uma lógica de kibbutz (acho que vou apropriar-me informalmente desta...) possa operar: não é tão facilmente o caso de um songwriter e de um guitar hero em formação a um oceano de distância. Portanto, essa sim, terá provavelmente sido abafada muito mais à descarada. Pequeno pormenor para a depuração das afeições artísticas: ainda bem que a palmou, já que lhe fez bom serviço musical, e o carácter do cavalheiro ficar manchado ou não pela eventual sacanice de copyright (aliás, bastante sage: não fôra a maçada da sociedade de informação e a justiça de copyright ao quasi-anónimo Jake Holmes nem possibilidade de microscópica redenção teria) é razoavelmente indiferente, para o que à fruição estética é chamado. Claro que para quem um nome é mais que um autor, é um amigo de gimme five baby, a questão do carácter do portador do nome não será tão passível de indiferença, tal como denotar as suas poses dinossáuricas se torna menos objecto de reprovação face aos pergaminhos estéticos que monumentalizámos, que condescendência com os dilates de um compincha. E só fica bem a um amigo defender um amigo. Convém é acertar nos "inimigos" (e estes deixarem de exercer a ausência de talento para a comédia interactiva...).

Julinho disse...

Para relativo disclaimer: http://aquariumdrunk.blogspot.com/2006/09/above-ground-sound-of-jake-holmes.html

Quanto à discussão arranjo-malha, a contestação refere-se, naturalmente, à "malha" que se torna a base estrutural da dissertação guitarrística do Page, não ao "arranjo" que o Jansch fez da canção. O que implica que a levá-lo a sério, tratar-se-ia de um duplo plágio, da malha/arranjo (estou a precisar de me entreter...) e do tradicional (de que acaba por partilhar alguma base harmónica). Acho melhor ficarmos mesmo pelo dazed and confused...
(Eu agora calo-me...)
(Acho...)

Julinho disse...

O disclaimer é por causa do mp3 no post no endereço, bem entendido.
(é agora)
(acho...)

Anónimo disse...

Não sabia, claramente, no que é que me estava a meter. E a estratégia (que me pareceu, na altura, conceptualmente sã) de pegar no assunto em dia de referendo nacional e a seguir a uma derrota do Benfica, na esperança de que as referidas distracções impedissem o desmantelamento público da minha atroz (ainda que repleta de boas intenções) desonestidade, revelou-se um grandessíssimo fiasco. Onde é que eu ia? (caraças, que o teu estilo pega-se)

Sobre o «Dazed and Confused» não tenho nada a dizer, a não ser dar-te (alguma) razão, e lembrar o seguinte: o homem apertou-me a mão, ok? Tivémos um momento. Foi trocada informação espiritual. Queres que eu diga o quê? Que ele é um ladrão? E a lealdade, Julinho? Que me dizes tu da lealdade? Já não há valores, já não há nada.

Vou portanto limitar a minha contra-resposta a dois curtos apontamentos (aguardando depois, com falsa serenidade, a tua inevitável, sistemática e genuinamente serena desmantelação):

- "nunca vi o Page apanhar assim tanto no toutiço, nem o Dylan assim tão pouco".
A coisa ficou ligeiramente menos desequilibrada depois da bestial celeuma com o tal poeta japonês as letras do Love and Theft, mas francamente - queremos mesmo comparar o opróbrio que ambos receberam com a questão específica dos créditos-não-dados-onde-deviam-ter-sido-dados? Eu sou tão Dylanista quanto o próximo - aliás, Page diz-me, apesar da amizade, menos do que Dylan - mas faz umas buscas no google (uma com, sei lá, por exemplo, "Bob Dylan thieving bastard" e outra igual para o meu amigo) e vê o que acontece. É extremamente difícil encontrar páginas ou threads de fóruns sobre os Zep que não falem na porcaria dos empréstimos - e quase tão difícil encontrar páginas sobre Dylan que o façam. Aqui nas Midlands - onde eu vim pagar o meu karma durante alguns meses - a alcunha do Page é «magpie»; a do Dylan é «Mr. God Sir Your Excrement Smells Of Incense». Portanto - e independentemente das culpas que cada cartório assuma - a disparidade tanto na violência como na frequência das acusações é avassaladora.

