quinta-feira, outubro 26, 2006

Físico-Química

É inevitável: sempre que leio na imprensa portuguesa um artigo apocalíptico sobre o estado do ensino, lembro-me da minha professora de Físico-Química no 7º ano (do que não me lembro é do nome dela, mas quando me lembrar vocês serão os primeiros a saber) que deixou uma turma inteira estarrecida quando nos informou muito casualmente que, no futuro, os seres humanos seriam capazes de manter relações sexuais apenas com o encostar de um dedo indicador à testa do parceiro. (Isto numa altura em que muitos de nós ainda não estávamos familiarizados com o método canónico).
Desconheço as repercussões que este naco de desinformação veio a ter nas vidas futuras dos alunos, mas sei que a professora em questão foi repreendida pelo Conselho Directivo, até porque o "dedonatestagate" surgiu já depois de alguns inquéritos nervosos de membros da Associação de Pais, que queriam saber porque é que os meninos emergiam das aulas práticas de 5ª-feira a falar de anjos e discos voadores em vez de electrões e bicos de Bunsen.
(Um aforismo para as massas: sabemos que ainda não amadurecemos quando não conseguimos escrever "bicos de Bunsen" sem soltar um risinho pueril).
Uma coisa é certa: por motivos vários, que não vou aqui escalpelizar, uma rubrica intitulada "Os Meus Professores" nunca terá espaço para crescer neste blog. Mas não é por falta de material. Só do Professor Cardoso haveria dezenas e dezenas de incidentes para relatar, todos eles com a capacidade para deleitar e instruir. E da Professora_ (Odete? Bernardete?) outras tantas.
Não sei se ela chegou a falar do planeta Sirius na aula. Ou da conspiração dos Illuminati. Ou de Nikola Tesla. Ocupado como estava a encostar os dedos a testas alheias, confesso que não me lembro de muita coisa.
Mas lembro-me da Segunda Lei da Termodinâmica, cuja hábil formulação pelo Senhor de Todo o Mal nunca é demais relembrar: "A entropia de qualquer sistema isolado tende para aumentar ao longo do tempo, aproximando-se de um máximo". E isto, caro leitor, não é uma boa notícia para ninguém.

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