Chega amanhã ao fim o período da minha vida em que tive menos vontade de ler livros. Tenciono ir às urnas bem cedinho (ando a fazer treino específico para melhorar os meus parâmetros de "estar acordado de manhã", treino que contempla desde quarta-feira a vertente “não dormir desde quarta-feira”), imbuído do mesmo espírito que imagino preencher muitos cidadãos norte-americanos que encaram cada eleição presidencial como a última oportunidade para impedir a construção de gulags nas planícies do Kansas, mas que para mim é uma experiência completamente nova: a urgência entusiasmada da participação cívica.
Ao contrário deles, no entanto, vou exercer com relativa paz de espírito o direito conquistado pelos meus antepassados, pois parece-me perfeitamente claro que o apocalipse não está para breve. Aconteça o que acontecer, o Sporting não vai ser campeão europeu daqui a um ano, nem vai ser desmantelado daqui a seis meses. As opções neste acto eleitoral são as mesmas do costume: as coisas podem melhorar um bocadinho, ficar na mesma, piorar um bocadinho, ou (distinção crucial que analisaremos mais tarde em conjunto) piorar um bocado; no fundo, o que acontece em qualquer acto eleitoral em que não participem alemães.
Vou votar com dúvidas. Mas, como fui uma vez forçado a explicar à minha mãe, depois de ter respondido ingenuamente a uma pergunta que ela me fez com as palavras "Cavaco Silva", não me lembro de alguma vez ter votado de outra maneira. Voto sempre com suores frios, repleto de inseguranças, receoso de não ter digerido toda a informação relevante, suspeitando estar a votar por motivos aflitivamente superficiais, e mais ou menos incrédulo com o facto de a democracia continuar a sobreviver mesmo permitindo que paradigmas de adolescência política como eu participem no processo. Como tive a felicidade de não nascer na Alemanha, tem sempre corrido tudo bem, ou pelo menos de forma não-catastrófica, algo que eu considero imensamente satisfatório.
Se aceitarmos este conceito de “não-catástrofe” como um resultado aprazível, as eleições de amanhã ganham logo outro brilho, pois esse resultado está garantido. Depois, o que há a fazer é um cálculo mental neo-Rumsfeldiano de known unknowns, unknown unknowns, etc., e quantificar na medida do possível as qualidades, defeitos, áreas cinzentas e pontos de interrogação de cada uma das opções, partindo sempre da mesma base aritmética emocional: este gajo pode ser um atrasado mental, mas enfim.
Vamos portanto praticar Matemática, altura em que abro um pequeno precedente para começar por Abrantes Mendes. Não quero cometer a indelicadeza de negar ao Abrantes Mendes uma molécula da sua humanidade, mas enquanto este argumento se desenrola, os leitores mais atentos vão reparar que, na minha cabeça, o Abrantes Mendes não é um ser humano – com opiniões, idiossincrasias, sentimentos, etc. – mas sim uma idealização. Abrantes Mendes é o arquétipo do sportinguista que só existe na cabeça de benfiquistas, portistas, e sportinguistas com idade suficiente para terem partilhado uma charrete com o bisavô do Francisco Stromp. “Abrantes Mendes” está para “Sporting” como “Barbas” está para “Benfica”, “João Carlos Espada” está para “Direita” e “Marlboro Man” está para “Marlboro Man”. Curiosamente é a opção eleitoral mais previsível. No meio de quatro semi-enigmas, Abrantes Mendes é um horóscopo feito por profetas, um ecrã sintonizado para o futuro: o Sporting que ele representa, o Sporting que ele sente, o Sporting que ele pensa, o único Sporting que ele é capaz de conceber, é o Sporting “diferente”, o Sporting do realismo, o Sporting da integridade, o Sporting da derrota digna, o Sporting que é enxovalhado de cabeça erguida. Evidentemente, admiro muito a postura digna, coerente e romântica que Abrantes Mendes conseguiu manter durante a campanha, mas também detesto o Abrantes Mendes e já não aguento ver aquelas trombas dignas, coerentes e românticas à frente.
Passemos com celeridade a Pedro Baltazar. Este é simples: claramente menos parvo do que me pareceu no início, e até com algumas qualidades inesperadas, mas ainda assim, e com larga vantagem, o líder nas preferências dos humoristas nacionais e dos adeptos adversários em idade escolar. Pedro Baltazar é o presidente de clube rival com quem todos sonhamos no ciclo preparatório. Alguém que percebe menos de futebol do que o Pedro Mexia e o Rui Tavares juntos, sempre a duas sílabas da gaffe mais próxima e a três espasmos musculares de uma saída chanfrada, comportando-se genericamente como um cocktail blasfemo de Dan Quayle e Basil Fawlty. É o candidato excêntrico, seria uma terceira opção deprimente, mas, assim como assim, quero-o longe dali.
