quinta-feira, agosto 31, 2006
O dia maldito
(Nota: 14 de Maio é outro. Se este blog lá chegar, explicarei porquê.)
Convenhamos
Eu limitei-me a pedir-lhe o vinil emprestado. Não gastei dinheiro nenhum naquela porcaria, não senhor. Muito menos embaraçoso, convenhamos.
quarta-feira, agosto 30, 2006
...his first thought was of beggary of nerves...
« ... they reached Lucerne in the afternoon, where Adams found letters from his brothers requesting his immediate return to Boston because the community was bankrupt and he was probably a beggar.
If he wanted education, he knew no quicker mode of learning a lesson than that of being struck on the head by it; and yet he was himself surprised at his own slowness to understand what had struck him. For several years a sufferer from insomnia, his first thought was of beggary of nerves, and he made ready to face a sleepless night, but although his mind tried to wrestle with the problem how any man could be ruined who had, months before, paid off every dollar of debt he knew himself to owe, he gave up that insoluble riddle in order to fall back on the larger principle that beggary could be no more for him than it was for others who were more valuable members of society, and, with that, he went to sleep like a good citizen ...»
(The Education of Henry Adams)
Diferentes
O lema
Mas podia perfeitamente ser este verso de Hart Crane:
I can remember much forgetfulness
We're heading for Venus, and still we stand tall
Dedicatória
"De um autor de sucesso, que conseguiu combinar e fundir uma alma em repouso com uma mente em chamas, o tubo do enema com a lira do poeta."
terça-feira, agosto 29, 2006
Desassossego
Hoje, numa paragem de autocarro em Redditch, Worcestershire, um adolescente borbulhoso lia, de pé e visivelmente incomodado, uma tradução inglesa do Livro do Desassossego.
Taglines à procura de filme
They're back. And this time they've got better hardware.
Para uma futura adaptação do Ensaio Sobre a Cegueira, realizada por Spike Lee:
Even in the dark, all they see is white.
Para uma futura versão para cinema de Six Feet Under (Six Feet Under - The Movie):
They've put the "fun" back in funeral. Now they're exhuming it.
Para uma futura adaptação do Ulysses, de Joyce:
One city. One day. One book you'll never read.
Para um futuro biopic de George W. Bush, realizado por Oliver Stone:
The country that needed a man to lead it. The man who needed an atlas to find it.
Ainda vou a tempo
Coisas a fazer em Portugal
. comprar os Contos Completos, de Chekhov, na tradução portuguesa:
. comprar o dvd do Crime do Padre Amaro, para oferecer aos amigos escoceses devotos (versão legendada opcional);
. aprender finalmente a andar de bicicleta;
. cravar boleias aos primos, caso não haja tempo para aprender finalmente a andar de bicicleta;
. ir ao dentista;
. comer "peixe ao sal";
. falar contigo, contigo, contigo e contigo (vocês sabem muito bem quem são);
. evitar a todo o custo encontros com ele, ela e ela (que, infelizmente, também sabem muito bem quem são).
segunda-feira, agosto 28, 2006
A mina de ouro
Podem rever clips do Dartacão, do Justiceiro, dos Thundercats, dos Amigos de Gaspar e do Eng. Sousa Veloso. Anúncios históricos às esferográficas Bic, ao champô Quitoso e à manteiga Planta. Pequenos clips do Paradise Café, do Spectrum. E músicas da Lena d'Água.
E depois de ter perdido a minha infância com estas coisas, perdi também a tarde de hoje.
Acrósticos II
(Epicarmo, dramaturgo grego - e inventor do acróstico)
Acrósticos I
Por favor guardem um minutinho do vosso dia para lerem a história aqui.
Coisas explosivas
A agência de viagens na qual fiz a minha reserva para Lisboa disponibilizou simpaticamente uma lista de artigos que, de acordo com as novas normas de segurança, não podemos levar na bagagem de mão.
