terça-feira, junho 30, 2009

MILF Hunter

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a mensagem.

segunda-feira, junho 29, 2009

If you've forgotten what I'm naming


quinta-feira, junho 25, 2009

Sou tão prestável

Agora do que eu gostaria mesmo era que alguém sugerisse um de Robert Browning (gosto de simetrias). (Linha dos Nodos)

No The Sweet Hereafter do Egoyan, antes do acidente, a rapariga maluca lê um excerto do "The Pied Piper of Hamelin" (do Browning) aos seus coleguinhas.
Já agora, no The Trouble With Harry o médico tropeça no cadáver do Harry porque vai a ler um soneto de Shakespeare (tenho uma história parecida que aconteceu em Monsanto, mas conto noutra altura). E, por falar em sonetos, no a todos os níveis excelente Exorcista III (o filme que inclui um dos melhores diálogos sobre carpas da história do cinema), ouve-se aquele soneto do John Donne em que o sujeito poético aconselha a Morte a bater a bolinha baixa, na medida em que o guarda-redes é anão.

quarta-feira, junho 24, 2009

Aldaily temático, seguido de modesto exercício de tipologia e de final abrupto por motivos de pequeno-almoço

Tendo relido por ordem cronológica toda a não-ficção que o homem escreveu (o absurdo e embaraçoso contexto emocional não vai ser abordado, até porque a absurda e embaraçosa sensação de que o seu suicídio foi um gesto que me ofendeu directamente ainda não se dissipou), estou em condições de afirmar que David Foster Wallace foi a pessoa mais inteligente que li na minha vida.
A afirmação é discutível, a vida em questão é curta, e a inteligência é difícil de quantificar, mas acho que se impõe aqui o post chato que aqui se impõe. Antes, contudo, my own private aldaily:

«Tennis, Trigonometry, Tornadoes» (pdf) - a mais inteligente biografia psíquica, intelectual e biomecânica de todos os tempos. Tem nove páginas. Permitam-me que vos mostre um bocadinho de cueca: « ... The point is I just wasn't the same, somehow, without deformities to play around. I'm thinking now that the wind and bugs and chuckholes formed a kind of inner boundary, my own personal set of lines. Once I hit a certain level of tournament facilities, I was disabled because I was unable to accomodate the absence of disabilities to accomodate».

«The Empty Plenum» (pdf) - uma recensão crítica ao romance de David Markson, “Wittgenstein's Mistress”, publicada na Review of Contemporary Fiction. Evidentemente a recensão crítica mais inteligente de todos os tempos. É que não há competição por perto, sequer.

«The String Theory» e «How Tracy Austin Broke My Heart» (já houve link para este, agora não há) - Os mais inteligentes textos sobre ténis de todos os tempos (reparem no padrão). O texto sobre Federer, que fique bem claro, é o terceiro texto sobre ténis mais inteligente de todos os tempos, mas ainda assim a uma larga distância deste díptico. O primeiro texto foi publicado originalmente na Harper's e uma versão não-editada aparece na primeira colecção de ensaios de Wallace, com o título original (“Tennis Player Michael Joyce's Professional Artistry as a Paradigm of Certain Stuff about Choice, Freedom, Discipline, Joy, Grotesquerie and Human Completeness”). O segundo é uma pequena crítica à autobiografia de Tracy Austin e aparece na segunda colecção de ensaios. Em conjunto, e entre muitas outras coisas que fazem ao cérebro, propõem uma teoria sobre a constituição do génio desportivo, que postula que o talento atlético é indissociável de uma ausência ontológica, uma espécie de vácuo neo-Zen que permite computar um número ridículo de variáveis de uma forma hiper-consciente mas ao mesmo tempo puramente mecânica, e criar uma simbiose entre agência e acção assente na adopção literal de clichés motivacionais, etc etc etc. Além de estabelecerem a melhor defesa teórica da beleza estética do ténis (de todos os tempos), e de articularem a melhor defesa teórica das limitações intelectuais dos atletas profissionais (de todos os tempos), os textos também incluem piadas.

«The Weasel, Twelve Monkeys and the Shrub» - A célebre reportagem sobre a campanha de John McCain nas Primárias Rebublicanas de 2000. A Rolling Stone acabou por publicar apenas 50% do texto original, mas a versão restaurada, e com notas de rodapé, pode ser lida na colecção Consider the Lobster (com o título «Up, Simba»). Isto é muito mais do que a mais inteligente reportagem política (agora em coro) de todos os tempos, embora também o seja. É uma condensação daquilo que, à falta de melhor alternativa, se pode chamar o tipo específico de inteligência de Wallace, algo de que falarei para aqui sozinho um pouco mais à frente.

«A Supposedly Fun Thing I'll Never Do Again» (pdf) - Temos aqui o apogeu de qualquer coisa, parece-me. O relato de uma viagem de cruzeiro, escrito em 1995, também para a Harper's, é o texto (sem qualificativo) mais inteligente de todos os tempos. Esta histérica certidão pode muito bem ser o resultado não apenas de um processo emocional cumulativo, como também do calor que se tem feito sentir, possibilidades que não voltarão a ser exploradas.
Definir algo como "o mais inteligente" requer provavelmente que se defina o termo, portanto façamos um modesto exercício - inspirado em Howard Gardner - sobre a minha definição operativa de inteligência, atributo que tive o cuidado e as férias de separar (com a ajuda inestimável do alfabeto) em cinco categorias, e que, para este efeito, está limitado à inteligência que pode ser apreendida através da escrita:

Tipo A - A inteligência cuja principal característica é a clareza de raciocínio: a fluência intelectual e a facilidade de exposição que cinzelam a complexidade até um linear encadeamento de factos. O estilo é um factor determinante, mas o seu impacto não é notório. É a inteligência de David Hume, William Hazlitt, George Orwell, V. S. Pritchett, Eric Hobsbawm e, para esticar os exemplos a “pessoas portuguesas com blogs” (que também são gente), Ivan Nunes, António Figueira e Pedro Picoito.

Tipo B - É a inteligência que mais depende de um estilo literário, a que pode mais facilmente ser imitada por pessoas não-inteligentes, e também a menos estanque e mais sujeita a overlaps com outras categorias, pelo que me vou socorrer de números para chafurdar em dois sub-tipos.
tipo B1 - A inteligência céptica e iconoclasta. É um tipo de inteligência semi-narcisista, muito confortável com as suas características, que tende a adoptar uma pose cínica e preconceitos teóricos que muitas vezes dão a ideia de poderem perfeitamente ser outros. Mais do que em qualquer outro tipo, a estabilidade é ancorada numa fórmula estilística. Exemplos: Frederick Crews, Vasco Pulido Valente e Gore Vidal, este último com nítido overlap para o tipo A. (H. L. Mencken e João Gonçalves, já agora, são exemplos do que acontece quando os portadores destas características se apaixonam pelo próprio esqueleto e se tornam paródias privadas, asfixiando a ex-inteligência num transtornante aparato auto-erótico davidcarradinesco).
tipo B2 - a inteligência especulativa, arrojada e insolente. É o tipo de inteligência que mais corteja o ridículo. Há uma marcada predilecção pela ligação insólita, pela interpretação oblíqua, pela exploração de tudo o que é contra-intuitivo. É frequentemente o tipo de inteligência mais entusiasmante e com maior valor de entretenimento, mas também a que mais tende a decepcionar. Exemplos: Henry Adams, Norman Mailer, Susan Sontag, George Steiner, Pedro Arroja.
Como referi, é a categoria mais fluida. Isaiah Berlin é um potencial tipo A a escorregar para o B2. Malcolm Gladwell é um tipo B2 que finge ser tipo A. O maradona é uma síntese espiritual quase perfeita dos tipos B1 e B2 que, certamente por motivos acidentais e não-planeados, consegue quase sempre ser tipo A.
(Apesar de todas estas condicionantes, tenho o tipo B sob controlo, não se preocupem).