Dias Ferreira. Considero o voto em Dias Ferreira (uma assustadíssima segunda opção) o voto mais arriscado de todos, por um simples motivo: votar em Dias Ferreira é votar exclusivamente numa personalidade. Esse elemento estará presente em qualquer voto, mas neste caso é o único elemento, pois estaremos a votar numa personalidade que acha que o seu atributo mais recomendável é a sua personalidade. Dias Ferreira é o candidato que admite sem quaisquer problemas que o seu “projecto” está no interior da sua cabeça, é o candidato que confia em si próprio para chegar lá e “ver como é que é”, é o candidato cuja estratégia se esgota na crença nas suas respostas intuititvas e capacidade de improviso – e que exige de cada apoiante a mesma crença, pois não há rigorosamente mais nada. A personalidade de Dias Ferreira, não me inspirando confiança absoluta, também não me desagrada, mas há ali um factor crucial – há ali uma fraqueza – que não se ultrapassa: a lealdade. Como demonstrou em situações passadas – por exemplo, na intransigência psicótica com que defendeu Carlos Queirós para lá dos limites de Mohandas Gandhi – Dias Ferreira é leal às pessoas até à morte, ou até ao suicídio. Como aquele muçulmano a quem o Kevin Costner salva a vida no "Robin dos Bosques" e que depois o segue até Inglaterra, Dias Ferreira acha que qualquer pessoa que aceite um convite seu merece gratidão irrevogável para toda a eternidade. Isto é problemático quando se gere qualquer instituição, ainda mais quando se trata de uma instituição tão específica como um clube de futebol e ainda mais quando se trata de uma instituição tão especificamente específica como o Sporting, onde a qualquer momento pode ser imperativo despedir um amigo de trinta anos, ou humilhar publicamente um antigo camarada da tropa. Para Dias Ferreira, a lealdade humana sobrepõe-se sempre ao que é melhor para a instituição, e isso num clube de futebol pode ser desastroso. Calculo que nesta altura já todos os cidadãos portugueses (inclusivamente o Pacheco Pereira) tenham visto a “apresentação de projecto” de Paulo Futre, portanto limito-me a salientar que apesar de o Dias Ferreira ter convidado o Paulo Futre para um cargo directivo por incompetência ou irresponsabilidade, vai manter-se com ele até ao fim, não por casmurrice ou teimosia, mas por lealdade. Não tenho dúvidas de que se o Inácio fizesse uma figura daquelas, o Bruno de Carvalho seria gajo para olhar vinte jornalistas nos olhos e garantir que não só não tinha qualquer ligação com Augusto Inácio como nunca sequer o conhecera pessoalmente. (Tal como não me custa nada a crer que, caso Rijkaard terminasse o campeonato no 8º lugar não seria despedido, mas que se Van Basten ficasse em 2º, a um ponto do primeiro, o seu cadáver seria encontrado duas semanas depois a boiar no Mar da Palha).
Falemos portanto de Godinho Lopes (quem ainda não desistiu até agora tem a minha incrédula admiração). Se a narrativa de “Mudança-radical-para-correr-com-o-lixo-da-última-década vs. Mudança-sustentada-para-também-evitar-o-abismo-populista” colar, é de esperar que a eleição se decida por uma versão sportinguista do “fear vote”: vacilar durante um mês, para chegar às urnas e acabar por escolher o “candidato mais seguro”. Que nesta altura das festividades, os conceitos “Godinho Lopes” e “candidato mais seguro” ainda coexistam na mesma estrutura semântica é um tributo à exaustivamente sebosa campanha dirigida pelo labrego do Cunha Vaz, mas também o mitema desta eleição que mais me custa a aceitar. Estamos a falar de um candidato que predicou a sua estratégia em questionar os pormenores do método de financiamento do seu oponente mais forte, mas que, quatro debates e mil e seiscentas perguntas depois, continua a explicar os pormenores do seu método de financiamento com variações estilísticas sobre os conhecidos poemas “Eu Sou Credível” e “Eu Efectuei Contactos Junto de Instituições”; um candidato que em duas ocasiões diferentes deu a ideia de que a sustentabilidade do Sporting pode ser garantida através de casamentos, baptizados e bombas de gasolina; um candidato que convocou os papões de “Vale e Azevedo” e “fim do Sporting” para a narrativa eleitoral no mesmo dia em que garantiu a uma rádio “não querer falar dos adversários” e no mesma semana em que permitiu a membros da sua lista fazerem um bombardeamento de lama na imprensa de que o próprio Vale e Azevedo se orgulharia; um candidato que conseguiu dotar o conceito de “continuidade” com propriedades da física quântica – ele é da “continuidade” das coisas boas durante os quatro anos em que lá esteve, mas não da “continuidade” das coisas más (em que se incluem a derrapagem financeira na construção do Estádio e a milagrosa multiplicação do passivo, entre outras proezas “credíveis”).
Apesar dos indefectíveis da narrativa do “candidato credível” serem uns quantos, suponho que o principal (talvez o único) motivo pelo qual Godinho Lopes ainda tem hipóteses de ganhar isto se chama Luís Duque. Compreendo, e admito que é também o único motivo pelo qual não me vou suicidar na eventualidade de esta gente ganhar. Nunca seria capaz de votar numa lista que incluisse o Paulo Pereira Cristóvão e o Carlos Barbosa nem que me mostrassem contratos-promessa com o Xavi e o Iniesta assinados a sangue, mas o Luis Duque é uma ténue réstia de esperança naquela carroça de esterco eleitoral. Mas convém lembrar também que o Luis Duque que guiou um plantel barato e limitado ao fim do jejum, foi o mesmo que destruiu o mesmo plantel em dois meses, trazendo uma dúzia de internacionais a “custo zero”, mas com salários absurdos e idades que excluiam qualquer possibilidade de lucro futuro – doutrina que me parece estar a preparar-se para repetir – e o mesmo homem volátil que, como na sua primeira passagem pelo clube, pode demitir-se se um dia acordar mal-disposto.
Estou claramente a divagar e a perder o interesse no meu próprio argumento, portanto siga para Bruno de Carvalho, que em dois meses passou de “candidato simpático” a Adolf Hitler, e que ofereceu aos seus leais oponentes um “fundo” para contaminar qualquer hipótese de debate. Quem viu o debate de quarta-feira na Sport TV não terá perdido os quinze esclarecedores minutos em que Dias Ferreira tentou martelar a tecla do “direito de veto” dos investidores, enquanto abanava a cabeça e confessava que “só queria perceber bem como funcionava”, naquele estilo de quem diz “mas o que é então essa modernice do facebook?”. Um argumentozinho tão demagógico e absurdo que o próprio Bruno de Carvalho emudeceu, certamente ocupado a recapitular as alíneas do código penal que o impediam de degolar todos os cretinos presentes no estúdio, tendo demorado dois dias a reagir e a obrigar Dias Ferreira e Godinho Lopes a admitir que nos seus próprios “fundos” (eles agora também já usam a palavra, realçando no entanto que são “fundos diferentes”) também vão ter direito de veto dos investidores, a coisa menos problemática e confusa da história da humanidade para qualquer pessoa capaz de entender que alguém que investe num negócio cujo lucro depende de se contratar um bom jogador para um dia vender mais caro não vai vetar jogadores só por insondáveis caprichos russos.
Mas até eu fraquejo, como vêem, e venho parar ao fundo, como se investimento estrangeiro em clubes de futebol fosse uma coisa inventada anteontem, como se a ideia de "investidores russos" fosse radicalmente diferente de “investimento árabe” ou “investimento estrangeiro”, como se Bruno de Carvalho se esgotasse no raio do fundo, e não fosse – de longe, de muito longe – o candidato que mais informação deu sobre quem é e o que pretende.