A lista faz-me pensar que andei a dormir nas aulas de Química. É que nem saberia por onde começar se quisesse mesmo fazer uma bomba com uma Pepsi, um leitor de mp3 e um boião de creme Nívea.
p.s.: Mas - em resposta a uma pergunta específica minha - uma nota de rodapé informa que o A Burnt-Out Case do Graham Greene, que tinha intenção de ler a bordo, é um "artigo seguro".
Graham Greene: um artigo seguro? Esta gente não sabe mesmo a quantas anda.
domingo, agosto 27, 2006
Hoje (e em muitos outros dias) ouve-se
Call me morbid, call me pale
I've spent six years on your trail
Six long years
On your trail
Call me morbid, call me pale
I've spent six years on your trail
Six full years of my life on your trail
And if you have five seconds to spare
Then I'll tell you the story of my life:
Sixteen, clumsy and shy
I went to London and I
I booked myself in at the Y.W.C.A.
I said : "I like it here - can I stay ? I like it here - can I stay?
Do you have a vacancy For a Back-scrubber?"
She was left behind, and sour
And she wrote to me, equally dour
She said : "In the days when you were hopelessly poor
I just liked you more..."
And if you have five seconds to spare
Then i'll tell you the story of my life:
Sixteen, clumsy and shy
That's the story of my life
Sixteen, clumsy and shy
The story of my life
(The Smiths, «Half a Person», Louder than Bombs)
O milagre subtractivo
Não escrevo isto bem disposto. Passei uma fase em que gostei muito de DeLillo, mas Cosmopolis, um dos piores romances que li neste século, foi a gota de água. Nunca é agradável - a incineração um antigo ídolo na pira dos afectos descartados. Aconteceu-me o mesmo com Rushdie, depois do sofrível Fury.
Mas isto passa-me.
Em nome do P@!, do F!*+º e do Es!**** S@*!º
A polícia local investigou o caso e, cinco meses depois, o jogador recebeu um aviso (que permanecerá no seu cadastro) por "perturbação da paz".
As piadas, essas, fazem-se praticamente sozinhas.
Alteração táctica
Dou assim por encerradas as minhas experiências com o espiritualismo de algibeira e com a boa vontade dos leitores regulares, regressando, já na próxima corrida, ao tried and tested: desenhar arabescos no boletim de apostas com a minha caneta da sorte, roer as unhas até ao sabugo, e emporcalhar a língua de Shakespeare com as mais fétidas imprecações.
sábado, agosto 26, 2006
Estética
Kittens are often considered quite cute.
Aprovo enfaticamente esta noção estética.
A coisa mais estranha
-- That is the strangest thing I have ever heard.
Newmarket
Há motivos mais nobres para viver no Reino Unido, mas poder apostar nos cavalos é mesmo um dos melhores.
Hoje, rogo aos meus fiéis leitores portugueses que tentem pensar com muita força num cavalinho chamado North Walk, por volta das 14:20. E que às 14:50 pensem com muita força noutro cavalinho chamado Andronikos.
Se este método New Age resultar, prometo que o dinheiro será prontamente cambiado e investido na frágil economia lusitana.
sexta-feira, agosto 25, 2006
Happy Birthday
Edit file?
Ocorrem-me, sem grandes esforços mentais, pelo menos seis coisas que teria feito de maneira diferente, quatro frases que devia ter dito quando não disse, duas piadas que não devia ter feito quando fiz, e um telefonema que não devia ter ignorado.
E isto se limitar o meu escrutínio apenas à Terça-feira passada.
Lição de Zoologia
quinta-feira, agosto 24, 2006
Esta noite ouve-se
maligne
(Excerto da biografia do Anticristo, pelo seu irmão Hyppolyte. A tradução é de R. H. Thurston.)
