Quem chega tarde a uma festa arrisca-se a que as raparigas já estejam todas ocupadas, as boas piadas já tenham sido todas ditas e, pior, que o álcool já tenha sido todo bebido.
Com a blogosfera é o mesmo: há um risco constante de incorrer em tautologias para quem perdeu o boom inicial. Há muito pouco por elogiar ou criticar que não tenha sido já elogiado ou criticado antes, possivelmente com mais lucidez. Comecei a ler blogs há poucos meses, e os que visito regularmente contam-se pelos dedos de uma mão (e estão todos listados aqui ao lado) com visitas esporádicas a mais nove ou dez. Estou certo de que não tenho nada de original para dizer sobre eles.
Vou correr esse moderado risco para recomendar à restrita plateia que lê isto o blog do Alexandre Andrade (o que é um pouco como o gajo da roulotte das bifanas sugerir ao cliente uma visitinha ao Rei dos Frangos). Um blog cujo arquivo de entradas tenho lido, à razão de um mês por noite, sempre com a impressão de ter a minha educação severamente testada por um daqueles mestres-escola turbulentos que no meio de uma aula de Filosofia começam a divagar sobre as amantes de Rousseau. Em Latim.
Para alguém que, como eu, não tem uma gota de sangue francófilo, a negociação de algumas referências pode ser tortuosa e implicar várias visitas à Britannica (bem como a um mapa actualizado do metro de Paris). A ubiquidade dos Pierres e dos Arnauds semeia o pânico no meu cérebrozinho lavrado por New England. Mas é um bom pânico e a navegação nunca permite a deriva.
Quanto à qualidade da escrita, que abarca uma assustadora amplitude de registos, é das melhores que se pode encontrar em português - ou em qualquer outra língua.
Portanto, se quiserem ler sobre Kleist, Ivanchuk, a escala de pungência das malaguetas ou simplesmente anúncios de gatos perdidos inventados, ide aqui. Ide.
domingo, agosto 13, 2006
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