Nem tudo nele me agrada: mas agrada-me aquela cara, agrada-me aquela voz, agrada-me aquela sugestão de violência contida, agrada-me aquele verdete de esperteza saloia que é um salutar contraponto à conice engomada dos últimos tempos, agrada-me a intuição (e não passa disso) de que está ali uma tremenda raridade: um fanático competente. Para já, isso chega. Isto não é um Messias; é um gajo cujos defeitos e áreas cinzentas não são mais preocupantes do que os dos outros, mas cujas qualidades são, não apenas mais promissoras, como também promissoras num sentido perpendicular ao passado recente.
Isto não vai ser um “Yes, we can”. Vai ser um “oh well, maybe, what the hell”, que é preferível a dois “mmm, not that shit again” e a dois “eh? wtf, I don't think so”.
Dito isto, é bom que votem na pessoa Bruno, porque se isto não corre como eu quero sou capaz de tranferir a minha nova energia participativa para os problemas do país, e imaginem bem o que seria este blogue nos próximos dois meses.
Ao contrário deles, no entanto, vou exercer com relativa paz de espírito o direito conquistado pelos meus antepassados, pois parece-me perfeitamente claro que o apocalipse não está para breve. Aconteça o que acontecer, o Sporting não vai ser campeão europeu daqui a um ano, nem vai ser desmantelado daqui a seis meses. As opções neste acto eleitoral são as mesmas do costume: as coisas podem melhorar um bocadinho, ficar na mesma, piorar um bocadinho, ou (distinção crucial que analisaremos mais tarde em conjunto) piorar um bocado; no fundo, o que acontece em qualquer acto eleitoral em que não participem alemães.
Vou votar com dúvidas. Mas, como fui uma vez forçado a explicar à minha mãe, depois de ter respondido ingenuamente a uma pergunta que ela me fez com as palavras "Cavaco Silva", não me lembro de alguma vez ter votado de outra maneira. Voto sempre com suores frios, repleto de inseguranças, receoso de não ter digerido toda a informação relevante, suspeitando estar a votar por motivos aflitivamente superficiais, e mais ou menos incrédulo com o facto de a democracia continuar a sobreviver mesmo permitindo que paradigmas de adolescência política como eu participem no processo. Como tive a felicidade de não nascer na Alemanha, tem sempre corrido tudo bem, ou pelo menos de forma não-catastrófica, algo que eu considero imensamente satisfatório.
Se aceitarmos este conceito de “não-catástrofe” como um resultado aprazível, as eleições de amanhã ganham logo outro brilho, pois esse resultado está garantido. Depois, o que há a fazer é um cálculo mental neo-Rumsfeldiano de known unknowns, unknown unknowns, etc., e quantificar na medida do possível as qualidades, defeitos, áreas cinzentas e pontos de interrogação de cada uma das opções, partindo sempre da mesma base aritmética emocional: este gajo pode ser um atrasado mental, mas enfim.
Vamos portanto praticar Matemática, altura em que abro um pequeno precedente para começar por Abrantes Mendes. Não quero cometer a indelicadeza de negar ao Abrantes Mendes uma molécula da sua humanidade, mas enquanto este argumento se desenrola, os leitores mais atentos vão reparar que, na minha cabeça, o Abrantes Mendes não é um ser humano – com opiniões, idiossincrasias, sentimentos, etc. – mas sim uma idealização. Abrantes Mendes é o arquétipo do sportinguista que só existe na cabeça de benfiquistas, portistas, e sportinguistas com idade suficiente para terem partilhado uma charrete com o bisavô do Francisco Stromp. “Abrantes Mendes” está para “Sporting” como “Barbas” está para “Benfica”, “João Carlos Espada” está para “Direita” e “Marlboro Man” está para “Marlboro Man”. Curiosamente é a opção eleitoral mais previsível. No meio de quatro semi-enigmas, Abrantes Mendes é um horóscopo feito por profetas, um ecrã sintonizado para o futuro: o Sporting que ele representa, o Sporting que ele sente, o Sporting que ele pensa, o único Sporting que ele é capaz de conceber, é o Sporting “diferente”, o Sporting do realismo, o Sporting da integridade, o Sporting da derrota digna, o Sporting que é enxovalhado de cabeça erguida. Evidentemente, admiro muito a postura digna, coerente e romântica que Abrantes Mendes conseguiu manter durante a campanha, mas também detesto o Abrantes Mendes e já não aguento ver aquelas trombas dignas, coerentes e românticas à frente.
Passemos com celeridade a Pedro Baltazar. Este é simples: claramente menos parvo do que me pareceu no início, e até com algumas qualidades inesperadas, mas ainda assim, e com larga vantagem, o líder nas preferências dos humoristas nacionais e dos adeptos adversários em idade escolar. Pedro Baltazar é o presidente de clube rival com quem todos sonhamos no ciclo preparatório. Alguém que percebe menos de futebol do que o Pedro Mexia e o Rui Tavares juntos, sempre a duas sílabas da gaffe mais próxima e a três espasmos musculares de uma saída chanfrada, comportando-se genericamente como um cocktail blasfemo de Dan Quayle e Basil Fawlty. É o candidato excêntrico, seria uma terceira opção deprimente, mas, assim como assim, quero-o longe dali.
