sábado, fevereiro 24, 2007

Espaços onde se pode espirrar


A sucessão de sintomas parecia-se cada vez mais com uma experiência dadaísta, pelo que foi quase um alívio quando desatei a espirrar. Falta de ar puro, creio; eu tenho muito pouco acesso a ar puro. O pai de um amigo meu diz "Madjifa!" sempre que espirra, e eu nunca tive coragem de perguntar porquê. Mas, inexplicavelmente, apanhei o hábito, e tenho passado o dia nisto.
Mudando de assunto, uma pessoa que me conhece bem alertou-me para um facto curioso: há um tema que acho muito interessante, e sobre o qual discorro constantemente em conversas pessoais, mas que nunca abordei aqui no blogue. Fui reler parte dos arquivos (não recomendo, já agora; é tão doloroso como ouvir a nossa própria voz reproduzida num leitor de cassetes) e não é que ela tem toda a razão? Há mesmo um tema sobre o qual discorro constantemente em conversas pessoais, mas que nunca abordei aqui no blogue. Não encontro explicação para isto, e a falta de ar puro não justifica tudo.
Mudando de assunto, abri hoje um precedente perigoso, ao apostar num cavalinho chamado 'Your Advantage', um gesto apenas ligeiramente menos idiota do que responder a um anúncio para dobrar circulares. Em minha defesa, gostaria de realçar que a aposta, por motivos de saúde, foi feita via internet, num lugar com um notório défice de ar puro.
Mudando de assunto, continuo a ler o Metamagical Themas. Ler um volume de crónicas com a data de 1985 na página do copyright é, na gloriosa expressão do sagaz tacticista Jaime Pacheco, uma faca de dois legumes. Por um lado habilitamo-nos a desfrutar de uma série de ideias e factóides interessantes, justamente repescados ao charco da amnésia cultural. Por outro arriscamo-nos a levar com dois capítulos inteiros dedicados ao cubo de Rubik, ou, como Hofstadter faz questão de lhe chamar, o cubo de Rubik/Ishige.
Terutoshi Ishige era um engenheiro autodidacta de Tóquio, que teve a ideia para o brinquedo independentemente de Erno Rubik, mas alguns meses depois de Erno Rubik. A sua patente ainda chegou a ser registada no Japão, mas, por motivos óbvios, a comercialização do produto não lhe rendeu um iene. Sinto sempre uma grande empatia com os desgraçados que chegam com atraso ao seu próprio rasgo de originalidade. Quantos de nós não tivémos, na nossa adolescência, uma ideia excelente para um conto, apenas para virmos a descobrir que o conto já tinha sido escrito por alguém (normalmente por Jorge Luís Borges)?
Não mudando exactamente de assunto, digo-vos que há por aí algures um hipotético desgraçado que teve a ideia de iniciar um blogue chamado Pastoral Portuguesa e que vai apanhar uma grande desilusão quando o Blogger rejeitar a sua tentativa de baptismo. Gostaria de informar o hipotético desgraçado que deixo a porta aberta à negociação.

Madjifa!

3 comentários:

MANHENTE disse...

May the Queen bless you!

Anónimo disse...

Rogério diz-me cá: tiraste a 4ª classe no Filipa de Vilhena?

Anónimo disse...

Não. Mas foi a pergunta mais interessante dos últimos tempos.