- "chamar "arranjo" à malha do Black Mountain Side/Blackwater Side não é sequer eufemismo, é fumaça terminológica."
É sim senhor. Obrigado. Mas como tu certamente sabes, a canção «Blackwaterside», bem como a respectiva malha, é tradicional, tem uma carrada de anos, e é impossível atribuir-lhe uma autoria. As versões que foram sendo gravadas nos anos 60 diferiam nos respectivos arranjos. Jansch diz que a aprendeu com a Annie Briggs, que por sua vez a tinha aprendido, segundo umas liner notes que eu tenho para aqui algures, com um tal de A. L. Lloyd. Jimmy Page diz que a aprendeu também directamente de Annie Briggs, o que explicaria em parte as semelhanças entre a sua versão e a do Jansch.
Não tenho qualquer motivo para duvidar da palavra do meu amigo. Eu olhei-o nos olhos, vantagem que tu não tiveste, e vi aquilo que tu não viste: que o coração do meu amigo não é trafulha. Mas é revelador do verdete de má-fé que se foi formando ao longo dos anos sobre o seu esplêndido bronze, que há quem ponha em dúvida a sua versão da história.

Julinho disse...

Bom, tu não sejas assim, não me atires o atroz de novo à cara. Já um gajo não pode rabiscar crescendos dramáticos... Nem a "desonestidade", que nunca apontei. Aliás, a partir do momento em que estás a defender um compincha (que não era minha intenção sequer atacar), concordo, como manifestei, que, por esse valor quase-absoluto da lealdade, quase qualquer estratégia retórica te é admissível, incluindo arredondamentos terminológicos.
A comparação com o Dylan, em matéria estrita de plagianço, não vou contestar, porque não recolhi informação nem prestei atenção suficiente à l'air du temps para duvidar da tua amostra - se barafustei com a comparação foi porque o cavalheiro está cada vez mais erigido em medida de avaliação de pecadilhos; e, se não no domínio dos plágios, no domínio mais genérico das tensões pessoa-autor, parece-me andar bastante na berlinda, a partir de um juízo truncado que muito me desagrada, que é que um autor, por monumental que seja, tem que fazer pessoalmente honra aos seus pergaminhos culturais. Pessoalmente, acho de uma devassa pessoal e de um menosprezo cultural, calibrar a validade (não a compreensão)de uma obra pela contingente boa-alma do seu autor. Portanto, já estou muito longe da discussão (chama-lhe estilo...)
Voltando à matéria pagena, aí, confesso que não percebo agora este teu volta-atrás na matéria do blackwaterside. Começaste por conceder esse como plágio ("não há volta a dar-lhe" sentenciavas). Eu considerava, ao invés, essa a possibilidade mais remota de plágio, apesar de achar que a mais-valia da sua apropriação não lhe retira mérito estético, que não convém deitar fora com a deriva justicialista. E agora contrargumentas que o blackwaterside não é plágio, não senhor, como se eu houvera apontado que fora? No capisco. Mesmo assim, e no interesse da matéria factual no esconjuro das calúnias, não percebo o raciocínio da tua arguição - aliás, é esse o problema de nos fixarmos nos factos para defendermos os nossos autores/eventuais camaradas de pub; e é por isso que eu sou um radical I-don't-give-a-shit-ista nessas matérias. De facto, sendo um tema tradicional, os problemas da autoria e apropriação ficam bem mais difusos, porque não há uma versão original a balizar as variações. Daí eu ter calibrado um pouco mais a, não tão simples