Dias Ferreira. Considero o voto em Dias Ferreira (uma assustadíssima segunda opção) o voto mais arriscado de todos, por um simples motivo: votar em Dias Ferreira é votar exclusivamente numa personalidade. Esse elemento estará presente em qualquer voto, mas neste caso é o único elemento, pois estaremos a votar numa personalidade que acha que o seu atributo mais recomendável é a sua personalidade. Dias Ferreira é o candidato que admite sem quaisquer problemas que o seu “projecto” está no interior da sua cabeça, é o candidato que confia em si próprio para chegar lá e “ver como é que é”, é o candidato cuja estratégia se esgota na crença nas suas respostas intuititvas e capacidade de improviso – e que exige de cada apoiante a mesma crença, pois não há rigorosamente mais nada. A personalidade de Dias Ferreira, não me inspirando confiança absoluta, também não me desagrada, mas há ali um factor crucial – há ali uma fraqueza – que não se ultrapassa: a lealdade. Como demonstrou em situações passadas – por exemplo, na intransigência psicótica com que defendeu Carlos Queirós para lá dos limites de Mohandas Gandhi – Dias Ferreira é leal às pessoas até à morte, ou até ao suicídio. Como aquele muçulmano a quem o Kevin Costner salva a vida no "Robin dos Bosques" e que depois o segue até Inglaterra, Dias Ferreira acha que qualquer pessoa que aceite um convite seu merece gratidão irrevogável para toda a eternidade. Isto é problemático quando se gere qualquer instituição, ainda mais quando se trata de uma instituição tão específica como um clube de futebol e ainda mais quando se trata de uma instituição tão especificamente específica como o Sporting, onde a qualquer momento pode ser imperativo despedir um amigo de trinta anos, ou humilhar publicamente um antigo camarada da tropa. Para Dias Ferreira, a lealdade humana sobrepõe-se sempre ao que é melhor para a instituição, e isso num clube de futebol pode ser desastroso. Calculo que nesta altura já todos os cidadãos portugueses (inclusivamente o Pacheco Pereira) tenham visto a “apresentação de projecto” de Paulo Futre, portanto limito-me a salientar que apesar de o Dias Ferreira ter convidado o Paulo Futre para um cargo directivo por incompetência ou irresponsabilidade, vai manter-se com ele até ao fim, não por casmurrice ou teimosia, mas por lealdade. Não tenho dúvidas de que se o Inácio fizesse uma figura daquelas, o Bruno de Carvalho seria gajo para olhar vinte jornalistas nos olhos e garantir que não só não tinha qualquer ligação com Augusto Inácio como nunca sequer o conhecera pessoalmente. (Tal como não me custa nada a crer que, caso Rijkaard terminasse o campeonato no 8º lugar não seria despedido, mas que se Van Basten ficasse em 2º, a um ponto do primeiro, o seu cadáver seria encontrado duas semanas depois a boiar no Mar da Palha).
Falemos portanto de Godinho Lopes (quem ainda não desistiu até agora tem a minha incrédula admiração). Se a narrativa de “Mudança-radical-para-correr-com-o-lixo-da-última-década vs. Mudança-sustentada-para-também-evitar-o-abismo-populista” colar, é de esperar que a eleição se decida por uma versão sportinguista do “fear vote”: vacilar durante um mês, para chegar às urnas e acabar por escolher o “candidato mais seguro”. Que nesta altura das festividades, os conceitos “Godinho Lopes” e “candidato mais seguro” ainda coexistam na mesma estrutura semântica é um tributo à exaustivamente sebosa campanha dirigida pelo labrego do Cunha Vaz, mas também o mitema desta eleição que mais me custa a aceitar. Estamos a falar de um candidato que predicou a sua estratégia em questionar os pormenores do método de financiamento do seu oponente mais forte, mas que, quatro debates e mil e seiscentas perguntas depois, continua a explicar os pormenores do seu método de financiamento com variações estilísticas sobre os conhecidos poemas “Eu Sou Credível” e “Eu Efectuei Contactos Junto de Instituições”; um candidato que em duas ocasiões diferentes deu a ideia de que a sustentabilidade do Sporting pode ser garantida através de casamentos, baptizados e bombas de gasolina; um candidato que convocou os papões de “Vale e Azevedo” e “fim do Sporting” para a narrativa eleitoral no mesmo dia em que garantiu a uma rádio “não querer falar dos adversários” e no mesma semana em que permitiu a membros da sua lista fazerem um bombardeamento de lama na imprensa de que o próprio Vale e Azevedo se orgulharia; um candidato que conseguiu dotar o conceito de “continuidade” com propriedades da física quântica – ele é da “continuidade” das coisas boas durante os quatro anos em que lá esteve, mas não da “continuidade” das coisas más (em que se incluem a derrapagem financeira na construção do Estádio e a milagrosa multiplicação do passivo, entre outras proezas “credíveis”).
Apesar dos indefectíveis da narrativa do “candidato credível” serem uns quantos, suponho que o principal (talvez o único) motivo pelo qual Godinho Lopes ainda tem hipóteses de ganhar isto se chama Luís Duque. Compreendo, e admito que é também o único motivo pelo qual não me vou suicidar na eventualidade de esta gente ganhar. Nunca seria capaz de votar numa lista que incluisse o Paulo Pereira Cristóvão e o Carlos Barbosa nem que me mostrassem contratos-promessa com o Xavi e o Iniesta assinados a sangue, mas o Luis Duque é uma ténue réstia de esperança naquela carroça de esterco eleitoral. Mas convém lembrar também que o Luis Duque que guiou um plantel barato e limitado ao fim do jejum, foi o mesmo que destruiu o mesmo plantel em dois meses, trazendo uma dúzia de internacionais a “custo zero”, mas com salários absurdos e idades que excluiam qualquer possibilidade de lucro futuro – doutrina que me parece estar a preparar-se para repetir – e o mesmo homem volátil que, como na sua primeira passagem pelo clube, pode demitir-se se um dia acordar mal-disposto.
Estou claramente a divagar e a perder o interesse no meu próprio argumento, portanto siga para Bruno de Carvalho, que em dois meses passou de “candidato simpático” a Adolf Hitler, e que ofereceu aos seus leais oponentes um “fundo” para contaminar qualquer hipótese de debate. Quem viu o debate de quarta-feira na Sport TV não terá perdido os quinze esclarecedores minutos em que Dias Ferreira tentou martelar a tecla do “direito de veto” dos investidores, enquanto abanava a cabeça e confessava que “só queria perceber bem como funcionava”, naquele estilo de quem diz “mas o que é então essa modernice do facebook?”. Um argumentozinho tão demagógico e absurdo que o próprio Bruno de Carvalho emudeceu, certamente ocupado a recapitular as alíneas do código penal que o impediam de degolar todos os cretinos presentes no estúdio, tendo demorado dois dias a reagir e a obrigar Dias Ferreira e Godinho Lopes a admitir que nos seus próprios “fundos” (eles agora também já usam a palavra, realçando no entanto que são “fundos diferentes”) também vão ter direito de veto dos investidores, a coisa menos problemática e confusa da história da humanidade para qualquer pessoa capaz de entender que alguém que investe num negócio cujo lucro depende de se contratar um bom jogador para um dia vender mais caro não vai vetar jogadores só por insondáveis caprichos russos.
