My Life as a Fake é, entre muitas outras coisas, uma ilustração da Falácia Intencional: nada do que é escrito pela trupe de artistas manqué que popula o livro surte os efeitos desejados. A narradora, depois de ler a inconsequente poesia genuína de Chubb (o forjador) resume assim a situação: «If this was his real poetry, then I preferred the fake».
Esta tensão entre o valor intrínseco daquilo que é criado para ser falso e daquilo que floresce genuinamente é o verdadeiro motor do livro, mais do que a reciclagem do mito de Frankenstein. Aliás, parece-me que My Life as a Fake tem um padrinho literário mais óbvio que Mary Shelley; é ela quem providencia a epígrafe, mas a sombra angular é lançada por Conrad - uma presença já evidente mesmo antes de o enredo nos transportar até à Península Malaia. A narração é oblíqua e esquartejada; o elenco é constituído quase exclusivamente por Marlows - personagens que insistem em contar as suas histórias, mesmo que o processo dure a noite toda e ameace aborrecer todos à sua volta. O que nunca acontece, diga-se. O livro é muito bom e reitero que deve ser lido por todos aqueles cujo coração é puro e cujas intenções são nobres.
(Curiosas, se bem que superficiais, são também as semelhanças do enredo com um dos livros mais fraquinhos de Stephen King, The Dark Half. Seria interessante aprofundar isto, mas o mais provável é que não o faça).
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