Tipo C - A inteligência volumétrica, cuja medida não é necessariamente a qualidade, mas a quantidade e a intensidade. Isto não faz do tipo C o Ramires da tipologia, atenção. O tipo C é tão ou mais digno de respeito e assombro do que os outros. É uma inteligência de seriedade, de trabalho, de rigor, de organização - e de energia. Se houvesse um símbolo que evocasse o tipo C seria um arquivo infinito espalhado ao longo de uma pista de tartan. Os exemplos óbvios são Edmund Wilson, Pacheco Pereira e João Miranda.

Tipo D - A inteligência mais avassaladora. É a mais profunda (uso o termo “profundo” no seu sentido superficial) mas também a de perímetro mais reduzido (uso o termo “reduzido” no seu sentido lato). É uma inteligência de fôlego, confortável com abstracções, que tende para a sistematização (é a mais frequente em académicos), e que extrai a maior densidade intelectual do menos promissor aglomerado factual. Tem lacunas, mas lacunas que costumam resultar de demolições controladas e auto-induzidas. Exemplos: Pierre Bourdieu, Frederic Jameson (ambos com laivos de B2, mas enfim), Clifford Geertz, João Galamba e Yesterday Man (embora este último caso seja muito mais complicado).

A inteligência de David Foster Wallace, com assinalável desrespeito pelo alfabeto e pelo meu trabalho, não cabe em nenhuma destas categorias. Reune características de todas elas (com a clara excepção do tipo B2), mas é falível, enrodilha-se em nós cegos e mete-se em becos sem saída, pois adiciona tantas camadas de auto-reflexividade a cada característica individual que, aplicadas à motricidade, fariam com que fosse impossível atar um sapato sem entrar em convulsões. É uma inteligência exaustiva, no duplo sentido da palavra: esgota-se a esgotar possiblidades.
Quando observa os outros (McCain, Michael Joyce ou o rapaz das toalhas no cruzeiro), quando se observa a si próprio, Wallace dá o benefício da dúvida a cada gesto, a cada frase; e dar o benefício da dúvida é uma das actividades mais fatigantes que conheço. É uma posição ética que nasce da curiosidade e da empatia, mas também resulta de um pânico filosófico genuíno sobre questões de autenticidade emocional, que pode ser forjada não apenas para terceiros, mas também (e isto para ele era uma história de terror) ao nível interno. Se a minha consciência sobre um determinado sentimento é total, como é que posso ter a certeza de que o sentimento é autêntico e não uma construção? (etc)
Wallace aprendeu que a liberdade mais importante é a auto-consciência, mas que esta (por definição) precisa de si própria para aprender a ser utilizada, o que inaugura dificuldades enormes nisto de ser pessoa. Também aprendeu que ser boa pessoa é a melhor forma de inteligência. A sua inteligência antecipa cada passo de quem o lê, mas também permite que os seus próprios passos sejam antecipados. É a inteligência que expande e eleva o que a rodeia. É a inteligência da civilização, e de tudo o que veio a seguir aos calhaus e aos bichos. E faz falta, faz tanta falta.

quinta-feira, junho 18, 2009

Algumas considerações sócio-políticas sobre a entrevista de José Sócrates à SIC

Estou a brincar, por amor de Deus. Mas não devo ter sido o único a reparar na nova voz estreada hoje em primeira mão na presença da Ana Lourenço. Como é sabido, o primeiro-ministro era, até hoje, talvez o único líder mundial que falava em jazz. Cada palavrinha era cuidadosamente sincopada, com a acentuação a ser sempre deslocada para a sílaba mais inesperada - os "tambéns" e os "portantos" de Sócrates pareciam os "powers" e os "peoples" de Stevie Wonder em «Higher Ground»:



Pelo pouco que ouvi, a noite de hoje marcou o momento em que passámos a ter um primeiro-ministro em compasso normal, o que provavelmente explica as dificuldades sentidas por Ana Lourenço em disfarçar aquele ar de quem se enganou a contar os sedativos. Tudo isto me deixou um bocadinho triste, mas rogo-vos que não se preocupem comigo que isto já passa. O importante é Portugal.

quarta-feira, junho 17, 2009

Ficção engomada


Foram umas férias excelentes, cuja excelência não foi sequer posta em causa pela súbita e inesperada revelação de que a direcção do Sporting prestes a ser substituída pelo tio do Pedro Granger poderia ter angariado fundos suficientes para financiar a recontratação do atleta português Cristiano Ronaldo através de um expediente logisticamente complexo, mas perfeitamente ao alcance da família sportinguista: matar oito milhões de criancinhas à fome. Não sei como é que nenhum núcleo se lembrou de fazer um abaixo-assinado.
Enfim, a ficção “experimental”. De vez em quando, normalmente quando estou a passar a ferro, dou comigo a reflectir sobre a ficção "experimental". Estas soberbas reflexões, que já colocaram em risco a integridade de inúmeras t-shirts do catálogo Printemps, não se costumam afastar muito da mesma crosta, que é o facto de a ficção "experimental" ser, regra geral, praticada por dois tipos de autores: génios aborrecidos com o seu próprio talento, e mediocridades indignadas com a sua ausência de talento.
A última vaga de reflexões foi despoletada por dois objectos recém-adquiridos: um exemplar do livro The Raw Shark Texts, de Steven Hall, e umas calças extraordinariamente obstinadas, adquiridas por 39 euros (para evocar a quantia em termos mais actuais, esclareço que o atleta português Cristiano Ronaldo poderia adquir 25 calças idênticas por hora durante os próximos cinco anos e ainda ficar com dinheiro suficiente para cobrir as despesas de alimentação do João Gobern). Como tantos outros livros hoje em dia, The Raw Shark Texts é a história de um homem perseguido por um tubarão conceptual. As perspectivas de vida não são boas, mas um capítulo intitulado "The Crypto-Zoology of Purely Conceptual Sharks, Dictaphone Defense Systems and Light Bulb Code Cracking" sugere algumas medidas preventivas. A mais segura é montar um sistema de defesa formado por quatro dictafones de reprodução contínua, cujo objectivo é “gerar um ciclo conceptual não divergente”, e presumivelmente permitir ao protagonista ser processado por plágio pelos herdeiros de John Cage.
O livro pertence a uma nova estirpe literária: o livro-evento. Evento, não no sentido publicitário, mas no sentido comunitário, em que o acto de estar sentado a virar páginas é apenas metade da experiência. Depois, num géiser de geekalhice, somos arremessados para os fóruns, para os wikis, à procura de ovos de Páscoa e de co-obcecados. Também há fotos e rabiscos,


o mais arrojado dos quais se prolonga por quarenta e cinco páginas, e consiste na representação gráfica da aproximação de um tubarão feito de palavras, uma versão ligeiramente mais sofisticada daquilo que qualquer pessoa aprende a fazer aos sete anos, com duas tiras de papel e um lápis:

Isto é tudo muito divertido, e já se fizeram livros excelentes através de métodos semelhantes (o fabuloso House of Leaves estabeleceu o padrão de qualidade a que se deve almejar). Mas também sugere que a linha de evolução na ficção experimental - que começou por traduzir impaciência com um espartilho específico de convenções do realismo - começa agora a traduzir impaciência com tudo e mais alguma coisa. Uma coisa é usar as estratégias da ficção para explorar limites formais e estruturais; outra, bem diferente, é abraçar métodos tão radicalmente diferentes que resultarão inevitavelmente numa forma de expressão que só por hábito ou condescendência continuará a merecer a designação de literatura. Quando o foco do "experimentalismo" é apenas o moldar do texto à última inovação - ficção hiper-textual, ficção twitter, etc. - a literatura arrisca-se a ser apenas a expressão de uma tecnologia, o que não deve ser nada bom, e é provavelmente altura de perder uns minutinhos a passar a ferro e a pensar na vida. (Provavelmente havia escritores vitorianos entusiasmadíssimos com a ideia de "épico metalúrgico" ou de "poesia a vapor", mas os seus esforços não perduraram).
The Raw Shark Texts, já agora, foi recentemente traduzido e publicado pela Presença (com o título Memória de Tubarão), e pode ser adquirido por 22 euros. Para evocar a quantia em termos mais actuais, digamos que o atleta português Cristiano Ronaldo poderia adquirir um exemplar de dois em dois minutos durante os próximos cinco anos, e ainda ficar com dinheiro suficiente para snifar oitocentas linhas de cocaína directamente da nádega da esposa do autor através de uma palhinha com banho de ouro, rodeado por uma trupe de anões montados em uniciclos cantando versões a capella dos grandes êxitos dos Oasis.

Emo Kid is throwing slow-mo dove at my face

Horse montaaaage!

quinta-feira, maio 21, 2009

O meu nível de alerta com a situação James Wood está prestes a ser actualizado para 4

Tenho tantos, mas tantos problemas com este texto que o mais provável é que nunca comece a confessá-los. Uma pessoa deixa passar a ligeira sugestão de desonestidade em pelo menos duas conclusões. Uma pessoa deixa até passar a gritante confusão conceptual com um termo de Shklovsky. Uma pessoa deixa passar essas coisas todos os dias, no fundo, neste mundo cão. O que é realmente revolucionário no texto, suficientemente revolucionário para inaugurar novos canais de transpiração intelectual na minha pessoa, é o facto de ser o primeiro texto de James Wood com um parágrafo completamente incoerente. Não digo qual é, evidentemente, porque primeiro tenho de decidir o que é que vou fazer à minha vida. O primeiro passo será talvez admitir que estou muito, muito errado em relação a isto tudo e que James Wood tem toda a razão.

Estamos todos mais uma vez de parabéns

«O meu número favorito é nove, qualquer coisa nove. Há muito tempo que o é. Desde muito antes de, ainda vós nem. Aquilo de estar lá quase é muito bem conseguido. O seguir-se-lhe o zero, então, é perfeito. O nove, qualquer coisa nove, prova que afinal sempre somos capazes. Estamos todos mais uma vez de parabéns.»

(No Agrafo, que, para circunscrever a coisa o mais possível, é um dos três melhores blogues do mundo).

segunda-feira, maio 18, 2009

Watergate

Mais um fim-de-semana televisivo concluído com sucesso. A maratona começou a todo o vapor com uma sessãozinha de All The President's Men (um filme que hei-de rever todos os anos até atinar com a dicção de Jason Robards), e depois com o Festival da Eurovisão, que agora se encontra numa fase de expansão semelhante à que a Liga dos Campeões atravessou aqui há uns anos; muito em breve deveremos ter uma fase de grupos. Para já, tivemos direito a duas semi-finais - o que é mais ou menos equivalente a dizer que o Inferno de Dante tinha nove eliminatórias.
A apresentação dos participantes foi feita com recurso à habitual estenografia biográfica do certame: aprendemos, por exemplo, que os eslovenos são "bons esquiadores". Uma das cantoras foi descrita como uma "economista com formação em teatro", o que sugeriu uma panóplia de possibilidades interessantes para o futuro de Manuel Pinho, como emagrecer dezasseis quilos antes de uma conferência de imprensa, ou anunciar um pacote de medidas de incentivo às pequenas e médias empresas directamente baseado nos ensinamentos de Lee Strasberg ("Breathe! Breathe!").
O destaque da noite (além da estonteante representante do Azerbeijão, que piscava os olhos como se estivesse a preparar um esturgido) foi a delegação de um dos países de Leste, cujo nome não apanhei, mas que provavelmente é terra de bons esquiadores, e cuja vocalista berrou um par de estrofes escondida atrás de um biombo. Muita gente não sabe, mas foi assim que Mark Felt revelou a Bob Woodward os pormenores do caso Watergate: atrás de um biombo, e rodeado de violinistas eslavos de sapatos amarelos.
Na SIC, Bárbara Guimarães deu início à gala dos Globos de Ouro soprando um saxofone como se estivesse a ser atacada por ele. Antes disso, um especial de meia-hora subordinado ao tema "passadeira vermelha" revelara algumas informações pertinentes, nomeadamente o facto de a passadeira em questão ser cor-de-rosa. O repórter Daniel Nascimento revelou um notável talento para transformar a pergunta mais inócua num insulto. Ao falar com um dos candidatos ao galardão de melhor modelo, incluiu na pergunta uma sugestão de cambalacho: "Foste a nomeação mais inesperada do ano. Tens alguma ideia de que porque é que foste nomeado?". Ao falar com o Rui Reininho, incluiu na pergunta uma sugestão de obsolescência: "Rui, nessa idade... ainda faz algum sentido ganhar prémios?" Conseguiu, no entanto, redimir-se, terminando a entrevista com Manoel de Oliveira com os votos sinceros de "um brilhante futuro", para essa jovem promessa. Manoel de Oliveira, com palavras à altura das circunstâncias, revelou que não se sentia uma estrela, apenas "um pobre planeta".
Jesualdo Ferreira, com o ar inconfundível de quem se sente uma próspera supernova, cruzou-se por breves momentos com Gary Oldman, ainda envergando a maquilhagem que usou em Dracula, mas que a entrevistadora tratou estranhamente como "Lili Caneças". Ricardo Costa e Nuno Rogeiro assinalaram a sua seriedade com um permanente cruzar de braços; podiam muito bem marcar presença naquela Babilónia, mas ninguém os ia apanhar a esbracejar que nem plebeus.
A cerimónia progrediu a bom ritmo. Os prémios de representação, em que pessoas são reconhecidas pelo seu soberbo talento em fingir que são outras pessoas, foram entregues seguindo o modelo dos Óscares: um apresentador diferente recitava um pequeno poema em prosa a cada candidato. O estilo era consistentemente catastrófico, apesar de Ruy de Carvalho ter agido como se estivesse perante uma resma de pentâmetros iâmbicos. Soraia Chaves, lendo o teleponto como se fosse o Código de Hammurabi, deu por si a dizer que o trabalho de uma determinada actriz revelava "a dedicação de uma actriz dedicada". Maria José Paschoal e Nuno Lopes foram considerados os nomeados com mais talento para fingirem que não são Maria José Paschoal e Nuno Lopes. O seio esquerdo de Bárbara Guimarães, como Steve McQueen em The Great Escape, passou grande parte da noite a congeminar planos de fuga, mas sem grande sucesso. Cristiano Ronaldo entrou em directo, salientando a importância deste "globo de Portugal". Um convidado musical foi identificado como Pol Pot. Tudo acabou demasiado cedo, como o segundo mandato de Nixon.