Mas até eu fraquejo, como vêem, e venho parar ao fundo, como se investimento estrangeiro em clubes de futebol fosse uma coisa inventada anteontem, como se a ideia de "investidores russos" fosse radicalmente diferente de “investimento árabe” ou “investimento estrangeiro”, como se Bruno de Carvalho se esgotasse no raio do fundo, e não fosse – de longe, de muito longe – o candidato que mais informação deu sobre quem é e o que pretende.
Nem tudo nele me agrada: mas agrada-me aquela cara, agrada-me aquela voz, agrada-me aquela sugestão de violência contida, agrada-me aquele verdete de esperteza saloia que é um salutar contraponto à conice engomada dos últimos tempos, agrada-me a intuição (e não passa disso) de que está ali uma tremenda raridade: um fanático competente. Para já, isso chega. Isto não é um Messias; é um gajo cujos defeitos e áreas cinzentas não são mais preocupantes do que os dos outros, mas cujas qualidades são, não apenas mais promissoras, como também promissoras num sentido perpendicular ao passado recente.
Isto não vai ser um “Yes, we can”. Vai ser um “oh well, maybe, what the hell”, que é preferível a dois “mmm, not that shit again” e a dois “eh? wtf, I don't think so”.
Dito isto, é bom que votem na pessoa Bruno, porque se isto não corre como eu quero sou capaz de tranferir a minha nova energia participativa para os problemas do país, e imaginem bem o que seria este blogue nos próximos dois meses.
84 comentários:
És grande.
Muito bom. Quase me convences. Quase... mas e o Inácio pá? Não tens medo do Inácio a mandar naquilo e a escolher jogadores? Eu tenho e não sei se consigo altrupassar isso.
Tiraste-me as palavras da boca... ;o)
Texto fantástico, parabéns
O melhor texto - a milhões de milhas de todos os outros - de toda a nossa campanha eleitoral. Mais um motivo para ver se ganhamos isto amanhã. Já nem penso noutra coisa :)
Já o terei dito num comentário a post anterior, mas fique a saber que pelo menos uma pessoa alterou a orientação de voto por causa do que aqui foi lendo. Espero voltar cá amanhã para ler o post da comemoração.
"Calculo que nesta altura já todos os cidadãos portugueses (inclusivamente o Pacheco Pereira) tenham visto a “apresentação de projecto” de Paulo Futre"
confesso que não vi, mas só porque as minhas prioridades para tipos alucinados e claramente sob o efeito de estupefacientes vão, neste momento, para kadafi e carlos queiróz.
... estou aparvalhado, escrever e bem o que temos na alma não é para todos. Sinceramente o BdC é muito, mas muito melhor que todos os outros x os 50 milhoes russos para presidente, mas receio que nem todos os sócios votantes tenham a capacidade de perceber o que escreveste e muito bem.
Sinceramente os meus parabéns...
MJ Azevedo
Este texto é simplesmente fantástico. Há muito que não lia nada tão divertido como bem escrito. Parabéns! E vivó Sporting (com ou sem o chinês!)
Casanova,
se depois destas semanas alucinantes tu deixas outra vez morrer o blog vou rogar uma praga ao sporting por vingança.
Man, o gajo vai enterrar ainda mais o sportem (é bocejantemente óbvio), mas já valeu por este naco.
O Bruno de Carvalho é um perigo. Vou votar no Duque, no Carlos Freitas e no Domingos, este clube não é para para putos (e eu tenho mais votos do que tu, a menos que já fosses sócio quando ainda estavas nos colhões do teu avô).
Se depois desta campanha ainda há gente disposta a votar nos mafiosos Godinho e Cia. eu também desisto e viro-me para o país como tu. Se estes abutres ganharem, anjinhos como o comentador anterior têm o que merecem, mas não contem com as minhas quotas para encher o cu a bandidos. Grande post.
Casanova, és o maior! Se te candidatasses eu votava em ti.
Um adepto trouxe-me ao texto. Grande seca ... antes um debate entre os cinco. E pior não se pode dizer (ainda que haja os sócios de lugar cativo do aplauso)
Excelente. Tudo o que é preciso saber sobre os cinco candidatos está aqui. Devias era ter postado mais cedo para ver se convencias mais gente. E para a próxima pões uns bonecos no meio para não aborreceres o jpt.
Quase dá vontade de uma pessoa se fazer sócio do Sporting, mesmo não sendo sportinguista. És grande, miúdo.
É p'ra ganhar caralho! É ganhar caralho! Ganhar ganhar ganhar!
caguei. tenho 7 votos. devem ser mais do que os teus e vou votar no duque. sim, voto no duque que o godinho não manda nada. é um pateta, não gosto dele, mas tem o duque. é um pensamento de merda? será. mas vale para o carvalho e sua lista.
a bem da verdade, carvalho provou zero no futebol e tem uma lista de merda.
foda-se, votar num tipo que mete o inácio e o virgílio a mandar naquilo?
e o morato? esqueceu-se dele?
com o zé eduardo a apoiar?
com palavras elogiosas do rui santos?
porra, isto é tudo horrível.
eu mais depressa confiava o futebol do meu clube ao futre, encharcado de cocaína, que ao inácio e ao virgílio.
o duque percebe mais disto que o inácio e o virgílio e o teu grande presidente e as suas 7 ou 8 versões do fundo e o van basten e o hilário e o zé eduardo e a maria armanda e o eduardo barroso e o daniel sampaio juntos. mais os russos. não há mais ninguém que o apoie, pois não? fora tu, os humoristas e a "juventude" toda - o que te devia querer dizer qualquer coisa.
...