Die Entropie der Welt strebt einem Maximum zu
"Oh Chris de Burgh, Chris de Burgh"
2-em-1
Este blog muda frequentemente de ideias
quarta-feira, agosto 23, 2006
...some great generalization which would finish one's clamor to be educated...
By rights, he should have been also a Marxist but some narrow trait of the New England nature seemed to blight socialism, and he tried in vain to make himself a convert. He did the next best thing; he became a Comteist, within the limits of evolution. He was ready to become anything but quiet. As though the world had not been enough upset in his time, he was eager to see it upset more. He had his wish, but he lost his hold on the results by trying to understand them.»
(The Education of Henry Adams)
Nostalgia do cliché
Defeitos literários II
terça-feira, agosto 22, 2006
Le blog c'est moi
Este blog é um reflexo adequado do seu criador.
Hoje ouve-se
puella abscondita
Carpintaria
E não se atreva o Infiel leitor a pensar que isto tem alguma coisa a ver com a IKEA. Eu, como Jesus Cristo (em parte), sou muito homem. Usei dois tipos de serrotes, martelo, pregos, fita métrica, cola industrial, nível.
(Próximo passo: dar início ao processo apenas com uma árvore indefesa e um machado.)
I see dead people - and giant talking locusts and Elvis in a spacesuit
segunda-feira, agosto 21, 2006
Patriotismo cósmico
No conto "Dance in America" de Lorrie Moore (uma boa descoberta recente), um rapaz recita correctamente o nome dos planetas, depois de a mãe explicar que ele anda a aprender o sistema solar. A narradora pergunta-lhe qual é o planeta que ele acha mais interessante ("Marte com os seus canais? Saturno com os seus anéis?"). O rapaz pensa um pouco e responde solenemente:
-- A Terra, claro.
Aviso a um amigo que permanecerá anónimo
domingo, agosto 20, 2006
...its enormous waste in eccentricity...
«Knowledge of human nature is the beginning and end of political education, but several years of arduous study in the neighborhood of Westminster led Henry Adams to think that knowledge of English human nature had little or no value outside of England. In Paris, such a habit stood in one's way; in America, it roused all the instincts of native jealousy. The English mind was one-sided, eccentric, systematically unsystematic, and logically illogical. The less one knew of it, the better.
(...)
The English themselves hardly conceived that their mind was either economical, sharp, or direct; but the defect that most struck an American was its enormous waste in eccentricity. Americans needed and used their whole energy, and applied it with close economy; but English society was eccentric by law and for sake of the eccentricity itself.»
(The Education of Henry Adams)
Lucrécia
Cartas ao editor
Os leitores dos jornais de direita estão preocupados com o número crescente de imigrantes polacos que procura trabalho no Reino Unido.
Este leitor, que ainda não sabe se pode ou não levar um livro no raio do avião para Lisboa, decide não se preocupar com o que os outros decidem preocupar-se.
O que é que se come?
Auden deveria ter lido Henry Miller. Nesse longo poema em prosa que é o Trópico de Câncer, a preocupação dominante do narrador não é a próxima queca mas o próximo almoço.
O Bairro do Amor
Um dia, levei na mochila uma edição Círculo de Leitores do Trópico de Câncer com as partes mais javardolas sublinhadas a lápis. No recreio, reuni um pequeno Clube do Livro improvisado atrás do pavilhão B e recitei com brio as várias cambalhotas do senhor Henry Miller. Um colega (salvo erro, o Hugo Ferro) perguntou-me o que queria dizer o "Câncer" do título. Simultaneamente blindado e pressionado pela minha reputação de erudito da turma, não quis dar parte de fraco e respondi convictamente que Câncer era um bairro de Paris conhecido pela qualidade dos seus bordéis.