Corta-mato na Jordânia

Ocorreu-me recentemente a indecência de nunca se ter aqui feito um link para este blogue, nomeadamente quando no blogue em questão se podem ler coisas como este post, ou um post ainda melhor, que é este post, do qual passo a apresentar um excerto relevante, em itálico:

«Liguei a televisão e, ao meio-dia, a RTP2 passava um filme de Abbas Kiarostami. A cena mostra em primeiro plano uma mulher de lenço branco na cabeça a caminhar ao lado de um homem de parka vermelha. Ao fundo, uma multidão em movimento rápido aproxima-se. A câmara ignora o casal e foca o grupo que se desloca em passo de corrida. Percebe-se agora que são na sua maioria mulheres negras, provavelmente masai. Só quando passam junto à câmara é que me apercebo que estou a ver o campeonato do mundo de corta-mato, na Jordânia. »

(O autor do blogue é a pessoa com três nomes atlânticos Bruno Vieira Amaral, uma das poucas pessoas com três nomes atlânticos cujos três nomes atlânticos nunca se vão tornar intercambiáveis na minha cabeça fatigada. Os avanços na ciência neurológica podem fazer-me chegar aos noventa anos: tenho a certeza absoluta de que nunca lhe vou chamar Bruno Andrade Neves ou Bruno Azevedo Abrantes.)

quinta-feira, maio 14, 2009

Os dias sem vocês não são a mesma coisa

Tenho estado ocupado a consubstanciar dilematicamente conceitos prévios tolhidos pelas dificuldades operacionais da metacomunicação interna, mas tirando isso está tudo relativamente bem. Não queria deixar de realçar a grande notícia que vem escondidinha na secção "In Production" da Sight & Sound de Maio, e que passo a transcrever, com a delicadeza e amabilidade que me caracterizam nestes períodos pré-eleitorais (por favor, não votem na lista do Pedro Souto, o homem é claramente louco):

«The Coen Brothers follow their forthcoming black comedy 'A Serious Man' with an adaptation of CHARLES PORTIS' [as maiúsculas e negritos histéricos são meus] western novel 'True Grit', about a 14-year-old girl who travels with two lawmen to track down her father's killer. The novel was of course previously adapted in 1969, with John Wayne winning an Oscar for his iconic portrayal of ageing lawman Rooster Cogburn. The Coens promise a different spin on the story by telling it from the point of view of the girl [o que, no fundo, é tudo o que pedi]».

E tu, não dizes nada? Hã?

quinta-feira, abril 23, 2009

Italo Calvino e a Máquina dos Peidos


Os meus vastos conhecimentos sobre a internet já me permitiram topar uma coisa espantosa que vai com certeza revolucionar a maneira como todos vocês olham para o mundo: a internet sabe onde é que nós estamos. A internet sabe onde é que nós estamos! Várias pistas contribuiram para esta descoberta, nomeadamente a quantidade de sites a prometer-me que "nasty sluts from Cova da Piedade want to strum your banjo", e o facto de a William Hill me tentar convencer com alguma insistência a apostar nos jogos do Vitória de Setúbal. Mas devia haver uma maneira qualquer de impedir que um blog literário americano encaixasse a Máquina dos Peidos entre posts sobre Calvino e Sebald. Entre Burroughs e Bukowski uma pessoa aceita estas coisas, mas Calvino e Sebald? Eu sou uma pessoa séria. Tão séria, aliás, que consegui terminar este post sem elaborar uma piada com a Máquina dos Peidos e a expressão "tracking cookie".

quinta-feira, abril 16, 2009

Que ninguém volte a dizer mal da internet à minha frente


O que aconteceu foi o seguinte. No final dos anos oitenta, o Canal 1 da RTP passou um filme. Eu vi o filme. Depois esqueci o filme. No final dos anos noventa, meti na cabeça que me queria lembrar do filme. Um colega de faculdade chamado Nuno falou-me numa coisa chamada google. Mostrou-me o que era a coisa chamada google. A minha primeira pergunta ao google foi "Como é que se chama aquele filme dos anos oitenta em que há assim uma família num subúrbio, e depois um gajo que quer entrar no Inferno, mas num Inferno onde só se pode entrar com fato de astronauta, sabes? Obrigado." Mas nada aconteceu. Fiquei desiludido com o google. Repeti a pergunta a umas duzentas pessoas ao longo dos anos seguintes. Em vão. Fiquei desiludido com as pessoas. Decidi esquecer-me outra vez do filme. Entretanto, a internet cresceu. Eu não. Voltei a querer lembrar-me do filme. E ontem à noite, com os termos de busca menos promissores da história dos termos de busca, cheguei a um fórum com o comovente título «Post The Plot Of That Movie That You Can't Remember The Name Of Here», onde alguém chamado Mr. Hat colocava a seguinte questão, que eu li com uma sensação muito próxima daquilo a que vocês humanos se referem como felicidade:
«I seem to recall something that involved a guy who ends up using a spacesuit (or similar) to visit hell. Or possibly that hell somehow came to earth and he used the suit to survive in it. I think the suit had a special HUD as well.
Probably either a film around the 80's or maybe a Twilight-zone style thing.Anyone got a clue what it was called?»
O filme chama-se Invitation to Hell. Há aqui um clip e tudo, por amor de Deus. Que ninguém volte a dizer mal da internet à minha frente.

(A internet ainda não foi capaz de solucionar esta outra dúvida, mas é só uma questão de tempo).

domingo, abril 05, 2009

I am a bankruptcy


Ainda estou a recuperar do facto de uma pileca anoréxica a 100/1 ter ganho a Grand National deste ano. Tinha já as férias planeadas com as 25 libras da praxe no State of Play - odds modestas a 14/1, mas apostar que a próxima corrida vai favorecer o State of Play costuma ser o equivalente a apostar que o próximo livro do Philip Roth vai favorecer a nostalgia do bóbó em Newark. Ainda vasculhei a lista de participantes à procura de referências ao The Wire para uma apostazinha suplente, mas em vão.
O que não significa que não tenha achado referências ao The Wire noutro sítio - elas hoje aparecem nos sítios mais insólitos. Uma das coisas que me incomodara a memória nos primeiros episódios tinha sido a utilização de construções do género "he's a good police", que eu sabia ter já ter lido algures no meu passado selvagem. Para grande consternação de membros da família mais chegados (inclusivamente aqueles que subscrevem a dúbia teoria de que «a maionese te anda a deixar queimadinho») só demorei três semanas a lá chegar. O Night Train do Martin Amis começa assim:
"I am a police. That may sound like an unusual statement -- or an unusual construction. But it's a parlance we have. Among ourselves, we would never say I am a policeman or I am a policewoman or I am a police officer. We would just say I am a police".
Uma pesquisa exaustiva entretanto efectuada por mim, envolvendo aproximadamente um copy-paste para o google, revelou que este parágrafo deu origem a uma resposta histérica de John Update, que, na crítica que fez ao livro no Sunday Times, terá afirmado "'I am a police' . . . the first of a number of American locutions new to this native speaker". John Update, evidentemente, é o primeiro escritor americano que vem à cabeça quando se pensa numa autoridade em calão policial.
Curiosamente, uma segunda pesquisa exaustiva entretanto efectuada por mim, envolvendo aproximadamente um segundo copy-paste para o google, recuperou a seguinte resposta de Martin Amis: "There's nothing strange about it," Amis says, bristling slightly. "I got a lot of my stuff from David Simon's book Homicide. His city is Baltimore, and that's what they say there, and I'll bet they say it in a few other cities, too. It's a wonderful book, and a great help to me. That's where I point people like John Update".