"Mas convém lembrar também que o Luis Duque que guiou um plantel barato e limitado ao fim do jejum, foi o mesmo que destruiu o mesmo plantel em dois meses, trazendo uma dúzia de internacionais a “custo zero”, mas com salários absurdos e idades que excluiam qualquer possibilidade de lucro futuro – doutrina que me parece estar a preparar-se para repetir – e o mesmo homem volátil que, como na sua primeira passagem pelo clube, pode demitir-se se um dia acordar mal-disposto."
tens razão. mas esses tais internacionais, assim de cabeça, incluíram o paulo bento, o rui bento, o joão pinto, o sá pinto e o maluco do irlandês do babb. correcto? acaba por me parecer uma péssimo argumento: foram cinco titulares no ano boloni. junte-se nelson, rui jorge, cesar prates, andré cruz (duque/freitas), barbosa e jardel (freitas/telles/bettencourt).
viva o gordo. viva o duque.
Vai ser uma cruzinha no Pedro Baltazar e mai'nada. Enerva-me a voz do Bruno de Carvalho, ainda que fizesse o Izmailov sentir-se em casa. E o Djalov e o Postiganov iam ser os melhores marcadores do campeonato. Mas prefiro o Pe-pe-Pedro.
"tens razão. mas esses tais internacionais, assim de cabeça, incluíram o paulo bento, o rui bento, o joão pinto, o sá pinto e o maluco do irlandês do babb. correcto? acaba por me parecer uma péssimo argumento: foram cinco titulares no ano boloni."
Pois foram titulares. E até ajudaram a ganhar um campeonato e uma taça. E sabe ao que é que ajudaram mais? A um prejuízo combinado da SAD para esses dois anos de 44 milhões de euros (mais os 27 da época seguinte), que nunca poderiam ser compensados com vendas pois os jogadores andavam todos na casa dos 30 anos. O modelo desportivo de contratar jogadores em fim de carreira com ordenados chorudos e sem hipótese de retorno é claramente insustentável para um clube como o SCP. E o descalabro financeiro começou aí...
P.S: leiam este post para "refrescar" as memórias: http://ultimaroulote.blogspot.com/2011/03/o-sporting-de-godinho-lopes-e-luis.html
5 estrelas. melhor post que li até agora sobre as eleições. pior são alguns comentários de "sócios" que teimam em não tirar as palas. parecem masoquistas ó caralho. querem continuar a apanhar no rabinho mais uns anos e ainda por cima a pagar? força, votem lá nos vossos míticos "gordos" e "credíveis" que eles fazem-vos a vontade.
nem conhecia o blog mas os meus sinceros parabéns, ganda texto.
a verdade é que tou como o anonimo, o godinho é horrivél (parece que tentam perder a eleição de proposito com a sua escolha) mas não resisto ao futebol appeal da tripleta Duque/Freitas/Domingos...o Lopes não manda nada
se o Carvalho tivesse Duque/Freitas/treinador de jeito ia de joelhos pagar 8 anos de quotas em atraso só pa lhe dar o meu voto..mas a equipa dele nem pa dirigir o Belém serve..espero estar enganado se ele ganhar.
estas são as unicas listas que não me farão cagar de vez no Grande Sporting! porque se ganhar qq um dos outros adeus ó vai te embora.
já agora o prof.MMoniz Pereira e o eterno capitão Manel também me fazem esquecer que detesto a figura do Godinho.. abraços
JPT acha este texto uma "grande seca", próprio para "sócios de lugar cativo do aplauso" (ui..).
Só espero é que não seja algum inchaço do autor de ma-schamba, coisa já vista aliás. Dizer o quê? Que me ia caindo o queixo no teclado? Que lá porque eu diga que os elefantes são roxos queira dizer que os elefantes são mesmo roxos?
Excelente post. É inacreditável o receio odioso, que alguns adeptos/sócios demonstraram ao longo da campanha, para com o único candidato que explicou as suas ideias e acções com relativa clareza, pelo menos passíveis de serem analisadas pelo seu mérito desportivo e financeiro, ao mesmo tempo que exultam um passado que trouxe a ruína financeira a uma enorme instituição portuguesa, e um treinador que se receber um telefonema do Pinto da Costa, não vai ter problemas em deixar os dirigentes e sportinguistas que tanto o admiram com as calças nas mãos... novamente.
Já passa das oito, as urnas estão fechadas, os votos estão a ser contados. Espero que dêem a vitória ao candidato que, tal como disseste, não é o Messias, mas que é detentor de um inconformismo, de uma frieza, que esconde uma paixão vulcânica, que pode trazer um muito necessário vento de mudança para os lados de Alvalade.
Casanova, já estás a festejar?
pelo que consegui perceber dos horários do casanova ele deve estar a acordar agora.
O texto está muito bom - como é habitual. Os comentários têm piada - gosto dos dois cromos que argumentaram com uma variação de "caguei, eu é que sou o mais velho, eu é que decido". Mas agora que sabemos que o Sporting vai voltar a ser o mesmo dos últimos tempos, muito bem-comportado e habitualmente derrotado, gostava de saber como faço para esquecer o Sporting e começar a dedicar-me às corridas de cavalos. Como não devo voltar a Alvalade tão cedo estava a pensar em deixar de pagar quotas para poder começar a fazer apostas.
Ok, os textos sobre futebol são bons. Mas veja lá se regressa à literatura e a colocar posts no blogue a horas indecentes.
Atão, não são os mais velhos que decidem as coisas? Queriam 1 homem, 1 voto, não? Estávamos bem lixados! Outra coisa, para todos os gajos que deliraram com este texto, o que um "mitema"? Os dicionários passam directamente de "mitela" para "mitene", quer dizer que andou tudo a delirar com um texto sem sentido? Benzós Deus - e viva o Duque!
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitema
O meu problema com o texto é outro. É, através de estilo e retórica, apresentar o indefensável como melhor opção - uma pessoa é então melhor do que outra porque não é fiel a amizades e princípios, hein, Casanova? Realfutebolik, suponho...
Volte lá aos russos que valem a pena: Tolstoi, Dostoievski, Turguenev, Tchekhov, etc.
Bruno Carvalho prepara-se mesmo para avançar com um pedido de impugnação das eleições do Sporting, às quais se apresentava como candidato da Lista C a presidente do emblema leonino.
Foi comunicado divulgado no «Facebook», na página oficial do movimento «Por um Sporting sem complexos», que o empresário de 39 anos confirmou essa intenção:
«Infelizmente só agora me posso dirigir a todos pois apenas sai de Alvalade às 08h30.