Eucaristia Dominical
Sunday morning, brings the dawn in
It's just a restless feeling by my side
Early dawning, Sunday morning
It's just the wasted years so close behind
Watch out - the world's behind you
There's always someone around you who will call
It's nothing at all
Sunday morning, and I'm falling
I've got a feeling I don't want to know
Early dawning, Sunday morning
It's all the streets you crossed not so long ago
Watch out the world's behind you
There's always someone around you who will call
It's nothing at all
Sunday Morning
Sunday Morning...
(The Velvet Underground, «Sunday Morning», The Velvet Underground & Nico)
sábado, agosto 19, 2006
Cinco listas, cinco
- Dom Quixote, Cervantes
- Gargantua & Pantagruel, Rabelais
- The Avignon Quintet, Lawrence Durrell
- A Maggot, John Fowles
- Nuns and Soldiers, Iris Murdoch
Cinco ossos com nomes engraçados:
- esfenóide
- escápula
- ulna
- patela
- calcâneo
Cinco lugares onde nunca estive:
- na catedral de Chartres
- no mausoléu de Teodorico, em Ravenna
- no Nou Camp, em Barcelona
- na Old Manse, em Concord
- no Blanchette Cemetery, em Beaumont, Texas
Cinco melhores canções de Bob Dylan:
- «Just Like Tom Thumb's Blues»
- «Visions of Johanna»
- «Every Grain of Sand»
- «Love Minus Zero/No Limit»
- «Shelter From the Storm»
Cinco blogs que gostaria de ter lido:
- Santo Agostinho
- Lucrécia Bórgia
- Pêro da Covilhã
- Isaiah Berlin
- Vladimir Nabokov
Já foi feito
Nós, os assíduos leitores do Record e de O Jogo, já suspeitamos desse truque há anos.
Aritmética
-- A Tracy disse que tu és giro.
-- A sério? Ela disse isso?
-- Disse, disse.
(pausa)
-- Quantas vezes?
"a love letter to America and to the english language"
«... I was still keenly interested in outdoor activities and desirous of finding suitable playgrounds in the open where I had suffered such shameful privations. Here, too, I was to be thwarted. The disappointment I must now register (as I gently grade my story into an expression of the continuous risk and dread that ran through my bliss) should in no way reflect on the lyrical, epic, tragic but never Arcadian American wilds. They are beautiful, heart-rendingly beautiful, those wilds, with a quality of wide-eyed, unsung, innocent surrender that my lacquered, toy-bright Swiss villages and exhaustively lauded Alps no longer possess. Innumerable lovers have clipped and kissed on the trim turf of old-world mountainsides, on the innerspring moss, by a handy, hygienic rill, on rustic benches under the initialed oaks, and in so many cabanes in so many beech forests. But in the Wilds of America the open-air lover will not find it easy to indulge in the most ancient of all crimes and pastimes. Poisonous plants burn his sweetheart's buttocks, nameless insects sting his; sharp items of the forest floor prick his knees, insects hers; and all around there abides a sustained rustle of potential snakes - que dis-je, of semi-extinct dragons! - while the crablike seeds of ferocious flowers cling, in a hideous green crust, to gartered black sock and sloppy white sock alike.»
Vladimir Nabokov, Lolita (cuja primeira edição americana faz hoje 48 anos)
sexta-feira, agosto 18, 2006
O melhor dístico da música pop
And the hills are alive with celibate cries
The Smiths, «These Things Take Time»
Bagagem permanente
Terrorismo
Humor semita
--Shyster não tanto. E não é coisa que ouça muita vez. É a forma como as pessoas cospem as expressões "advogado" e "empresário de futebol" que me ofende realmente.
Choque nostálgico
Faux pas
No Domingo passado, um vizinho seu (um sério e educado old Tory) disse-lhe que ia passar a tarde no cemitério, a fazer pequenas obras de restauro nas campas dos seus pais. A minha mãe, que, como é seu hábito, estava já a pensar noutra coisa, respondeu alegremente:
-- Alright dear, have fun.