quinta-feira, abril 02, 2009

Certifying the nonexistence of elves

Um artigo do espectacular Michael Lewis na Vanity Fair que é citável de uma ponta à outra. De uma ponta à outra:

«(...) The best way to see any city is to walk it, but everywhere I walk Icelandic men plow into me without so much as a by-your-leave. Just for fun I march up and down the main shopping drag, playing chicken, to see if any Icelandic male would rather divert his stride than bang shoulders. Nope. On party nights—Thursday, Friday, and Saturday—when half the country appears to take it as a professional obligation to drink themselves into oblivion and wander the streets until what should be sunrise, the problem is especially acute. The bars stay open until five a.m., and the frantic energy with which the people hit them seems more like work than work. Within minutes of entering a nightclub called Boston I get walloped, first by a bearded troll who, I’m told, ran an Icelandic hedge fund. Just as I’m recovering I get plowed over by a drunken senior staffer at the Central Bank. Perhaps because he is drunk, or perhaps because we had actually met a few hours earlier, he stops to tell me, “Vee try to tell them dat our problem was not a solfency problem but a likvitity problem, but they did not agree,” then stumbles off.
(...)
Because Iceland is really just one big family, it’s simply annoying to go around asking Icelanders if they’ve met Björk. Of course they’ve met Björk; who hasn’t met Björk? Who, for that matter, didn’t know Björk when she was two? “Yes, I know Björk,” a professor of finance at the University of Iceland says in reply to my question, in a weary tone. “She can’t sing, and I know her mother from childhood, and they were both crazy. That she is so well known outside of Iceland tells me more about the world than it does about Björk.”
(...)
When Neil Armstrong took his small step from Apollo 11 and looked around, he probably thought, Wow, sort of like Iceland—even though the moon was nothing like Iceland. But then, he was a tourist, and a tourist can’t help but have a distorted opinion of a place: he meets unrepresentative people, has unrepresentative experiences, and runs around imposing upon the place the fantastic mental pictures he had in his head when he got there. When Iceland became a tourist in global high finance it had the same problem as Neil Armstrong.
(...)
There’s a charming lack of financial experience in Icelandic financial-policymaking circles. The minister for business affairs is a philosopher. The finance minister is a veterinarian. The Central Bank governor is a poet.
(...)
Alcoa, the biggest aluminum company in the country, encountered two problems peculiar to Iceland when, in 2004, it set about erecting its giant smelting plant. The first was the so-called “hidden people”—or, to put it more plainly, elves—in whom some large number of Icelanders, steeped long and thoroughly in their rich folkloric culture, sincerely believe. Before Alcoa could build its smelter it had to defer to a government expert to scour the enclosed plant site and certify that no elves were on or under it. It was a delicate corporate situation, an Alcoa spokesman told me, because they had to pay hard cash to declare the site elf-free but, as he put it, “we couldn’t as a company be in a position of acknowledging the existence of hidden people.”
(...)
Back away from the Icelandic economy and you can’t help but notice something really strange about it: the people have cultivated themselves to the point where they are unsuited for the work available to them. All these exquisitely schooled, sophisticated people, each and every one of whom feels special, are presented with two mainly horrible ways to earn a living: trawler fishing and aluminum smelting. There are, of course, a few jobs in Iceland that any refined, educated person might like to do. Certifying the nonexistence of elves, for instance. (“This will take at least six months—it can be very tricky.”) But not nearly so many as the place needs, given its talent for turning cod into Ph.D.’s. (...)»

terça-feira, março 31, 2009

Jeeves and the Trilateral Commission


Como qualquer artefacto literário do género "Teoria Unificada da Conspiração" (e acreditem que ando a tentar lê-los todos), Toda a Verdade sobre o Clube Bilderberg é um relatório psiquiátrico banhado por um colossal autoclismo de pesquisa bibliográfica. Não sei onde é que estes malucos arranjam tempo para ler todos os malucos que vieram antes deles; eu praticamente já não durmo e, mesmo assim, sinto que ainda nem vou a meio.
Há algo de francamente intimidante em ver uma patologia política tão rigorosamente sistematizada. Uma pessoa quer chamar os bombeiros, mas fica reduzida a ponderar temas ponderosos - as ansiedades epistemológicas da pós-modernidade, a caricatura da Razão produzida pelo cepticismo radical das novas sub-culturas do tédio, etc etc.
O mesmo material, evidentemente, teria dado um romance esplêndido. Daniel Estulin (que nome tão bom) revela um talento muito peculiar, e provavelmente involuntário, para a farsa aristo-burocrática. Há aqui passagens que podiam ter sido escritas por um P. G. Wodehouse com acesso à internet:
«... a ideia foi de Alastair Buchan (membro da administração do RIIA e da Távola Redonda, bem como filho de Lord Tweedsmuir) e Duncan Sandys (político de renome e genro de Winston Churchill), que era amigo de Rettinger, e também ele padre jesuíta e pedreiro-livre em 33º grau».
Há dúzias de coisas assim, dúzias. E também se aprende que o escândalo Casa Pia foi orquestrado "nos bastidores" por membros do Clube Bilderberg para possibilitar a ascensão política de José Sócrates (pela minha saúde). Para mais pormenores terão de comprar o livro, que foi traduzido para português pela Europa-América, e publicado na sua colecção "Biblioteca das Ideias", onde vai fazer companhia ao Pascal Bruckner, ao Marc Ferro e ao Paulo Tunhas, que devem estar todos felicíssimos.

quarta-feira, março 25, 2009

The death of the dead guy that died

O segundo post de hoje é subordinado a este texto profundamente ofensivo, que foi descoberto e lincado de uma forma profundamente ofensiva pelo Bibliotecário de Babel. O texto tem a sua piada. Mas a piada que tem não deve nem por um instante distrair-nos do essencial, que é o facto de o texto me ter ofendido profundamente.
O texto quer ser um manual de receitas rápidas para a elefantíase literária. A comédia da coisa - que é, a espaços, ternurenta, e que distribui equitativamente as suas veladas antipatias - parte, ainda assim, de um princípio duvidoso, de um princípio, diria mesmo, profundamente ofensivo: o de que a elefantíase literária é uma coisa artifical, uma espécie de levedura retórica utilizada para insuflar desonestamente um parágrafo que podia ter sido mais curto. Quero deixar bem claro que isto é mais profundamente ofensivo do que uma conferência de imprensa do João Gabriel. Os minimalistas, esses animais, deviam todos ser compulsivamente tatuados na testa com uma citação completa do Thomas Wolfe, que, em resposta a uma carta profundamente ofensiva de F. Scott Fitzgerald sugerindo algum desbaste lexical, disse mais ou menos isto: «Well, don't forget, Scott, you bumbling anorexic faggot, that a great writer is not only a leaver-outter but also a putter-inner, and that Shakespeare and Cervantes and Dostoievsky were great putter-inners — greater putter-inners, in fact, than taker-outers — and will be remembered for what they put in — remembered, I venture to say, as long as that smelly cheese-eating-surrender-monkey Pedro Silva-chest-incident-denialist Monsieur Flaubert will be remembered for what he left out».
Um estilo literário, para reiterar o que deveria ser algospasmicamente evidente, não é um puzzle com peças opcionais. É uma maneira de pensar e de ver, uma ética orgânica cujos princípios não são negociáveis.
Este texto profundamente ofensivo tem o seu reflexo humanista noutro texto que eu, curiosamente, acabei de escrever, em língua inglesa, para o diário russo Kommersant. Um texto que inverte a maliciosa engenharia do protótipo e ensina o neófito escrivão a mirrar a sua arte à maneira afónica de Hemingway. Apresento agora uma versão resumida do meu texto em língua inglesa para o diário russo Kommersant, pelo qual peço imensas desculpas à população em geral e ao Filipe Guerra em particular:

Shrinking masterpieces with Ernest Hemingway

0. Begin with a masterpiece, such as «The Death of Ivan Ilyich» (Ex: «The Death of Ivan Ilyich»)

1. Force some complex anti-aesthetic surgery on the aforementioned masterpiece, removing what is known in literary circles as "every fucking detail that makes it a masterpiece".

2. You can accomplish this by covering the masterpiece in lubricant and subjecting it to a sweaty aerobics session, to the sound of pounding german techno.

3. Remove all symbols, unless they are painfully obvious, as well as all motifs, and lengthily developed themes; replace them all with faux-macho sentimental shit. And rain.

4. Cut off all organic links between your style and your subject matter; forget all your russian homosexual meditations on the senseless tragedy of death after a proper but unfulfilled life. Treat death as something that happens just before it rains.

5. Suffocate your language's vitality with a string of short sentences. Drown your rhythm in a vat of fake pathos. Add more rain.

6. Don't even think about setting up some high-falutin' dichotomy between the spiritual authenticity of a vaguely apprehended inner life and your actual decaying physical casket. Just focus on the rain, and shoot some more adjectives in the face with a big manly shotgun.

7. Give it that Hemingway shine. In the end, you will have turned «The Death of Ivan Ilych» into two simple, boring, suicide-inducing sentences:

"He looked very dead. It was raining."

Sandro! (& chocolate chip cookies)

O post de hoje é subordinado ao tema "Sandro!", como é utilmente sugerido logo no título. O vocábulo "Sandro!" que deve ser sempre gritado, e nunca, em circunstância alguma, pronunciado com indiferença, refere-se ao imortal Sandro de América - uma combinação blasfema de Tom (Jones), Tony (de Matos), e Tourette's (syndrome), que anda a humedecer cuecas sul-americanas desde a década de 60, e que continua a apresentar intrigantes desafios à inquestionável heterossexualidade de todos nós, os inquestionavelmente heterossexuais. Passo agora à apresentação de exemplos:



Chamo a atenção das vossas já lubrificadas retinas para o trepidante passo de dança entre os 0:23 e os 0:26 segundos - um espástico moonwalking medieval executado, nas palavras profundamente invejosas de um dos comentadores do vídeo, por "um rapazinho com poliomelite". Avancemos em direcção ao trigal:



Nota-se já aqui uma evolução estética. As calças prescindiram do cinto porque, francamente, quem precisa de um? A dança é feita com um braço atrás das costas porque, francamente, quem precisa de dois? A transpiração fica para ali quietinha na cara dele, aterrorizada por se ter encontrado subitamente numa estátua da Ilha de Páscoa. Sandro afirma com serenidade que é o "dueño" do nosso "fruto", o que me parece irrefutável. Realce também para o gesto proto-Paulobentino ao minuto 1:16, demonstrando a existência de um consenso atemporal sobre o facto de a bola ter batido no peito do Pedro Silva. Por último, Sandro fala-nos do seu amigo, o Puma:



Um cinto foi novamente adicionado ao caldeirão hormonal, mas a camisa já abandonou quaisquer intenções diplomáticas, tendo-se rendido à superioridade do oponente. Este vídeo é particularmente útil para observar a relação de amizade entre o Puma e as suas amigas. O puma, "frente a las mujeres/ Pierde su timidez", enquanto que as mujeres, frente a lo puma, pierden as suas cuecas a um ritmo preocupante, como se pode ver no dilúvio ao minuto 3:03.
E agora, porque dá azar meter três YouTubes seguidos num post sem terminar com um non sequitur, aqui fica o «(Nothing but) Flowers», uma das minhas oito canções preferidas de todos os tempos, cantada por David Byrne, um homem a quem eu acho que a Humanidade em geral não tem atirado cuecas suficientes.



(p.s.: não se esqueçam também que amanhã à noite têm uma excelente oportunidade para atirarem as vossas cuecas ao Samuel Úria)

sexta-feira, março 20, 2009

HMS Reader

All the attention and engagement and work you need to get from the reader can’t be for your benefit; it’s got to be for hers.” - David Foster Wallace, citado aqui.

Nunca tinha visto isto: alguém a referir-se ao leitor, no abstracto, com um pronome feminino, como se faz com os navios. Não há aqui só uma tese, há todo um novo programa curricular nas Humanidades (provavelmente em Berkeley).

quinta-feira, março 19, 2009

Já não há pachorra para esta polémica

Mas na estafadíssima questão da historiografia antiga sobre Alexandre o Grande, eu estou completamente de acordo com o John Burrow: acho que o Curtius Rufus é muito mais empolgante que o Lucius Arrianus. Espero que a minha oportuna intervenção encerre o assunto de uma vez por todas.

segunda-feira, março 16, 2009

A minha mãe continua a achar que eu sou extraordinariamente parecido com o vocalista dos Red Hot Chilli Peppers

O Sérgio Lavos acusa-me de ter falhado uma corrente. A ser verdade - e vou precisar de provas, exames ADN, etc. - isto vai obrigar-me a repensar toda uma série de coisas. É que eu gosto imenso de correntes e nunca me lembro de ter olhado para uma corrente e pensado, "olha que chatice, uma corrente". Até esta, da página 161; acho tudo espectacular, pelo que não me importo nada de responder outra vez (a corrente já tinha andado a circular há coisa de um ano, não sei se alguém se lembra).


Ora eu ando a ler dois livros ao mesmo tempo, uma vez que sou um grande maluco e apenas um de cada vez não me chega. Os livros que ando a ler ao mesmo tempo são o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio, ambos escritos por um autor que, curiosamente, também era um grande maluco para quem uma de cada vez simplesmente não chegava. A quinta frase completa da página 161 do Trópico de Câncer é: «Um tipo conhece os bêbados todos de Montparnasse». Para o Trópico de Capricórnio, o resultado é: «Tudo podia ser afastado facilmente, até os Himalaias».