Em primeiro lugar quero agradecer a todos esta magnífica campanha e o apoio de todos. Houveram muitas inconformidades e por isso iremos impugnar estas eleições. Temos de manter a calma e acreditar que lutarei pelo Sporting CP até ao fim. O nosso staff já está a cumprir os tramites legais de contestação e peço a todos que mantenham a confiança em mim e que não existam actos que não dignifiquem o nosso clube. Sempre juntos havemos de vencer! Viva o Sporting CP!»
...
"Houveram"?
Manifestação este Domingo às 20:30, junto à entrada do Hall VIP, contra a chapelada montada pela lista de oportunistas liderada por Godinho Lopes.
Estão a falar de mim?
Para que não se julgue que não demonstro lealdade a este texto, venho aqui fazer uma coisa que me repugna (contacto directo com o povo) e dialogar com o jaa, que disse o seguinte:
"O meu problema com o texto é outro. É, através de estilo e retórica, apresentar o indefensável como melhor opção - uma pessoa é então melhor do que outra porque não é fiel a amizades e princípios, hein, Casanova? Realfutebolik, suponho..."
Após recontagem rigorosa dos meus estupendos argumentos, não encontrei nada que possa ser interpretado como "uma pessoa é melhor do que outra porque não é fiel a amizades e princípios". O que eu digo é que a lealdade suicida a certas pessoas é uma fraqueza em quem exerce cargos de responsabilidade. O que eu acho (e até posso estar errado, embora isso quase nunca aconteça) é que o Dias Ferreira é cegamente leal a pessoas em quem confia, e que a sua lealdade cega implica que essas pessoas, por definição, nunca são incompetentes.
Isto parece-me mau: no futebol, mas também em todas as outras coisas menos importantes, tipo o Mundo.
Enquanto o fantoche Godinho Lopes não explicar as contas da marosca bem explicadinhas, bem pode ficar com o clube, maior será a sua queda. Li isto ontem e fiquei banzado: http://golpenosporting.blogspot.com
Espero que seja mentira, espero mesmo que tudo não passe de um grande equívoco.
Uau, você deu-se ao trabalho de responder! Decididamente, o futebol tira as pessoas do sério. Considerando que já é a segunda vez que o faz, suponho que me posso sentir privilegiado. Ou então Pynchon e Sporting funcionam consigo como os furões com os coelhos: fazem-no sair da toca.
Vejamos:
1. "onde a qualquer momento pode ser imperativo (...) humilhar publicamente um antigo camarada da tropa."
A sério? "Humilhar"?
2. "o Bruno de Carvalho seria gajo para olhar vinte jornalistas nos olhos e garantir que não só não tinha qualquer ligação com Augusto Inácio como nunca sequer o conhecera pessoalmente. (Tal como não me custa nada a crer que, caso Rijkaard terminasse o campeonato no 8º lugar não seria despedido, mas que se Van Basten ficasse em 2º, a um ponto do primeiro, o seu cadáver seria encontrado duas semanas depois a boiar no Mar da Palha)."
E isto é portanto uma coisa boa?
Já com o conteúdo do seu comentário ao meu comentário, Casanova, só posso concordar (adversativa entre parêntesis exceptuada, bem entendido).
Voltamos a falar quando o Pynchon lançar mais um livrito, ok? Ou o Sporting for campeão. O que acontecer primeiro.
P.S.: Não quer aproveitar melhor o seu tempo e escrever qualquer coisa a desancar no Ponto Ómega, do DeLillo? Eu até gostei mas eu, apesar de sportinguista, tenho problemas de gosto.
P.P.S: E fico satisfeito por constatar que o seu comentário já foi colocado a uma hora mais anormal.
Ó jaaaaa, mas vocês alguma vez leu este blogue? Ou outra coisa qualquer? É preciso explicarem-lhe devagarinho que isto não é o blogue do rei ghob e que quando se fala de cadáveres no mar da palha se calhar tá-se só a brincar? Gajos que votam no Duque, paranóicos das contagens e agora tipos que não sabem ler. Estes comentários é só malucos, fodace!
Casanova, estou à espera que te pronuncies sobre a golpada para decidir se vale a pena ou não ir aos cornos ao Godinho Lopes. Vá, damos-te mais 24 horas.
E se quiseres que parta a boca aquele cromo que votou no Baltazar ou a este jaa, também é só dizeres. Se ficar em caminho.
Alguém me ajude, por favor, eu e centenas de amigos meus estamos aqui a boiar no Mar da Palha!
Esperem aí quietinhos que eu já vos vou salvar.
hahahahahaha, agora o treinador do Gordinho diz que já não é o Domingos mas sim o Rui Vitória do Paços, hahahahahahah, isto para o ano vai ser melhor que o Pal Serge, hahahahah. A lagartagem é do melhor que há, tinham o Rikard e o van basten e foram escolher o treinador do Paços, hahahahaha.
P.P.S.: Mas também demonstra que, quando há talento, é "embaraçosamente" fácil um fanático estar errado e ser interessante ao mesmo tempo. Ípsilon, 25 de Março de 2011.
Não que ache que você seja fanático, Casanova. Mas algumas das pessoas que o lêem - ou, pelo menos, que leram estes seus textos sobre as eleições no Sporting - talvez sejam.
P.P.P.P.S: Era P.P.P.S, carago!
Primeiro foi o mais peor e a Helena Sacadura Cabral na mesma caixa de comentários, agora é um tótó dos livros perdido no meio de grunhos da bola. Este blogue anda a ficar com uma audiência muito heterogénea.
Grunho da bola é o teu avô, ó caralho.
fodi-vos a todos, ganhei as eleições.
mesmo com aquele pateta. é obra, admitam lá. palmas para mim.
deixem-me agora tentar foder o orelhas e o jorge nuno.
parabéns por este texto, amigo casanova, foste incapaz de dizer mal de mim a sério. mostra que não está tudo perdido para ti (apesar de apoiares excentricidades como o inácio e o virgílio).
acho que estou mais gordo com estes almoços nos núcleos.
