domingo, julho 15, 2007

Big Juju Man


«The adventures of Tintin in the Congo will be moved from the children's shelves in Borders bookstores across the country and placed in the adult graphic novels section after the book was criticised for having allegedly racist content.The Commission for Racial Equality said yesterday it was unacceptable for any shop to stock or sell the 1930s cartoon adventure of the Belgian boy journalist because of its crude racial stereotypes.The book, which includes a scene where Tintin is made chief of an African village because he is a "good white man" and a black woman bowing to Tintin saying: "White man very great ... white mister is big juju man!" was highly offensive, a spokeswoman from the commission said."This book contains imagery and words of hideous racial prejudice, where the 'savage natives' look like monkeys and talk like imbeciles," she said."How and why do Borders think that it's OK to peddle such racist material? This is potentially highly offensive to a great number of people."She added that the only place the book was acceptable was in a museum - with a sign accompanying it saying "old-fashioned, racist claptrap".»
(The Guardian)

3 comentários:

Lourenço Bray disse...

Ano há anos à espera disto... Epá, de facto, o Tintin no Congo e mesmo o Tintin na América são muito, muito más enquanto BDs. O próprio Hergê admitiu isso. O Tintin no país dos Soviets é uma desgraça. Não têm mesmo valor nenhum para putos... Epá, percebe-se. Se não fossem os pretos, eram os defensores dos animais. O Tintin tem uma cena deliciosa em que mata uma girafa para se meter na pele dela e fotografar animais. Farta-se de matar bicharada. Eu acho o livro espectacular porque, em contraste com os fabulosos livros do Tintin posteriores, mostram bem a evolução de um artista (o próprio traço é pior no Tintin no Congo).

Epá, e Conrad? Podes um dia escrever um texto sobre o racismo e o Conrad? Houve agora um tipo, o Chinua Achebe, que foi celebrizado pelas teses sobre o racismo do conrad. Está aqui no in Absentia: http://amc-ausencia.blogspot.com/2007/06/1-passo-impotncia-e-ingovernabilidade.html

Eu não vejo racismo no Heart of Darkness. Mas é verdade que Conrad era racista? isto descontando o contexto da época

abraço

Anónimo disse...

A patetice do Achebe não é de "agora", já deve ter uns trinta anos. Uma leitura na mesma linha, focada em autores diferentes, foi feita pelo Edward Said, no Orientalism, que fundou praticamente sozinho toda a onda dos "estudos pós-coloniais". Também não me convence, mas pelo menos é possível ter diálogo mental com ele. Já o texto do Achebe só conseguiu interagir com a parede da minha sala: é um disparate pegado, e consegue tresler várias passagens do «Heart of Darkness».

Não sei se o Conrad era ou não racista (parece-me que, a sê-lo, o era bem menos que a maioria dos seus contemporâneos). Mas sei que o «Heart of Darkness» não é um livro racista.
E mesmo em relação ao Tintim no Congo, acho que se está a confundir "racismo" - que mesmo quando não é activo, nunca é inofensivo, porque pressupõe uma medida mínima de suporte ideológico - com "paternalismo", que é uma atitude bastante diferente. De qualquer forma, tudo isto roça a farsa, com origem em mentes desocupadas (no duplo sentido do termo). O álbum é talvez o pior de Hergé, concordo, mas considerá-lo potencialmente perigoso é ridículo.
E é estar a abrir a porta a pessoas que se ofendam com o Mark Twain, com o Faulkner, com o Avô Cantigas, e por aí fora.

Vamos pôr as coisas nestes termos: se alguém encontrar uma obra literária anterior a 1970 (digamos) que não ofenda rigorosamente ninguém, prometo comê-la.

Lourenço Bray disse...

Lembro-me de quando substituíram o cigarro do Lucky Luke por uma palhinha, isto ainda em inícios de 90 ou finais de 80. Eu tinha os lucky lukes todos e aquilo chocou-me. O cigarro era desenhado de forma que parecia que não tocava na boca do Lucky Luke, parecia flutuar. A cinza, a ponta do cigarro, também parecia flutuar, desafiando a gravidade, completamente separada do cigarro. E não fazia fumo. Era uma cena mágica. Quando comecei a fumar tentava manter o cigarro na boca e chorava por causa do fumo, nunca conseguir a elegância do Lucky (deixei de fumar)

No caso do Tintin, não sei. Acho mesmo que o Tintin no Congo é totalmente atípico. Se tirarmos o Tintin no Congo e, eventualmente, o tintin na américa (que já é bastante diferente) ficamos com bds absolutamente magníficas. A mim não me choca só porque em concreto, não acho o Tintin no congo uma obra para crianças. O facto de o mudarem de prateleira não me chocou, até porque qualquer criança sabe que a melhor BD está na secção dos adultos. Os únicos papalvos que compram BDs na secção infantil são adultos a comprar prendas para crianças....