Os restos dos respectivos livros contêm frases tão ou mais titilantes. É tudo a cem à hora, nos Trópicos. A estética literária de Henry Miller exige a substituição deliberada de sofisticação artística por autenticidade crua. O insanável defeito deste tipo de escrita torrencial (Whitman e Kerouac são duas encomendas semelhantes) é que o desleixo e a falta de clareza criam uma dissonância entre o ritmo do escritor - que se acha o maior - e o do leitor - que nem sempre concorda. Os frequentes achaques de levitação induzem uma irreprimível vontade de discordar factualmente do que está a ser dito: “Esta é a virgindade branca e glacial da lógica do amor” (Epá, não, não é). “Sou o gorila que sente as asas a crescerem, sou o gorila leviano no ventro de um vazio de cetim” (Epá, não, não és). “A noite também cresce como uma planta eléctrica, lançando rebentos candentes para o espaço” (Não, a noite não faz nada disso).
Na verdade, a relação de Henry Miller com a linguagem é semelhante à sua relação com o género feminino. O homem dispara em todas as direcções. Tenta tantas coisas tantas vezes que acaba por acertar no alvo algumas delas. Trata a linguagem como se esta fosse uma ginasta romena. E, apesar de todo o seu priápico e transpirado entusiasmo, a linguagem fica quase sempre hirta debaixo dele, a fingir orgasmos múltiplos.
Poderia continuar a falar sobre o assunto, mas prefiro guardar o resto para o meu longo texto crítico sobre Henry Miller, a publicar brevemente no Scunthorpe Telegraph. E porque nestas alturas de crise as pessoas gostam é de finais felizes, vou terminar o post com um gatinho dentro de uma caixa.

O Mein Kampf que estava há meses numa estante da Fnac Chiado desapareceu...

... mesmo a tempo do Dia do Pai.

quinta-feira, março 12, 2009

Ando muito preocupado com o destino do povo tibetano



E também com a Venezuela, e o Anderson Polga, e a crise económica global, que me parece uma situação muito grave, e depois há a fragilidade do nosso tecido empresarial, e o desemprego, que também é uma situação muito grave, que afecta as pessoas, embora provavelmente não o Anderson Polga, mas que vai obrigar o hipotético mas existente senhor que trabalhou a vida inteira na linha de montagem a arrancar os coisinhos de plástico dos cinzeiros que aparelham os automóveis da marca Volvo a procurar outro emprego no meio de uma crise económica global muito muito grave, e o senhor não vai conseguir, evidentemente, pelo que vai ser forçado a improvisar e a lançar-se num negócio por conta própria com empréstimos garantidos pelo Estado e assim, mas sem qualquer preparação, e isto nunca dá bom resultado, como é demonstrado por histérica analogia no Suttree do Cormac McCarthy, em que um violador de melancias chamado Gene Harrogate sai da prisão sem quaisquer fundamentos, e o que é que faz uma pessoa sem quaisquer fundamentos no irrepreensível nexo metafórico que é o ferro-velho do capitalismo a não ser escavar túneis debaixo da cidade (e isto depois de o esquema de assassinar morcegos por dinheiro ter fracassado por insuficiência logística) para chegar ao não-ferro-velho do capitalismo pelo lado mais inesperado, que são os fundilhos do banco central? Uma pessoa com fundamentos teria arranjado os diagramas, as plantas subterrâneas de Knoxville, Tennessee, até o Tom Cruise sabe isto, mas o Gene Harrogate não sabia mais do que aquilo que sabia e dinamitou a estrutura errada, acabando por ser arrastado numa maré de merda líquida, bocadinhos de papel higiénico e, salvo erro, bebés mortos, e bebés mortos é uma situação que me incomoda e que considero quase tão grave como a do Tibete, mas compreende-se a minha preocupação, creio eu, com o hipotético mas existente senhor que deixou de arrancar os coisinhos de plástico dos cinzeiros que aparelham os automóveis da marca Volvo no meio de uma crise económica global gravíssima, tendo em conta o que sabemos sobre o sub-solo da respectiva localidade, onde também deve haver doses substanciais de merda líquida e bocados de papel higiénico, se não mesmo bebés mortos, o melhor que o senhor tem a fazer é mesmo inscrever-se no centro de emprego mais próximo e esperar que o chamem para a formação de jardineiros da Junta, não deve é meter-se em avarias, do género ah vou pôr um anúncio no jornal a oferecer os meus serviços como palhaço contratado para ir a festas, até porque isto é uma terra diferente, não é um aglomerado suburbano em Montgomery onde as pessoas têm por hábito contratar despojos de meia-idade com a cara pintada e sapatos de meio metro para entreter as criancinhas, e o máximo a que o senhor pode almejar é atrair a atenção de um casal em Campo de Ourique com um pacote TV Cabo que lhes permita terem assimilado a esotérica noção de "palhaço contratado" numa sitcom qualquer, e os meios financeiros necessários para concretizar um "aniversário diferente" para o pequeno Diogo, e que portanto não desconfiem quando virem o anúncio no Correio da Manhã, mas mesmo assim a situação está minada com problemas, nomeadamente fisiológicos, porque não se passam quarenta anos a arrancar os coisinhos de plástico dos cinzeiros que aparelham os automóveis da marca Volvo sem acumular um considerável crédito negativo no funcionamento renal, o senhor é provavelmente incontinente, o que é já de si uma incapacidade debilitante num palhaço contratado, mas uma incapacidade que se pode gerir quando se vai a casas em Montgomery com sete casas-de-banho, mas em Campo de Ourique, com aqueles apartamentos só de uma casa-de-banho, meu Deus, é um perigo enorme, até porque numa festa à qual comparecem todos os amiguinhos do pequeno Diogo, e respectivos pais, vai haver sempre alguém enfiado na casa-de-banho, e o pobre palhaço (previamente designado hipotético mas existente senhor) não tem estamina para duas horas sem alívio, e nenhum dos métodos sugeridos pelo seu vizinho funcionará, nem sequer a clássica volta dupla do elástico à volta do escroto, pelo que o pobre palhaço vai passar duas horas a transpirar, o que apresenta desde logo um problema adicional, uma vez que a tinta facial branca que adquiriu por catálogo era a mais barata e não é de grande qualidade, e a transpiração faz daquilo uma avalanche grotesca pelo escanhoado abaixo, que é uma coisa de que as criancinhas não parecem gostar num palhaço, por motivos inapelavelmente sólidos, e o senhor pobre palhaço vai andar por ali a soprar plutos e mickeys em balões vermelhos, com a bexiga a latejar e a cara a transformar-se gradualmente num Monte de Santa Helena, há-de se chegar a um ponto sem retorno onde o pobre palhaço não terá outra possibilidade se não esquivar-se até às escadas do prédio e aliviar-se no vaso das buganvílias que tanto debate tem provocado na reunião de condóminos, mas os problemas não acabam aí, era o que faltava, porque um palhaço sem fundamentos para comprar uma tinta facial de qualidade também não terá investido devidamente no vestuário, e aquelas calças de palhaço trazem botões tão renitentes em abandonar as respectivas casas como agricultores brancos do Zimbabwe, uma mijinha lacónica de quarenta segundos transforma-se numa epopeia de dez minutos, o pequeno Diogo que anseia pelo próximo pluto insuflado no balão quer saber o que é que se passa com o senhor palhaço e decalca o esquivanço até às escadas do prédio, onde vai encontrar o senhor palhaço com a cara a derreter e um pluto rosáceo e resolutamente não-insuflado nas mãos, isto vai dar gritos do pequeno Diogo, de certeza, seguidos de desenfreada correria paternal cá para fora, onde o cenário que encontram - criancinha aos gritos, palhaço grotesco com as calças pelos joelhos - não pode deixar de afectar todos aqueles que, como eu se preocupam com o Tibete, a Venezuela, a crise económica global e as pessoas, genericamente. O Cormac McCarthy, ainda assim, escreve muito bem.