The Clare Vawdrey defence
quinta-feira, agosto 17, 2006
Esta noite ouve-se
Show me where you keep all your secrets upstairs
Night after night you sleep while they're setting off flares
Someone came and took all the roses away
Now you'll sit showing me tears if you want me to stay
Cause down the street all the meters have run out of time, run out of time
I waited for you as the trees swayed out of time
In a crowded room I pick up your lonely stare
I'll cover for you like a slipcover covers a chair
But someone came and took all the roses away
It was only 5 minutes but it felt like it stretched into a day
Someone came and took all the roses away
(Yo La Tengo, «Pablo and Andrea», Electr-O-Pura)
Vergangenheitsbewältigung
Que a recente admissão de Günter Grass diminua a sua legitimidade como voz moral da Alemanha pós-1945, aceita-se. Que Grass, o intelectual público, seja alvo de opróbrio é compreensível. As acusações de hipocrisia são mais do que justas, depois de quarenta anos de vitriólicos murros no púlpito sobre a forma como uma geração inteira recusou enfrentar o terrível embaraço daquelas duas décadas. Mas encaminhar o debate para uma reavaliação da sua obra (há quem sugira, na Alemanha, a devolução do Nobel) parece-me ridículo e sinal de que, mais uma vez, se está a confundir uma coisa com outra.
O delito de omissão foi cometido por Grass, o comentador cultural. Não pode nem deve afectar o lugar de Grass, o escritor, no cânone literário. Os delitos desse, se existem, são de outra ordem, e nada têm a ver com as instituições militares a que ele aderiu quando tinha 17 anos.
Se o "Grassgate" prova alguma coisa é que o instrumento de eleição do escritor deveria ser sempre, e apenas, a página, não o altifalante.
(Nota: ler, sobre este tema, dois excelentes apontamentos do Pedro Mexia - este e este.)
quarta-feira, agosto 16, 2006
The superior of all is the servant of all
Sal na ferida
E isto não é, como já li, "tratar os personagens com sadismo". Porque o sal está a ser meticulosamente esfregado também nas feridas de quem vê.
Vergonhas
Eu pertenço ao segundo grupo, que julgo (espero) ser o mais numeroso. A vergonha dos outros é sempre um bocadinho a minha vergonha.
... always playing leap-frog...
(The Education of Henry Adams)
terça-feira, agosto 15, 2006
R de Rendo-me, T de Tens razão
Antes de se mudar para a Irlanda, Mitchell viveu vários anos no Japão. Foi-lhe perguntado um dia, num programa da BBC Radio 4, se tinha aprendido japonês. Ele disse que não, qualificando: "Consigo discutir com uma mulher em japonês, mas não consigo ganhar a discussão."
O que é uma resposta engraçada mas, ora bolas, se o critério é esse eu nem português sei falar.
Karma Almeida II
-- Vocês vão ser todos almeidas, é o que vocês vão ser.
Karma Almeida
Propriedades dos sólidos
«Also in this [our Lord] showed me a little thing, the quantity of a hazel-nut, in the palm of my hand (...) And in this little thing I saw three properties. The first is that God made it, the second that God loveth it, the third that God keepeth it.»
(Dame Julian of Norwich, Revelations of Divine Love)
segunda-feira, agosto 14, 2006
... no law of progress applied to it...
«To a young Bostonian, fresh from Germany, Rome seemed a pure emotion, quite free from economic or actual values, and he could not in reason or common sense foresee that it was mechanically piling up conundrum after conundrum in his educational path, which seemed unconnected but that he had got to connect; that seemed insoluble but had got to be somehow solved. Rome was not a beetle to be dissected and dropped; not a bad French novel to be read in a railway train and thrown out of the window after other bad French novels, the morals of which could never approach the immorality of Roman history. Rome was actual; it was England; it was going to be America. Rome could not be fitted into an orderly, middle-class, Bostonian, systematic scheme of evolution. No law of progress applied to it. Not even time-sequences--the last refuge of helpless historians--had value for it. The Forum no more led to the Vatican than the Vatican to the Forum. Rienzi, Garibaldi, Tiberius Gracchus, Aurelian might be mixed up in any relation of time, along with a thousand more, and never lead to a sequence. The great word Evolution had not yet, in 1860, made a new religion of history, but the old religion had preached the same doctrine for a thousand years without finding in the entire history of Rome anything but flat contradiction.»