quanto comecei por avançar, diferença entre arranjo e malha, para o caso. Contudo, isso não colocaria o presumível arguido em melhores lençóis: a noção de plágio com que laboramos não é judicial, é soit-disant moral. Como tal, sendo de origem tradicional, essa origem também deveria ser creditada (e embora ainda não tenha substituído a cassete pirata do álbum por uma cópia legal cof cof, pelo que vi na net, acho que o tema só está creditada ao Page).Mas aí, outro problema se coloca. Sendo um tema tradicional, a especificidade dos arranjos (lá vem a complicação) é algo intrínseco a cada apropriação. Ora, eu tenho alguma dificuldade em conceber que, mesmo proveniente da mesma fonte (a Annie Briggs), um tema tradicional seja passado com tamanha especificidade, e mais, que o Jansch se limitasse a reproduzi-lo, sem lhe dar o "three-chord trick" (por assim dizer). O que implicaria que, a julgar de má-fé, o Black Mountain Side não creditaria nem a fonte tradicional, nem a malha janscheana. Ora, como te disse, dado o nome do tema, e dada a sincronia espácio-temporal em que os temas surgem (quer o Black Mountain Side, quer o blackwaterside versão Jansch e versão Briggs - que pouco têm a ver, arruinando ainda mais a hipótese da similitude jansch-page se dever a provir da mesma fonte), parece-me que seria perfeitamente absurdo o Page estar a efectuar conscientemente um plágio e esperar escapar-se, quando à mesma época, e no mesmo meio cultural, estava disponível a versão em que, muito pouco duvido, se inspira. Daí que, para mim, a versão Page, que é na verdade um exercício de variações sobre a malha do Jansch, e não uma versão da canção per se, é com toda a probabilidade um reconhecimento natural (esse sim, de kibbutz, porque nem daria para passar despercebido) do material original do Jansch, e seria creditado Page, porque, efectivamente, esse material é "apenas" mote das variações, que pertencem naturalmente ao instrumentista que as opera. À distância histórica, fora de contexto, em que qualquer rato de audioteca crê fazer uma descoberta fabulosa ao verificar a similitude não creditada das versões, isto pode soar matéria de acusação - e o Page ter que arranjar uma versão da história que não me convence, parece-me mais um efeito de justificação face a parâmetros anacrónicos (ou seja, os factos, ehhh, não me convencem; a intenção, provavelmente era boa). Colocado em contexto, não me parece haver aí grande razoabilidade de falha moral. Para mim, neste caso, not guilty, judicialmente. Musicalmente, tendo posto os seus eventuais (porque desconheço quaisquer outros, e não estou interessado na busca) bifanços to good use, francamente, fosse qual fosse o veredicto, não me molestava esteticamente o facto - tal como a verdade afectiva te assegura a falsidade das calúnias, a verdade estética assegura-me que elas não interessam puto. Parecem-me boas sendas de cruzamento.

Julinho disse...

Uh, bem entendido, não estava a sugerir que tu, dylanófilo como deve-de-ser, estavas a fazer com o Dylan aquilo que me desagada que se faça como Dylan ou autores em geral, já que estavas precisa e objectivamente a comparar matéria de plágios e a sua diferencial acusação por virtude da diferencial valorização dos respectivos plagiadores. Foi só mais um dos meus extravasares off the subject, a requerer benquista indulgência.

Anónimo disse...

