segunda-feira, dezembro 15, 2008

Acabou por ser um bom fim-de-semana, só foi pena ter-me trancado a mim próprio fora de casa



Foi uma colossal empreitada logística, envolvendo um saco de desporto, um daqueles chouriços de lã que se colocam atrás das portas na Margem Sul para desencorajar as minhocas, um pezinho atarefado, uma chave do lado errado da porta, e um telemóvel a tocar. Nem o Fred Astaire se safaria dali com a dignidade intacta. Felizmente a situação já foi resolvida, graças à minha tia Micaela (um dos membros mais valorosos desse vasto exército de pessoas de famíla com chaves sobressalentes), e também à existência de outras casas, com outras pessoas e outras chaves.
Dói-me ligeiramente a cabeça por causa de tudo, mas creio não ser a única pessoa ansiosa por ver o que é que as manápulas gordurosas de Sam Mendes vão fazer de Revolutionary Road, um livro de que gosto quase tanto como de certos condimentos feitos à base de gemas de ovo e óleo vegetal (nunca vou perceber como é que não se entregou isto ao Paul Schrader). Estão aqui dois textos - que ainda não li, estou à espera que alguém me faça um café - sobre Revolutionary Road: um de James Wood, outro de Christopher Hitchens. Qual dos dois se assemelhará mais ao grunhido incoerente de um grande símio a besuntar as grades da jaula com as suas próprias fezes? Deixo a pergunta no ar, espalhando a sua essência.
Na imagem: caricatura de James Wood, aqui inexplicavelmente transformado por David Levine num italo-americano de Brooklyn, de camisa aberta e punhos cerrados, com ar ameaçador: "I will review the books, I will review your wife, and then I will review your momma".

3 comentários:

Unknown disse...

Obviamente este blog não é a encíclica pastoral...mas dado ser uma ovelha tresmalhada...perdi-me e reencontrei o bom pastor...neste blog...Parabéns pela crítica e ironia fina...um subtil abanar de consciências...
P.S. obviamente que o linkei no meu blog...para o rebanho ficar em boa companhia...

Anónimo disse...

«I will review the books, I will review your wife, and then I will review your momma.» Genial. Por muitos livros que o Wood comente, difícil vai ser superar esta frase.

Um abraço bolañiano (já terá direito a adjectivo, o rapaz?).

José Bandeira disse...

A despropósito, que idade terá o Levine? Caramba, quando eu era rapaz ele já não ia para novo (eu podia ver na Wikipedia, mas dizem que aquilo não é fiável). Alguns 110 anos, talvez.

Rogério, um bom ano para ti, o teu blogue é um dos sítios onde aprendo sempre alguma coisa de deliciosamente inútil, ao contrário de outros que insistem em explicar-nos... eh... coisas. Um abraço sincero.