(The Education of Henry Adams)
Parabéns a você
You might remember him from such movies as...
Gladys The Groovy Mule
The Erotic Adventures of Hercules
The President's Neck is Missing!
Give My Remains to Broadway
Suddenly Last Supper (Bible epic)
It's a Wonderful Belt
Preacher With a Shovel
Calling All Quakers
Look Who's Still Oinking
Back to the Sequel
Butter -- The Motion Picture
Cut it Out -- The Wacky Adventures of Jack the Ripper
Alice's Adventures Through The Windshield Glass
Driving Mr. T
The Unbearable Moistness of Sweating
Eenie Meeni Miney, Die
Three Men and a Bunsen Burner
Wake Up, Finnegan
(Filmografia parcial de Troy McClure, um dos melhores bonecos dos Simpsons. O actor que lhe dava voz, Phil Hartman, foi assassinado pela mulher em 1998.)
A gota de água
-- Bem, ela acabou por descobrir que, além de calão, mesquinho, distante e mentiroso eu também sou neo-liberal.
Kinsey - versão UK
A estatística que estes "estudos" nunca divulgam é a mais divertida: mais de 90% das pessoas admitem mentir frequentemente sobre a sua vida sexual.
Comentarei esta questão mais a fundo quando regressar da orgia da noite.
... the pons asinorum of tourist mathematics...
« ... he began his third or fourth attempt at education in November, 1858, by sailing on the steamer Persia, the pride of Captain Judkins and the Cunard Line; the newest, largest and fastest steamship afloat. He was not alone. Several of his college companions sailed with him, and the world looked cheerful enough until, on the third day, the world - as far as concerned the young man - ran into a heavy storm. He learned then a lesson that stood by him better than any university teaching ever did - the meaning of a November gale on the mid-Atlantic which, for mere physical misery, passed endurance. The subject offered him material for none but serious treatment; he could never see the humor of sea-sickness; but it united itself with a great variety of other impressions which made the first month of travel altogether the rapidest school of education he had yet found. The stride in knowledge seemed gigantic. One began a to see that a great many impressions were needed to make very little education, but how many could be crowded into one day without making any education at all, became the pons asinorum of tourist mathematics. How many would turn out to be wrong whether any could turn out right, was ultimate wisdom.»
(The Education of Henry Adams)
domingo, agosto 13, 2006
Hoje ouve-se
My love she speaks like silence,
Without ideals or violence,
She doesn't have to say she's faithful,
Yet she's true, like ice, like fire.
People carry roses,
And make promises by the hours,
My love she laughs like the flowers,
Valentines can't buy her.
In the dime stores and bus stations,
People talk of situations,
Read books, repeat quotations,
Draw conclusions on the wall.
Some speak of the future,
My love she speaks softly,
She knows there's no success like failure
And that failure's no success at all.
The cloak and dagger dangles,
Madams light the candles.
In ceremonies of the horsemen,
Even the pawn must hold a grudge.
Statues made of match sticks,
Crumble into one another,
My love winks, she does not bother,
She knows too much to argue or to judge.
The bridge at midnight trembles,
The country doctor rambles,
Bankers' nieces seek perfection,
Expecting all the gifts that wise men bring.
The wind howls like a hammer,
The night blows cold and rainy,
My love she's like some raven
At my window with a broken wing.
(Bob Dylan, «Love Minus Zero/No Limit», Bringing It All Back Home)
... e a lei moral dentro de mim
No comboio, entretido com o jornal, ouço uma voz feminina carregada de aflição: "I need a moral code!"