Ó hetero, isto não foi escrito por causa de ti mas deve aplicar-se-te tão bem que não resisto:
http://escafandro.blogs.sapo.pt/280603.html
o sporting, nos dias que correm, já ne as suas eleiçoes é capaz de ganhar. Arrumem lá essa merda, que este fim de semana ja ha futebol a serio.
Ó jaa, isto não foi escrito por causa de ti, mas deve aplicar-se tão bem ao teu olho da peida que não resisto: um enorme caralho.
Párem de g-g-g-g-ozar com a m-m-minha mmmmm-aneira de f-f-f-f-alar, f-f-f-fodace! Isso n-n-n-não se f-f-faz a n-n-ning-g-g-guém, pá!
Eh-eh, adoro quando as pessoas validam o que escrevo.
No fundo quero apelar à calma (de qualquer maneira é fisicamente impossível rasgar estes novos cartões de sócio). É capaz de correr tudo bem a longo prazo.
Dá trabalho mas olha que com uma tesoura bem amolada faz-se aquilo em 2 minutos.
usa uma tesoura, burro do caralho!!
Isso da tesoura é sobre o cartão de sócio ou faz parte de outro diálogo ali em cima?
era só sobre o cartão, peço desculpa por nao ter sido mais explicito
Rasgar o cartão de sócio e cortar o cartão de sócio com uma tesoura parecem-me actos de tendência sexual bem distinta.
peço desculpa mais uma vez; para os socios lagartos que não são homens suficientes, por favor usar a tesoura.
Boa tarde
Julgo que este blogue será do seu interesse.
Melhores cumprimentos
Prof. Cocó
http://naopuxestaodepressaesseautoclismo.blogspot.com/
caro Casanova, repare: é a delegada para juventude do Godinho Lopes http://www.youtube.com/watch?v=R6Xz8fSIMh4&feature=player_embedded
imagino que ja tenhas lido, mas so para prevenir:
"Imagine walking into a place, say a mega-chain copy shop in a strip mall. It's early morning, and you're the first customer. You stop under the bright fluorescents and let the doors glide closed behind you, look at the employees in their corporate-blue shirts, mouths open, shuffling around sleepily. You take them in as a unified image, with an impenetrable surface of vague boredom and dissatisfaction that you're content to be on the outside of, and you set to your task, to your copying or whatever. That's precisely the moment when Wallace hits pause, that first little turn into inattention, into self-absorption. He reverses back through it, presses play again. Now it's different. You're in a room with a bunch of human beings. Each of them, like you, is broken and has healed in some funny way. Each of them, even the shallowest, has a novel inside. Each is loved by God or deserves to be. They all have something to do with you: When you let the membrane of your consciousness become porous, permit osmosis, you know it to be true, we have something to do with one another, are part of a narrative—but what? Wallace needed very badly to know. And he sensed that the modern world was bombarding us with scenarios, like the inside of the copy shop, where it was easy to forget the question altogether. We "feel lonely in a crowd," he writes in one of his stories, but we "stop not to dwell on what's brought the crowd into being," with the result that "we are, always, faces in a crowd." "
http://www.gq.com/entertainment/books/201105/david-foster-wallace-the-pale-king-john-jeremiah-sullivan?printable=true
Sugestões de pautas para o retorno literário:
- Nos contar sua descoberta de Saul Bellow
- Elaborar uma lista de livros de Philip Roth em ordem decrescente de preferência
- Avaliar A Dócil, Sonho de um homem ridículo e outras novelas ditas menores de Dostoiévski
Obrigado pelo link do DFW. Estes gestos comovem-me.
E não estejam preocupados comigo, eu agora vou dormir um bocadinho e quando acordar vai ser tudo maravilhoso.
Casnova acorda e vai ao novo blog BOMBA NO VISCONDE
www.bombanovisconde.blogspot.com
ANTI VISCONDES GODINHOS E AFINS
Isto é que é:
http://graememitchell.com/blog/wp-content/uploads/2007/09/thomas_pynchon.jpg
queriam-no? Ai o têm.
casanova, sabes se o artigo da zadie smith sobre o DFW está online?
para troca, tenho esta espectacular entrevista ao John Updike: http://www.charlierose.com/view/interview/9495
quote: o puyol é o astérix do barcelona.
Um dia, 'quando eu me reformar' e tiver tempo 'para fazer o que nunca fiz', talvez escrevinhe aqui um comentário incendiário de 7.000 caracteres a verberar o atrevimento do cidadão, eleitor e contribuinte 'Rogério Casanova', que terá arquitectado uma maneira de ludibriar os cidadãos, eleitores e contribuintes que editam o 'Ípsilon', levando-os a confundir o Tom-McCarthy-escritor com o Tom-McCarthy-actor-e-realizador-que-entra-no-The-Wire.
Mas agora não dá, não dá, porque combinei ir pescar trutas no deserto do Sahara e já estou atrasado. 'Ainda por cima com esta crise, e tudo', etc. etc.
(sinceramente, esta parece-me a hipótese mais plausível para justificar o lapso; mas, se este derivar da clássica confusão-de-fotografias-gerada-por-motor-de-busca, acho que devíamos regozijar-nos por o primeiro resultado do Google não ser o Tom McCarthy que nos promete uma receita mirabolante para 'reach higher levels of success in life' mediante uma 'mental diet'.)
Alguém aí tem a crítica do Updike pra Operação Shylock?
Eu tenho. Preferes que te dê o link, ou que te envie a crítica em pdf?...
Caso prefiras a primeira alternativa, é só seguires este link:
Co'a breca, não apareceu. O link para a crítica do Updike é este:
http://xhamster.com/
Isto já não é um blogue, é uma cena do Fermata, de Nicholson Baker, sem as gajas.
http://randysfurco.blogspot.com/2011/08/prophetic-poems-by-randy-s-furco-me.html
Devagar devagar este ano talvez chegue lá
Vamos a eles que Portugal não está em promoção
Olá, Rogério. Beijinhos.
Rogério, comia-te todo.
onde é que este ilustríssimo anda a escrever agora?
«A Censura anda muito activa nos comentários dos blogs. Espero que deixe passar este comentário.
Em www.anticolonial21.blogspot.com está a verdade inconveniente sobre a cópia de partes de «Cette nuit la liberté» por Miguel Sousa Tavares para o livro «Equador».
Enviar um comentário