Nunca me passaria pela cabeça arremessar seja o que for ao teu rosto cinzelado. Limitei-me a confessar, em modo não-irónico, que a estratégia retórica dominante no meu argumento era mesmo a desonestidade. Estratégia da qual apenas me arrependo por motivos práticos (o facto de tu ainda aqui andares, em vez de teres ido para outro lado lamber as feridas). Porque nisso concordo contigo: a lealdade forjada em fugazes apertos de mão semi-ébrios justifica moralmente as acções mais torpes. Por exemplo - e estás à vontade para interpretar isto como uma ameaça arremessada ao teu rosto cinzelado - o meu próximo passo, caso persistas em não admitir a derrota, será entrar em modo de campanha, contratando um duo de investigadores luso-americanos para vasculhar o teu passado e exumar todos os podres sexuais e deslizes toxicómanos que moldaram seguramente a tua adolescência. Mud-slingar-te-ei como nunca ninguém te mud-slingarou.
Para arrumar a questão do Dylan, a única sobre a qual ainda não perdi o interesse, esclareço que o alistei no argumento não tanto como "medida de avaliação de pecadilhos", mas como medida de avaliação de reacção aos pecadilhos. Depois de ter ouvido as quatro peças, e de ter lido um bom bocado sobre o assunto, sou incapaz de discernir qualquer diferença substancial, em matéria de honestidade nos processos criativos (acknowledgment das influências, etc.) entre o que Dylan fez com o «Don't Think Twice» e o que my amigo fez com o «Dazed and Confused». Contudo, o primeiro caso regista uns parcos 775 resultados na pesquisa Google, a maioria deles sussurrando doces e reverentes nadas sobre "melodias ensinadas por tal-e-tal", "adaptações livres" e "versos curiosamente semelhantes"; nem sequer o Aquarium Drunkard fez algo pela justiça de copyright ao quasi-anónimo Paul Clayton, que não fica a dever nada em matéria de quasi-anonimidade a Jack Holmes. Já a segunda pesquisa revela uma histeria colectiva espraiada ao longo de mais de trinta mil páginas, onde my pub-buddy, my pint-compañero é sujeito a uma torrente de epítetos de causar inveja ao actual POTUS: "thief", "lying cunt", "nimble-fingered-cleptofreak" (ok, esta inventei, mas é fiel ao l'air du temps). Isto é chocante, Julinho. Se isto fosse um estádio de futebol, eu estaria aqui a berrar acerca da "dualidade de critérios"! E é isso, mais que qualquer outra coisa, que me irrita , portanto construir o argumento sem recorrer à comparação com o Dylan não faria qualquer sentido. E se também sou um descontraído don't-give-a-shit-ista (vou usar isto muita vez, mas farei questão em creditar-te) em relação às tecnicalidades do plagiarismo (mais uma aportuguesação, que eu sei que gostas), já quando a coisa entra nos meandros mais sujos de ventilar ódiozinhos de estimação com recurso desonesto e desigual às ditas tecnicalidades (não me refiro, obviamente a ti, mas aos ácaros que o colchão do google alberga), aí já sinto aquele inconfundível borbulhar interno de quem gives a shit.

Mas é a partir daqui que tu te perdes, e o teu medo é visível. Já em desespero de causa - abalado, diria, pela foça sísmica da razão, que está toda toda do meu lado - tentas lançar poeira para os olhos argutos dos leitores do Pastoral Portuguesa, recorrendo ao ardil mais estafado de todos: o de tentar apanhar o adversário numa inconsistência. Ora, os leitores do Pastoral Portuguesa são demasiado experientes para aceitarem lições de consistência de alguém com o teu passado venéreo. E sabem, para além disso, que o autor do Pastoral Portuguesa NUNCA é, NUNCA foi, e NUNCA será inconsistente. O que acontece é que por vezes é irónico, e por vezes não é; por vezes speaks in earnest, e por vezes implanta a língua firmemente na bochecha; logo, por vezes parece defender uma posição, para logo de seguida defender a posição contrária. Isto é puro jogo-de-pés retórico, desenhado para confundir quem merece a confusão. E vê como resulta Julinho: vê como tu próprio esbracejas neste charco turvo, sem saber o que fazer ou pensar. Ainda sabes onde estás, Julinho? Ainda lembras o que te trouxe aqui?

Julinho disse...

Julinho?... Mas quem é esse Julinho de quem tanto fala?...