Viro-me para o lado, discretamente, para ver quem chegou a tal realização numa solarenga manhã de Agosto. Uma rapariga loura, incrivelmente bonita, segura um telemóvel numa mão e um manual de instruções na outra. Uma amiga tenta ajudá-la, vasculhado o interior de uma caixa de cartão. Depois de alguns segundos percebo que o telemóvel é uma aquisição recente e que o que eu ouvi (mal) estava certamente relacionado com a substituição do código PIN.
Fico aliviado. Se há coisa de que o mundo não precisa é que raparigas como ela desatem a aderir a códigos morais.
A não ser que seja o meu código moral.
...mas fala-se de outros blogs
Com a blogosfera é o mesmo: há um risco constante de incorrer em tautologias para quem perdeu o boom inicial. Há muito pouco por elogiar ou criticar que não tenha sido já elogiado ou criticado antes, possivelmente com mais lucidez. Comecei a ler blogs há poucos meses, e os que visito regularmente contam-se pelos dedos de uma mão (e estão todos listados aqui ao lado) com visitas esporádicas a mais nove ou dez. Estou certo de que não tenho nada de original para dizer sobre eles.
Vou correr esse moderado risco para recomendar à restrita plateia que lê isto o blog do Alexandre Andrade (o que é um pouco como o gajo da roulotte das bifanas sugerir ao cliente uma visitinha ao Rei dos Frangos). Um blog cujo arquivo de entradas tenho lido, à razão de um mês por noite, sempre com a impressão de ter a minha educação severamente testada por um daqueles mestres-escola turbulentos que no meio de uma aula de Filosofia começam a divagar sobre as amantes de Rousseau. Em Latim.
Para alguém que, como eu, não tem uma gota de sangue francófilo, a negociação de algumas referências pode ser tortuosa e implicar várias visitas à Britannica (bem como a um mapa actualizado do metro de Paris). A ubiquidade dos Pierres e dos Arnauds semeia o pânico no meu cérebrozinho lavrado por New England. Mas é um bom pânico e a navegação nunca permite a deriva.
Quanto à qualidade da escrita, que abarca uma assustadora amplitude de registos, é das melhores que se pode encontrar em português - ou em qualquer outra língua.
Portanto, se quiserem ler sobre Kleist, Ivanchuk, a escala de pungência das malaguetas ou simplesmente anúncios de gatos perdidos inventados, ide aqui. Ide.
sábado, agosto 12, 2006
It cultivated a weakness which needed no cultivation...
«Socially or intellectually, the college was for him negative and in some ways mischievous. The most tolerant man of the world could not see good in the lower habits of the students, but the vices were less harmful than the virtues. The habit of drinking-- though the mere recollection of it made him doubt his own veracity, so fantastic it seemed in later life -- may have done no great or permanent harm; but the habit of looking at life as a social relation -- an affair of society -- did no good. It cultivated a weakness which needed no cultivation. If it had helped to make men of the world, or give the manners and instincts of any profession -- such as temper, patience, courtesy, or a faculty of profiting by the social defects of opponents -- it would have been education better worth having than mathematics or languages; but so far as it helped to make anything, it helped only to make the college standard permanent through life.»
(The Education of Henry Adams)
sexta-feira, agosto 11, 2006
Momentos roque ã roule
Era o Jimmy Page.
Efeméride
Para limpar o palato
Bad news
«Back in 1899, not long after the terrible cyclone that year which devastated the town, Young Willis Turnstone, freshly credentialed from the American School of Osteopathy, had set out westward from Kirksville, Missouri, with a small grip holding a change of personal linen, an extra shirt, a note of encouragement from Dr. A. T. Still, and an antiquated Colt in whose use he was far from practiced, arriving at length in Colorado, where one day riding across the Uncompahgre plateau he was set upon by a small band of pistoleros.“Hold it right there, Miss, let’s have a look at what’s in that attractive valise o’yours.”