(Recensão crítica a Suttree, de Cormac McCarthy, publicada originalmente no Der Spiegel)
«... An overstrained enthusiasm produces a capriciousness in taste, as well as too much indifference. A person who sets no bounds to his admiration takes a surfeit of his favourites. He over-does the thing. He gets sick of his own everlasting praises, and affected raptures. His preferences are a great deal too violent to last. He wears out an author in a week, that might last him a year, or his life, by the eagerness with which he devours him. Every such favourite is in his turn the greatest writer in the world.»

(William Hazlitt)

segunda-feira, março 02, 2009

Suction with Valchek



Tem sido extremamente difícil nos últimos dias não passar o tempo a chatear as pessoas com a minha recém-adquirida destreza no calão de Baltimore. Com o atraso espectacular que costuma caracterizar grande parte das minhas interacções com o mundo (exemplificado pelo absurdo número de emails a informar-me de que fui a última pessoa em Portugal continental a dizer bem do Lourenço Viegas) comecei esta semana a ver episódios da "melhor série de televisão de todos os tempos". Ainda é cedo para a apreciação global e fundamentada que a minha mãe se habituou a esperar de mim, mas creio não espatifar nenhum consenso se disser que a segunda melhor personagem da série é o Coronel Daniels, um Masai tecnocrata interpretado por um actor que tem provavelmente a melhor cara de todos os tempos a seguir à do Franck Ribéry, e que elevou o acto de remover o casaco exasperadamente a uma manifestação artística pela qual valia a pena dinamitar a Tate Gallery.
Só para ficar mais descansado, transformei o visionamento dos quatro primeiros episódios numa desesperada caça ao cliché. Não tive grande sucesso. A língua inglesa é claramente a actriz principal, mas vê-se que passou anos a treinar para isto. Está mais gorda, mas ganhou agilidade; consegue saltar por cima das coisas; consegue esconder-se atrás de outras coisas; é tudo muito bonito. O espremido livro de estilo do police procedural também foi brutalmente vandalizado. Há algum fervor antropófago na sequência em que o McNulty vai ver um jogo de futebol do filho e conversa sobre direitos de visita com a ex-mulher, mas regra geral os guiões têm-se comportado como se a televisão tivesse sido inventada ontem à tarde. Há uma enorme vala comum no meio daquilo tudo onde as convenções foram enterradas: os guiões limitam-se a ir lá de vez em quando para mijar em cima dos cadáveres.
Está mais do que decidido que nunca mais vou ter uma "opinião" sobre qualquer outra coisa durante o resto da minha vida, mas, evidentemente, uma pessoa tem saudades de clichés, pelo que foi uma sorte ter feito uma pausa nas festividades para fazer um micro-zapping pelos canais terráqueos, no meio do qual apanhei um dos Casos da Vida transmitido pela TVI, intitulado "Crime e Botox".
"Crime e Botox", curiosamente, é o nome de uma pequena peça em três actos que eu escrevi em 2004 e que transporto desde então na minha mochila, à espera do dia em que os meus frequentes encontros com figuras públicas nas ruas de Lisboa (é inacreditável a quantidade de vezes que já estive atrás do Carmona Rodrigues na fila para o multibanco) me proporcionem finalmente a oportunidade de passar as cento e oitenta páginas para as mãos do Diogo Infante, que eu "visualizo" no papel principal e também no orçamental.
A minha peça, no entanto, é um mero divertimento - daqueles assim despretensiosos e para a toda a família. Já a versão da TVI é uma arrojada variação sobre o mito de Pigmalião, que alardeia o seu despudor em relação ao facto de ter conseguido plagiar em simultâneo o Bernard Shaw, o Nip/Tuck, o Instinto Fatal, e o Apocalipse de São João.
A história começa com uma ex-actriz dos Morangos com Açúcar no bloco pós-operatório. A cirurgia plástica correu bem, mas os resultados não lhe agradam. O seu estado emocional é cintilantemente traduzido: «Ó Zé! Não era nada disto que eu te tinha pedido!». O "Zé", além de ser seu marido, também é um cirurgião-plástico diabético, um artifício narrativo que permite aos argumentistas utilizarem uma estrutura formal composta por versos perdidos de Daniel Maia-Pinto Rodrigues: «Há séculos que não jogas golfe, querido», «Amparo! Traga-me imediatamente um copo de água com açúcar!», e «Vá, toma lá a insulina para irmos jantar».
O espectador depressa se apercebe que o cirurgião-plástico diabético anda a testar os nervos da esposa («Essa tua obsessão pela perfeição está a ir longe de mais!») e que a esposa do cirurgião-plástico diabético anda a testar os limites da sintaxe («Tu tens é noção de falta do ridículo!»), mas tudo é facilmente ultrapassável por todos aqueles que não tenham sentido de falta de humor. A primeira parte, como espero ter tornado espatafurdiamente óbvio, é uma lenta versão hardcore do My Fair Lady («ele esculpiu-me a seu belo prazer», etc.). Mas a segunda parte é nada mais nada menos do que um pioneiríssimo CSI: Vialonga, com inspectores a afagarem paredes com escovinhas, a guardarem colheres de sobremesa em sacos de plástico, e a enviarem coisas "para o laboratório". Um dos inspectores possuiu a argúcia de Auguste Dupin e o registo emocional de Ivan Drago. Depois de ouvir que a vítima, na véspera de ser assassinado, recebera um telefonema anónimo que o fizera sair de casa a correr, ele raciocina em voz alta, com o instinto dos predestinados: «Sim, realmente ísso é estranho». Nesta altura já existem pelo menos quatro suspeitos diferentes para o assassinato do cirurgião-plástico diabético, e um dos diálogos entre os argumentistas foi acidentalmente incluído no produto final: «-Porque é que não tiramos umas férias? -Umas férias não vão resolver isto».
Não vi até ao fim, mas desconfio que foi a mulher quem o matou - provavelmente com uma dose de leite condensado. Entretanto, deixo-vos com três minutos de Shakespeare na Cova da Moura:

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Não sabia que os comunicados da Associação de Telespectadores eram escritos pelo H. P. Lovecraft, mas suponho que é o homem certo no lugar certo

A Associação de Telespectadores considerou o Jornal Nacional o pior programa. "Escorre sangue e bílis, num prenúncio deletério que acaba em mau serviço e desrespeito ético do jornalismo", lia-se no comunicado que acrescentava: "O paroxismo é atingido às sextas-feiras com a ígnea Manuela Moura Guedes, que, quando uma peça ou um comentador diz mata, se desgrenha qual girândola mortífera, a gritar: esfola, esfola!". Já Manuela Moura Guedes não vai desistir do seu estilo pois segundo a apresentadora do Jornal Nacional - 6.º Feira diz: "Não vou desistir".

(do grande, grande blogue http://tudo-sobre-a-tv.blogs.sapo.pt/)

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Tenho isto a dizer

Fui alertado por milhares de pessoas para um problema técnico de origem misteriosa no acesso a este blogue. Aparentemente, quando o acesso é feito através de http://www.pastoralportuguesa.blogspot.com corre tudo bem; se o acesso é feito através de http://pastoralportuguesa.blogspot.com encontra-se um ecrã vazio conducente a tentativas de suicídio. Agora que penso nisso, este post serve para alertar precisamente as pessoas que vão ser incapazes de o ler. Porque é que tem de ser tudo tão complicado?