“Not much,” said Willis.
“Hey, what’s this? Packing some iron here! Well, well, never let it be said Jimmy Drop and his gang denied a tender soul a fair shake now, little lady, you just grab ahold of your great big pistol and we'll get to it, shall we.” The others had cleared a space which Willis and Jimmy now found themselves alone at either end of, in classic throwdown posture. “Go on ahead, don’t be shy, I’ll give you ten seconds gratis, ’fore I draw. Promise.” Too dazed to share entirely the gang’s spirit of innocent fun, Willis slowly and inexpertly raised his revolver, trying to aim it as straight as a shaking pair of hands would allow. After a fair count of ten, true to his word and fast as a snake, Jimmy went for his own weapon, had it halfway up to working level before abruptly coming to a dead stop, frozen into an ungainly crouch. “Oh, pshaw!” the badman screamed, or words to that effect.
“Ay! Jefe, jefe,” cried his lieutenant Alfonsito, “tell us it ain’ your back again.”
“Damned idiot, o’ course it’s my back. Oh mother of all misfortune--and worst than last time too.”
“I can fix that,” offered Willis.
“Beg your pardon, what in hell business of any got-damn pinkinroller’d this be, again?”
“I know how to loosen that up for you. Trust me, I’m an osteopath.”
“It’s O.K., we’re open-minded, couple boys in the outfit are evangelicals, just watch where you’re putting them lilywhites now--yaaagghh--I mean, huh?”
“Feel better?”
“Holy Toledo,” straightening up, carefully but pain-free.
“Why, it’s a miracle.”
“Gracias a Dios!” screamed the dutiful Alfonsito.
“Obliged,” Jimmy guessed, sliding his pistol back in its holster.»
O problema aqui é que isto, não sendo catastrófico, também não é muito bom. As mailing lists já fervilham com rumores e muitos suspeitam que o excerto é apenas a última adenda a uma longa lista de fabricações - o cíclico festival contra-informativo que sempre precede uma nova erupção editorial do Homem Invisível.
Ficaria mais descansado se o rumor se viesse a revelar presciente, mas duvido.
O estilo de Pynchon é relativamente fácil de emular (como provaram David Foster Wallace e Neal Stephenson) e ainda mais fácil de parodiar (como provou o próprio Pynchon nos piores momentos de Vineland e Mason & Dixon). Este diálogo soa-me genuíno, seguindo a mesma matriz de pastiche barato que marcou algumas das suas páginas recentes.
Os augúrios não são bons, mas Pynchon sempre foi, página por página, um talento desigual. Resta esperar por Dezembro e pelas good news.
quinta-feira, agosto 10, 2006
...condemned to failure...
«Home influences alone never saved the New England boy from ruin, though sometimes they may have helped to ruin him; and the influences outside of home were negative. If school helped, it was only by reaction. The dislike of school was so strong as to be a positive gain. The passionate hatred of school methods was almost a method in itself. Yet the day-school of that time was respectable, and the boy had nothing to complain of. In fact, he never complained. He hated it because he was here with a crowd of other boys and compelled to learn by memory a quantity of things that did not amuse him. His memory was slow, and the effort painful. (...)
(The Education of Henry Adams)
Voz ao estômago (II)
Voz ao estômago
Dói sempre duas vezes
(Ambrose Bierce, The Devil's Dictionary)
Egghead football (II)
Alguém me pode dizer se costuma acontecer o mesmo na Sport TV?
Egghead football
«E esta histeria nervosa de Espinoza é um excelente exemplo da filosofia equatoriana.»
E no cemitério de Nieuwe Kirk, em Spuistraat, um certo marrano deve ter dado uma pequena cambalhota no túmulo
quarta-feira, agosto 09, 2006
Desabafo
Auto-retrato
Henry Adams, The Education of Henry Adams